Após sofrer paralisia e ficar em coma por 42 dias, jovem se reencontra no Jiu-Jitsu e sonha com títulos brasileiro e mundial

Após sofrer paralisia e ficar em coma por 42 dias, jovem se reencontra no Jiu-Jitsu e sonha com títulos brasileiro e mundial

* A superação está presente na história de muitos atletas de alto nível, e com Pablo Souza de Morais não foi diferente. Quando tinha apenas 10 anos de idade, em 2006, o curitibano foi vítima de uma grave infecção no cérebro, sofreu inúmeras paradas cardiorrespiratórias e precisou ficar em coma por 42 dias no Hospital de Clínicas de Curitiba, totalmente paralisado, numa batalha diária pela vida. O diagnóstico exato da doença demorou a ser constatado e, inicialmente, poderia ser confundido até mesmo com uma gripe, tendo em vista que Pablo teve dores de cabeça e já tinha problemas de garganta. Entretanto, o jovem passou a apresentar vômitos e, então, foi levado a um posto de saúde. No meio do caminho, não teve mais forças para caminhar, as pernas ficaram “amolecidas”, e então precisou ser transportado por uma viatura policial.

A partir disso, Pablo foi submetido a uma bateria de exames e, de início, foi diagnosticado com uma meningite viral (inflamação das meninges, que são o tecido que envolve o cérebro e a medula). Foi medicado, mas seu quadro piorou, com o jovem perdendo outros movimentos do corpo e sofrendo paradas cardiorrespiratórias. Dias depois, enfim, o diagnóstico exato: o curitibano havia sofrido uma encefalomielite, inflamação grave do cérebro, que pode causar convulsões, coma e levar à morte. Em entrevista à TATAME, Pablo Souza relembrou toda a situação, onde contou com a grande ajuda de sua mãe, Janete Souza.

“Tudo isso aconteceu há 14 anos. Então com 10 anos, fui caminhando para o médico (antigo SAMU) em São José dos Pinhais, com febre, dor de cabeça e vômito. Me medicaram, mas os sintomas não passavam e depois de um dia fui transferido ao Hospital das Clínicas de Curitiba, onde demorou dois dias para eu ser diagnosticado com meningite, o que não acabou sendo o diagnóstico exato. Depois de outra ressonância magnética, foi descoberta a encefalomielite, onde me entubaram e fui colocado em coma, pois nesse período tive várias paradas cardiorrespiratórias, se não me engano foram oito, e fiquei 42 dias entre a vida e a morte, desenganado pela medicina, onde os mesmos disseram: se ele sobreviver, ele enxerga e não anda, ou se andar, não enxerga. Mas Deus fez um milagre. Quando acordei, eu não falava, não enxergava e não andava. Depois de um ano, voltei a andar com muita fisioterapia, onde minha mãe fez muito por mim e meu pai correu atrás de recursos financeiros.

Tudo isso passou, mas foi uma situação muito difícil. Quando eu estava internado e após todos os dias de coma, lembro que eu abri os olhos e eu simplesmente não sabia onde estava. Tinha dificuldade para enxergar, mas percebi que estava coberto por um lençol e por diversos eletrodos na cama de um hospital. Tentei levantar, mas meu corpo não respondia. Tentei gritar para pedir ajuda, mas minha voz simplesmente não saía. Me desesperei e comecei a chorar”, narrou.

Anos se passaram e Pablo, atualmente com 23 anos, encontrou uma nova paixão. Durante seu período de reabilitação, recuperou o movimento das pernas e braços, mas ainda tinha dificuldade para caminhar, segurar objetos com a mão direita e enxergar, ficando com 40% da visão do olho esquerdo e 75% no olho direito. Foi aí que surgiu em sua vida o Jiu-Jitsu, através do seu irmão, Hélio Souza de Morais, falecido em 2018, que o convidou para fazer uma aula experimental na arte suave. A prática do esporte foi essencial para o seu desenvolvimento e Pablo, seis meses após iniciar a prática da modalidade, passou a perceber uma evolução em seu quadro. Hoje, o casca-grossa é faixa-roxa, treina na Chute Boxe em São José dos Pinhais e tem como professor Everson Rocha. Além disso, tem como meta disputar os principais torneios e sonha em lutar em Abu Dhabi, em um torneio voltado aos paratletas, organizado pela AJP/UAEJJF.

“Meu irmão mais velho, já falecido, foi o responsável por me apresentar o Jiu-Jitsu, mas tive que parar por questões financeiras e voltei com 17 para 18 anos, e estou firme até hoje. Agora, na faixa roxa, minha meta é ser campeão mundial pela AJP/UAEJJF e campeão brasileiro de ParaJiu-Jitsu. Estou muito motivado, treino sempre e sonho muito com essas conquistas, que, se Deus quiser, vão se concretizar”, projetou Pablo, que por fim, espera motivar outras pessoas com sua história de superação.

“Quero dar aulas para outras pessoas. Antes da pandemia, eu já estava acertado com uma academia em São José dos Pinhais, sendo um auxiliar do meu mestre, mas com as coisas se ajeitando, espero que dê tudo certo quanto a isso. Quero passar à todas as pessoas que eu puder que tenham muita fé em Deus, pois Ele faz milagres, e eu sou um deles. Quando você traça metas, sonhos e se dedica a eles, você chega lá, pode ter certeza”, encerrou Pablo, que também é praticante de Muay Thai e Boxe.

* Por Mateus Machado