Álvaro Barreto narra ‘triunfo histórico’ de Sylvio sobre Osvaldo Alves e relação com pupilo: ‘Meu filho mais velho’
* Professor e um dos maiores responsáveis por formar a visão detalhista e eficaz de Sylvio Behring na arte suave, o Grande Mestre Álvaro Barreto deu uma entrevista exclusiva à TATAME relembrando quando conheceu o aluno e toda a história que eles possuem juntos. O primeiro encontro foi na década de 1970, e segundo o faixa-vermelha, desde então essa relação só se fortaleceu.
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“Foi através do Grande Mestre Flávio Behring, o seu pai. Ele era amigo e discípulo do Grande Mestre João Alberto, meu irmão. O Sylvio, à época, tinha 6 para 7 anos de idade. Nessa época, o GM Flávio voltou aos treinos de Jiu-Jitsu na academia do meu irmão e isso nos aproximou de sua família. O Sylvio era o filho mais velho dos homens, pois seu irmão mais novo, o Marcelo, que se tornou um excelente lutador e professor de Jiu-Jitsu, apesar de algumas vezes frequentar a academia do GM João Alberto, ele treinava na academia Gracie no Clube Vasco da Gama na Lagoa, onde seu professor foi o mestre Rickson Gracie”, diz Álvaro, que seguiu relembrando:
“Foi assim que o mestre (Sylvio) iniciou no Jiu-Jitsu. Na academia, o Sylvio era meu aluno e seguiu a trajetória no Jiu-Jitsu até sua graduação na faixa-preta dada por mim. Na época, fizemos uma cerimônia onde estavam presentes o GM João Alberto e o GM Reyson Gracie. Isto ocorreu por volta de 1984. Em 1987, o Sylvio treinava não só Jiu-Jitsu, mas Judô na academia do Grande Mestre George Mehdy, em Ipanema. Nesse ano, ele passou a fazer parte dos professores do Centro de Orientação Física Álvaro Barreto. Já no ano de 1989, criei uma sociedade com os meus professores de cada área, e claro, ele estava presente”.
No começo da década de 1990, mais especificamente em 93, Sylvio recebeu um convite do pai, GM Flávio Behring, para fazer um trabalho em São Paulo e precisou se desligar da sociedade com Álvaro Barreto. A partir dali, o contato com outras pessoas e a experiência internacional fizeram Sylvio criar o Sistema Progressivo de Jiu-Jitsu, como conta o faixa-vermelha Álvaro.
“Esse modelo já existia desde as academias Gracie, João Alberto e da minha academia, mas com a sabedoria dele, conseguiu criar um sistema de defesa pessoal com poucos movimentos de forma progressiva, de fácil complexidade e passou a controlar de longe, sem precisar da sua presença física permanente. Com isso, passou a criar vários núcleos no Brasil e no exterior. No mundo, hoje, o Sylvio tem a Associação Sylvio Behring, com associados no Brasil, Rio de Janeiro, Rio Grande Sul, São Paulo e no exterior, como Canadá e nos Estados Unidos”, destaca o GM, que classificou o pupilo como “seu filho mais velho” e mostrou orgulho pelos cargos que ele carrega na FJJD-Rio e CBJJD, além do livro e curso lançados sobre Gerenciamento Progressivo de Comportamento Inconveniente (GPCI) com Hélder Andrade.
Resistência e a vitória
Ao longo de anos de convivência, são inúmeros causos e histórias importantes que Álvaro Barreto e Sylvio Behring viveram juntos. Em uma delas, o GM relembrou quando o então lutador Sylvio participou de um duelo contra um o atleta do GM Osvaldo Alves.
“Eles lutaram 25 minutos sem vencedor. O Rickson, que estava na coordenação do desafio, veio para mim propor por mais 15 minutos. Fui ao Sylvio e passei essa informação e ele me falou: ‘Mestre, estou cansado. Mais 15 minutos?’. Eu respondi: ‘Dê uma olhada no seu adversário’. Quando ele olhou, ele estava visivelmente mais cansado, aí o Sylvio aceitou e eu dei uma pilha, disse que ele ia finalizar, e foi o que aconteceu. Uma vitória incrível”.
* Por Yago Rédua