Artigo: como o abuso psicológico em crianças pode ser evitado nas academias de artes marciais? Veja

Artigo publicado na TATAME fala sobre como o abuso psicológico em crianças pode ser evitado nas academias de artes marciais; confira

Artigo: como o abuso psicológico em crianças pode ser evitado nas academias de artes marciais? Veja

Artigo fala sobre como o abuso psicológico em crianças pode ser evitado nas academias de artes marciais (Foto: Reprodução/@jiujitsu_kits_ireland)

* Ao iniciar aulas para crianças em academias de artes marciais, sobretudo no Jiu-Jitsu, é fundamental que o professor entenda sobre desenvolvimento infantil e respeite suas fases. As crianças sentem emoções como os adultos, só que de modo diferente, elas não possuem a maturidade e o controle que nós adultos possuímos ou deveríamos possuir. Infelizmente, encontramos adultos comportando-se como crianças em sua fase de desenvolvimento.

As crianças absorvem todo tipo de informação e emoção, e é por isso que, mesmo que elas não compreendam determinada situação, em algum momento ela irá sentir sentimentos negativos em relação ao acontecido.  

Entende-se como abuso psicológico na infância um ato praticado pelos pais, pessoas próximas às crianças e alguns professores, não são todos. Dessa forma, surgem atos em relação à criança, como abandono, discriminação, humilhação e ridicularização. Isso ocorre por meio de insultos, gritos e maus-tratos, ou a forma desrespeitosa de se dirigir à criança, causando constrangimento em lugares onde as crianças deveriam ser respeitadas e não maltratadas e expostas de forma cruel perante os outros.

Estudo de caso

Carlos (nome fictício) sete anos, ao chegar à sua primeira aula de Jiu-Jitsu na academia de artes marciais, localizada na cidade de São Paulo, sentiu-se acolhido e respeitado nos primeiros dias de treino, sentia-se animado e feliz. Porém, não sabia que futuramente seu mestre iria ridicularizá-lo na frente de seus colegas de treino, com gritos e apelidos de mau gosto, em tom de brincadeira, mas sendo cruel. “Vai, seu lerdo!”, “Está muito frouxo hoje”, “Reaja, lerdo!”, e sempre sorrindo dos seus xingamentos, para que os alunos pensassem que ele estava brincando, mas era nítido o desconforto de todos, até mesmo dos adultos presentes no local. 

Pois bem, isso não foi uma brincadeira saudável, onde para muitos é normal na hora do treino. Hoje, Carlos se encontra em tratamento psicológico por vários acontecimentos em sua vida: ansiedade adquirida na pandemia, sua avó paterna faleceu há pouco tempo e seu pai desempregado. Por fim, ele encontrou um mestre em Jiu-Jitsu que piorou sua vida. 

No início, Carlos estava animado e feliz. Tudo poderia ser diferente se o mestre de Jiu-Jitsu usasse a ética profissional, mas não usou, pois muitos ainda acreditam que as brincadeiras de mau gosto é um ato normal e que deve fazer parte dos treinos.

Independentemente das condições dos alunos, brincadeiras e xingamentos como se fossem piada, é um crime (abusos psicológicos). Por esse motivo, a importância dos professores de artes marciais, incluindo obviamente o Jiu-Jitsu, usarem de respeito para com seus alunos é primordial, dando a eles apoio emocional, ajudando em suas inseguranças e não causando problemas de autoestima e desânimo, como foi o caso de Carlos, que saiu prejudicado.

Nesse tipo de abuso psicológico em crianças, o agressor não bate e nem agride fisicamente sua vítima. Em vez disso, ele usa palavras cruéis, intimidação, manipulação e até mesmo atos como isolá-las, ignorando de forma brutal. Infelizmente, o abuso psicológico de crianças costuma ser mais difícil de detectar do que o abuso de natureza física, mas muitos especialistas em saúde mental concordam que é tão marcante quanto. 

Consequências dos abusos emocionais.

Crianças que foram abusadas emocionalmente sofrem de ansiedade, depressão, baixa autoestima, sintomas de estresse pós-traumático e até tendências suicidas. Muitos especialistas da saúde mental disseram em seus estudos que o processo de abuso psicológico é realmente complexo, porém alguns componentes podem nos ajudar a detectar: 

  • Excesso de exigência dos pais e mestres (não podemos esquecer que cada criança possui seu ritmo);
  • Constante censura à criança (Quando você censura a criança todo tempo, você bloqueia sua criatividade, prejudicando seu desenvolvimento, e pode torná-la rígida e triste, perdendo o desejo de treinar), 
  • Xingamentos, rejeição, depreciação, uso de palavras que ferem mais que um castigo físico. 

Lembrando que todo o acontecimento ruim e bom fica na memória e raramente é esquecido. Por esses motivos, faça bons vínculos com seus alunos, dê qualidade nas relações, momento de escutar e de conversar é essencial, estabeleça limites, reconheça feitos e conquistas. Elogie os bons comportamentos e sejam sempre gentis, suas crianças agradecem.

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva

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