Aposentado, Roger detalha vitória sobre Buchecha e revela: ‘Eu recebi propostas’
Por Yago Rédua
Considerado o maior de todos os tempos no Jiu-Jitsu, Roger Gracie encerrou sua trajetória na arte suave em julho de 2017, quando finalizou Marcus Buchecha – maior campeão mundial, com 11 medalhas – na primeira edição do Gracie Pro. Em bate-papo com a TATAME, o faixa-preta revelou que teve propostas para voltar, mas rechaçou a ideia.
“Já recebi algumas propostas, algumas até boas… Independentemente do valor, não voltaria, não. Quanto mais tempo eu fico parado, mais difícil é para eu voltar. Hoje em dia, estou mais ocupado em relação a parte dos negócios. Até para eu treinar de uma forma regular, está difícil. Competir então, nem se fala”, disse Roger, que tem dez mundiais em seu currículo.
O membro do clã Gracie ainda fez uma análise detalhada da finalização aplicada sobre Buchecha, o período como aposentado, crescimento do Jiu-Jitsu na Europa e muito mais.
Confira abaixo a entrevista com Roger Gracie na íntegra:
– Análise da luta com o Buchecha
Eu consigo especular, mas não sei o que exatamente passou na cabeça dele. O que eu senti da luta foi que ele se frustrou um pouco ao não me derrubar. Ele demonstrou isso na postura durante a luta. Foi um momento que eu deixei para imprimir o ritmo da minha luta, depois dois cinco minutos (a luta tinha 15 minutos). Foi um momento em que ele estava frustrado, porque tinha tentado me derrubar, mas não tinha conseguido. Nessa hora, eu cresci na luta e ele caiu muito, teve um desnível grande. Depois, ele teve vários erros. Ele se frustrou e isso atrapalhou no desenvolvimento, refletindo nos erros que ele cometeu.
– Vida como aposentado
Tá sendo um período bom da minha vida, estou começando a me focar mais nos negócios da academia, nos filhos, a minha associação também. As coisas começaram a crescer de uma maneira que é muito difícil continuar sendo atleta, fazendo isso. Já estava visando isso há alguns anos, sabia que eu estava num período que era difícil fazer tudo ao mesmo tempo. Acho que é uma fase nova, tem os seus pontos positivos e negativos. Eu sempre gostei de lutar, lutei a minha vida inteira. Mas estou gostando dessa nova fase.
– Acompanhar alunos nos campeonatos
É bom, é bom (risos). É legal você ver os alunos competindo, essa garotada nova lutando. Às vezes bate uma saudade de lutar, mas passou essa fase.
– Associação que comanda
Eu tenho a academia há muitos anos lá na Inglaterra. Eu já formei faixa-preta, vários dão aulas. Muitos estão ligados a mim, mesmo abrindo academia, eles continuaram com esse vínculo. Eles usam o meu nome, então, como eu sou professor há muito tempo, tenho esse grande número de faixas-preta. Tem alunos deles que também são faixa-preta, abrindo academia com o meu nome. Eu tento manter um círculo fechado neste ponto, que fica uma maneira mais fácil de organizar e você tem um vínculo direto com a academia. Eu conheço todos os professores que dão aula nas academias associadas, porque vieram de mim diretamente. Acho que isso é legal. Eles me conhecem, sabem que foi eu que os formei.
– Crescimento do Jiu-Jitsu na Europa
O Jiu-Jitsu na Europa cresceu muito nos últimos anos. Acho que como no mundo inteiro. Tem lugares dos Estados Unidos que estão ficando meio saturados, como na Califórnia, que tem academia igual no Rio de Janeiro, em toda esquina, como antigamente. Isso está se refletindo no mundo inteiro. A Inglaterra é o maior centro das academias da Europa. Você vê a Polônia, que tem um exército de lutadores vindo de lá. Tanto é que o Europeu, há dois anos, foi um dos maiores eventos que a IBJJF teve. Você vê a força do Jiu-Jitsu na Europa. Um Europeu, em Portugal, com um dos campeonatos com mais atletas inscritos.
– Jiu-Jitsu força x Jiu-Jitsu técnica
O Jiu-Jitsu vem sempre evoluindo, os atletas sempre estão melhorando tecnicamente, atleticamente. Os atletas do Jiu-Jitsu hoje são muito mais atletas, do que eram há dez anos, há 20 anos. Sempre tem a garotada nova, um que é mais técnico, outro que é mais forte. Essas gerações vão se repetindo.