Após retorno triunfal no Pan, Monique Elias vai em busca de bicampeonato no Mundial: ‘Preparada para tudo’
Por Mateus Machado
O Mundial da IBJJF do ano passado ficou marcado de uma forma especial para Monique Elias. Na ocasião, a gaúcha conquistou seu primeiro título da competição na faixa-preta após uma bela campanha em sua divisão de peso. Para a edição do ano de 2017 do torneio, considerado o mais importante da arte suave, a atleta da Alliance vem ainda mais preparada para os difíceis desafios que vai encarar pela frente.
Isto porque, após o Mundial 2016, Monique passou pelo momento mais complexo de sua carreira. A lutadora sofreu uma séria lesão, que quase colocou fim à sua trajetória na arte suave. A faixa-preta precisou passar por um delicado procedimento cirúrgico e, em sua recuperação, precisou conviver com as incertezas sobre seu futuro no esporte. Após muita dedicação e ajuda de profissionais da área durante o tratamento, a gaúcha voltou a competir no Pan-Americano deste ano e, em um retorno triunfal, conquistou o ouro em sua categoria.
Agora, ainda mais forte psicologicamente e bem preparada fisicamente após um trabalho específico, Monique Elias vai em busca do bicampeonato no Mundial. Em entrevista exclusiva à TATAME, a fera da Alliance falou sobre a expectativa para mais uma grande competição, analisou sua preparação e adversárias no torneio, e além disso, falou de seus planos para o segundo semestre e o futuro em relação ao Jiu-Jitsu.
Confira a entrevista na íntegra com Monique Elias:
– Busca pelo bicampeonato um ano depois do primeiro título
Eu estou muito feliz de poder estar mais um ano lá (em mais uma disputa de Mundial). Muita coisa mudou desde o ano passado… Eu passei por momentos difíceis que me fortaleceram, e hoje posso dizer que sou uma atleta muito mais madura e preparada, tanto psicologicamente quanto fisicamente. A cada ano, temos inclusão de mais atletas de ponta, o que eleva mais ainda o nível. Eu tenho conhecimento disso e me preparei ainda mais em relação ao ano passado.
– Psicológico e preparação após grave lesão e conquista do Pan-Americano
A lesão foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu pude perceber que ficar longe do meu Jiu-Jitsu me deixa muito infeliz, e isso tornou meu retorno algo muito maravilhoso. Eu tenho sido feliz todos os dias desde o dia em que recebi a liberação do meu médico. Quando eu estou cansada, eu penso: ‘eu tenho saúde pra treinar’, e isso me faz superar meus limites muito mais facilmente do que era antes. Por saber que tenho limitações físicas, eu fiz um trabalho físico muito forte com meu preparador Wagner Zaccani. Levei a fisioterapia muito a sério. Hoje, tenho uma qualidade muscular muito melhor do que era antes. Eu me sinto bem, feliz e preparada para tudo!
– Análise da categoria e principais adversárias na chave do Mundial
Acho que não existe luta fácil, mas dou destaque às meninas que conquistaram títulos neste ano: a campeã do Europeu Ana Carolina Vieira, e a campeã brasileira Nívia Moura.
– Força da Alliance para mais um Mundial
Eu vejo sempre (a Alliance) como a favorita. Temos hoje um programa de atletas dentro da nossa academia em Porto Alegre que viabilizou a ida de 24 atletas com hospedagem e locomoção pagos. Os principais atletas conquistaram passagens nas federações locais. Sabemos que isso é importante para a nova safra que ainda não vive de Jiu-Jitsu. Esses atletas têm se dedicado muito, fazendo preparação física específica, alimentação direcionada, coaching, e claro, muito Jiu-Jitsu. Pela minha experiência, vamos colher bons frutos.
– Planos após a disputa do Mundial
As pessoas que me conhecem sabem que eu gosto muito de viajar! Quero cada vez mais conciliar seminários com lazer. Eu tenho meses da minha agenda do segundo semestre fechados para me dedicar a minha família. Pois, com o calendário de competições, eu perco muitas datas importantes para nós. Tento buscar o equilíbrio para me manter campeã em todos os pilares da minha vida. Competição, família e amigos.
– Futuro no Jiu-Jitsu após cogitar a aposentadoria no ano passado
No ano passado, tinha muita coisa diferente. Eu tinha a pressão de me inteirar dos negócios da família e eu tinha a incerteza de uma grave lesão. Essas duas coisas me pressionaram muito a ponto de me deixar em depressão. Eu cheguei a trabalhar na minha empresa por alguns meses que antecederam minha cirurgia, já que tinha que pegar leve nos treinos. Na nossa empresa, temos uma equipe maravilhosa, e estar mais presente só me fez ter certeza disso. Eu percebi que minha ausência não faz falta lá. Por outro lado, no Jiu-Jitsu, eu senti que fazia… Quando eu fiz a cirurgia, eu tive certeza que meu lugar era no Jiu-Jitsu. Por isso, comecei a me dedicar mais aos seminários, às minha redes sociais, onde eu recebi muitas perguntas de meninas que começaram a treinar, e também de quem já treina. Debatemos assuntos bem do universo feminino dentro da arte suave, e eu fico feliz de poder ajudar. A gente precisa falar mais sobre isso. Torna o início e a continuidade das pessoas no Jiu-Jitsu mais fácil. Todos passamos por algumas dificuldades, e ter alguém para conversar sobre isso deixa as coisas melhores. Então, sim, eu mudei de ideia. O universo conspirou para isso. Agora eu sei o meu lugar e minha missão aqui.