‘Afastamento total’ e volta triunfal: Jonas Bilharinho detalha período fora do MMA e nocaute arrasador

‘Afastamento total’ e volta triunfal: Jonas Bilharinho detalha período fora do MMA e nocaute arrasador

* Profissional no MMA desde 2011, Jonas Bilharinho teve um início promissor no esporte, onde chegou a acumular sete vitórias consecutivas, sendo cinco delas por nocaute e uma por finalização. Lutando pelo Jungle Fight, o carioca ganhou notoriedade e passou a ser observado mais de perto pelos fãs da modalidade e também por especialistas. No entanto, uma dura derrota – a primeira em sua carreira – por nocaute para Valdines Silva, em 2016, representou sua última aparição, até então, no cage.

Foram quase quatro anos de um afastamento quase que completo do MMA, segundo o próprio lutador afirma. Sem lutar desde abril de 2016, Jonas retornou ao esporte, se dedicou e, na última sexta-feira (18), teve uma volta triunfal ao lutar no Future MMA 9, em São Paulo, nocauteando Junior Robocop ainda no primeiro round, após uma joelhada voadora espetacular.

Hoje aos 29 anos, Jonas Bilharinho se vê renovado espiritualmente e, ainda em êxtase pela grande vitória em seu retorno, concedeu uma entrevista à TATAME, onde contou detalhes sobre seu afastamento do MMA, o seu relacionamento com as artes marciais durante o período de afastamento e, claro, sobre o que o levou a voltar ao esporte.

Confira o bate-papo na íntegra: 

– O que você procurou fazer durante esse longo período afastado?

Durante esse período, basicamente, eu me aprofundei em espiritualidade, pelo caminho do autoconhecimento. Em relação às artes marciais, eu fiquei bem afastado mesmo, meu contato foi quase nulo. Eu parei totalmente de assistir, de acompanhar, exceto pelos meus amigos, me alegrava saber das vitórias deles. Em relação a mim, era um treino ou outro, uma vez aqui, outra ali, só para visitar gente que ainda insistia muito para eu treinar, mas treinar periodicamente, isso não aconteceu. Eu fiquei três anos afastado do esporte. Cheguei até a pensar algumas vezes em voltar a treinar, mas eu voltava e em uma semana, o fogo apagava. Acho que eu estava buscando, na verdade, uma zona de conforto. Mas eu tinha cada vez mais certeza que aquele não era meu lugar, não era o que eu queria. Eu já tinha pedido para as pessoas pararem de se referir a mim como atleta e aquilo estava declarado, eu realmente não esperava mais voltar.

– O que te fez retornar ao MMA?

Estava realmente decidido a ficar afastado do esporte. Eu não tinha mais interesse, vontade, não tinha mais amor pela prática. Eu até gostava às vezes de suar um pouco, mas só de pensar em ser atleta, de fazer um camp, de voltar a ter contato com as pessoas daquele jeito, aquilo não me enchia os olhos. Mas, aos poucos, até isso foi mudando… O contato com a espiritualidade, com essa regência superior, e nisso eu falo de consciência superior que a tudo rege, falo do ser infinito que tudo habita, não importa o nome que se dá, há um ser supremo, há aquilo que houve antes que tudo houvesse, há aquilo que não precisou ser criado. Esse ser é alcançável e está disposto a se comunicar conosco e basta que nós queiramos, verdadeiramente, se comunicar com ele que nós começamos a perceber que esse tempo todo, ele já vinha se comunicando com a gente. Foi essa sintonia, essa afinidade que me fez reconhecer essas coisas que ele estava me falando, e dar atenção para essas coisas que ele me falava, foi me levando para um caminho onde eu passei a me conhecer melhor e isso acabou me levando de volta para o esporte, só que de uma maneira completamente diferente da qual eu conhecia.

– Como você avalia seu retorno ao MMA com um nocaute devastador?

(risos) Eu nem sei como avaliar, porque eu ainda estou digerindo as coisas que estão acontecendo. Foi tudo muito maior do que eu esperava, tudo muito mais vivo. Eu não tenho palavras para expor o que estou sentindo. Só tenho a dizer que estou muito alegre e surpreso com a ‘cascata’ de coisas maravilhosas que estão acontecendo na minha vida. Sou muito grato a tudo e todos que me ajudaram.

– Como foi a experiência de lutar pelo Future MMA?

Lutar no Future foi uma experiência fantástica, porque restaurou a minha fé nos eventos brasileiros. Eles vão puxar a barra para cima, não tem para onde correr. Se os outros eventos não correrem atrás de acompanhar o que eu vi no Future, eles vão comer poeira, o Future vai ‘roubar’ todos os atletas e vai crescer cada vez mais. O dono do evento é um apaixonado por lutas e ele tem umas ideias que, para mim, são ótimas com o momento do Brasil e do mundo. Ele está indo para um outro lado… Está todo mundo focando em PPV, focando em copiar os moldes do UFC, ele até copia os moldes, mas no que tange à organização estrutural do evento. Agora, na propagação do evento, ele está indo para as plataformas digitais de uma maneira muito inteligente. Esse evento, com relação aos outros, eles não deixam nada na mão do atleta. Eles só deixam aquilo que não pode ser tirado da mão dele, como dar uma entrevista, bater o peso e lutar, obviamente (risos). A sensação que eu tive foi que se eu tropeçasse, teria alguém do Future para me segurar (risos). Eles tomaram conta de tudo para mim, para que eu estivesse completamente focado na luta, no meu descanso, eu me senti completamente amparado. Fora o fato de que o Future é um evento que paga bolsa em dólar e ainda dá bonificação por nocaute da noite, finalização da noite e luta da noite, coisa que eu não vejo em evento brasileiro algum.

– Próximos passos

Eu realmente não sei. O que for colocado no meu caminho, eu aceito numa boa. Eu estou com um cara fantástico que está cuidando da minha carreira, o Rafael Feijão, então o que ele conversar comigo, para onde ele apontar, eu estou concordando.

– O que mudou no Jonas desde o afastamento do MMA até o retorno?

Mudou o que eu sou, e mudar o que eu sou muda a percepção das coisas. Por exemplo, antigamente, eu sentia muito medo dentro do cage, e eu nunca tinha me dado conta disso. Eu falava que era cauteloso, frio, calculista, porque na verdade, eu não queria mostrar nenhuma fragilidade. Eu estava tão tranquilo nessa última luta, tão inteiro lá dentro, que eu pude perceber o tamanho do medo que eu sentia antigamente. Mudou tudo. Não tem nada igual. Estou vivendo outro esporte, uma outra realidade.

– Quais são os seus sonhos em relação ao esporte?

Os meus sonhos no MMA, se é que posso chamar de sonho, não tem nada a ver com MMA. Eu quero, simplesmente, despertar o máximo de consciências que eu puder, e eu confio que Deus vai me guiar pelo melhor caminho para fazer isso.

* Por Mateus Machado