Arte suave para mulheres: somos café com leite nos treinamentos? Leia e deixe a sua opinião

Arte suave para mulheres: somos café com leite nos treinamentos? Leia e deixe a sua opinião

Por Carolina Lopes

No Jiu-Jitsu, temos bastante o debate em relação a treinos femininos e treinos mistos. Se as mulheres deveriam treinar só entre elas, ou também com os homens. As opiniões são as mais diversas, mas uma coisa é certa: todo mundo tem que se respeitar.

Acontece que nem sempre o treino é bom para as duas partes. Infelizmente, muitos homens ainda acham que treino com mulher é descanso, ou é mais tranquilo por ser mais leve. “Vou com ela que é mais leve, porque já estou morto”. Pode parecer besteira, mas essa frase carrega uma falta de respeito enorme. Além disso, desmerece o treino da pessoa. Como quem diz: “Já estou exausto, mas você é café com leite, então dá pra ir”.

Existem vários tipos de treino que fazem. Tem aquele que não tem noção da sua força e só faz grosseria, independentemente se está treinando com mulher, homem, mais leve, juvenil, o que seja. Esse tipo de pessoa não sabe treinar com ninguém.

Tem aquele que tem medo de soltar o peso e machucar a mulher, então acaba aliviando demais e treina muito solto. “Deixar” a gente fazer as posições é péssimo para o nosso desenvolvimento. Outra coisa: não somos feitas de vidro para quebrar com qualquer pressão. Ter noção da sua força é fundamental com qualquer pessoa, mas só com a mulher você tem medo de machucar, porque ela é “frágil”?

Não quer dizer que você vai fazer força com uma mulher igual você faz com um cara de 100kg. Mas eu, que sou mulher e sou uma das mais leves da academia, também não uso a mesma força em um treino com menos graduados ou iniciantes do que a que uso com os(as) mais graduados, por exemplo. Não é questão de homem/mulher, e sim saber treinar com todo mundo, entendendo variações de peso, graduação e idade.

Tem também aquele que te trata como café com leite e, quando vê que está ficando ruim pro lado dele, apela para uma força absurda, que não é Jiu-Jitsu, ou segura o treino e não desenvolve mais. Nome disso? Ego. Além também de ser machismo, porque não quer “perder para uma mulher”.

Falei sobre isso recentemente e vi um comentário do tipo: “ah, mas tem mulher que diz que não precisa aliviar, mas quando a gente usa força, reclama”. Já vi homens que tudo é um “ai”, “pera aí”, “tô sentindo”. Ou está muito bem quando o treino está favorável para ele, e quando complica é um tal de sentir o joelho, dor na costela, gás indo embora. Não é porque é mulher que é mais “fresca”, não vamos generalizar nem reforçar estereótipos que não contribuem em nada para o nosso desenvolvimento.

Deixar as coisas bem claras é muito importante. Seja trocando uma ideia com aquela menina que você acha que é “fresca” e explicando como funciona o Jiu-Jitsu, seja explicando para seu professor que certas frases acabam diminuindo as mulheres. Ou falando para seu amigo que o discurso e as atitudes dele não condizem com o ambiente de respeito que precisa existir no tatame (e fora dele). É uma construção, o mais importante é que as pessoas estejam com a cabeça aberta.

Saiba treinar com todo mundo, deixe seu ego para trás, valorize seus companheiros e companheiras de treino, incentive as mulheres que dão duro para conquistarem seu espaço nas artes marciais. Se você ainda acha que mulher é café com leite no Jiu-Jitsu, então tome cuidado para não se queimar!