Arte suave para mulheres: você está cumprindo seu papel como atleta mais graduada? Leia e deixe sua opinião

Arte suave para mulheres: você está cumprindo seu papel como atleta mais graduada? Leia e deixe sua opinião

* O Jiu-Jitsu feminino vem crescendo e despertando o interesse de cada vez mais mulheres. Mas ainda vemos muitas desistindo no meio do caminho e não chegando às graduações mais elevadas, como faixa-roxa, marrom e preta. Essa falta é sentida principalmente nos campeonatos, em que muitas categorias acabam ficando vazias, principalmente nas faixas-marrom e preta (geralmente em campeonatos regionais).

Os motivos que afastam as mulheres dos tatames são muitos, como se ausentar por conta de uma gravidez, por exemplo. Mas hoje vamos falar sobre a “iniciação” das mulheres no Jiu-Jitsu. O que é papel delas ao entrar, mas, principalmente, qual o papel das mais graduadas ao receber as iniciantes no esporte.

Uma das coisas que mais importa, tanto dentro do tatame, quanto para a nossa vida como um todo, é a empatia. Compreender o que o outro está sentindo, sem julgar ou apontar o dedo é essencial. No Jiu-Jitsu, é mais fácil ainda, porque você já passou por aquela situação. Você também já teve o seu primeiro dia, já teve a época em que não sabia dar um rolamento, não entendia uma simples chave de braço. Fica mais fácil se colocar no lugar da outra pessoa e entender.

Por isso, nosso papel como mais graduadas é fazer com que as meninas não desistam nesse primeiro obstáculo. Barreiras vão ter, e muitas, mas quando a gente se junta fica mais fácil de ultrapassar. Já ouvi de algumas iniciantes que elas não levavam jeito para o Jiu-Jitsu. Mas isso é uma construção. Ninguém evolui sem treinar. Se alguma faixa-branca falar isso para você, tente tranquilizá-la, dizendo que entende o que ela está passando, que é assim mesmo e depois as coisas vão melhorando, com a evolução no esporte.

A partir disso, chegamos em outro ponto importante: não adianta ter empatia, mas não ter paciência. Como mais graduada, você é exemplo para todas as meninas que estão chegando. Algumas questões já são fáceis de administrar para você, mas para a faixa-branca não. Tenha paciência para explicar, para sentar e conversar, ajudar no treino. Isso é fundamental para a pessoa que está chegando se sentir acolhida.

Além desses sentimentos e toda a dificuldade que as pessoas novas passam no começo, existem as questões mais práticas, como unha, cabelo, uso de rashguard, maquiagem. É totalmente normal uma mulher chegar para treinar com uma camisa que não cubra tanto quanto uma rashguard. Entenda uma coisa: ela não sabe, não conhece o Jiu-Jitsu! É nosso papel explicar como funciona, o motivo dela usar uma camisa maior ou uma rashguard. A mesma coisa com unhas e maquiagem. Não é porque uma mulher começa a treinar Jiu-Jitsu que ela precisa deixar de ser vaidosa. Cada uma é da forma que bem entender. Porém (e isso vale para todos), existem regras no dojo para higiene e cuidado (seu e com os colegas).

Unha grande: nem pensar! Maquiagem: algumas meninas vão treinar direto do trabalho, por exemplo, mas é legal carregar algo na bolsa para tirar pelo menos o excesso no caminho, caso não tenha tempo de tirar tudo antes do treino. E, aos poucos, você vai ajudando as mais novas a entenderem tudo isso.

O que cabe, então, a quem está começando? Se esforçar para entender isso tudo e seguir os conselhos de quem está querendo ajudar. Por exemplo: você tem unha grande e começou a treinar. Mas gosta muito dessa unha e tem dificuldade de abrir mão dela. Tudo bem, isso é normal. Mas você já sabe que se treinar assim pode machucar as colegas e também você. Então, cada um precisa entender suas responsabilidades.

Para finalizar: não julgue a realidade da outra. Nem você que está recebendo uma menina nova na turma, nem você que está entrando e conhecendo as pessoas agora. Vamos nos ajudar mais, conversar mais, tentar entender mais o que a outra está passando. E digo mais: se você sonha em dar aula, isso é ainda mais importante. É nosso papel como mais graduadas fazer com que as meninas novas não desistam do Jiu-Jitsu. Vamos lotar os tatames por aí fora com muitas mulheres, cada vez mais!

* Por Carolina Lopes