Artigo: como professores de artes marciais podem identificar e auxiliar em casos da síndrome de Burnout
* Antes de começar a falar sobre a síndrome de Burnout, não posso deixar de citar a pressão psicológica sofrida por alguns atletas nas Olimpíadas de Tóquio 2020, que aconteceram este ano por causa da pandemia. A tenista Naomi Osaka, maior esportista do Japão e atual número 2 do mundo, admitiu que sua postura diante da situação não foi tão boa porque ela realmente não sabe lidar com tal pressão. Naomi adotou uma postura franca, já que alguns acreditam que expor vulnerabilidade é uma desvantagem. Em resumo, temos que ser fortes o tempo todo, sem direito de adoecer fisicamente e emocionalmente, afinal, a expectativa dos outros tem que estar em primeiro lugar, atropelando o meu direito de ser humana, de querer vivenciar os meus conflitos de forma justa e tranquila, buscando a cura e o equilíbrio emocional.
A síndrome de Burnout é objeto de estudo recente na psicologia em geral e na “Psicologia do Esporte” em particular. O primeiro autor a mencioná-la no âmbito da psicologia geral foi Freudenberg (1974, 1975), que a definiu como a exaustão da pessoa advinda do excesso de demandas de energia, força ou recursos.
O primeiro artigo sobre a síndrome de Burnout no esporte publicado no Brasil foi de autoria de Bara Filho, Ribeiro e Miranda (1999). Os autores compreendem o Burnout a partir das respostas psicofisiológicas ao treinamento físico. A síndrome se manifesta quando o atleta não suporta as cargas de treino, resultando em estresse fisiológico e psicológico, os quais impedem o atleta de treinar e competir em alto nível. Ao discutirem as modalidades esportivas, os autores consideram que atletas de esportes individuais, especialmente de tênis, natação e ginástica artística, apresentam maiores possibilidades que esportes coletivos. Isso se deve ao fato de o sucesso depender da individualidade do atleta e à ausência social dos companheiros de equipe.
Para os treinadores, os principais precursores do Burnout em atletas são: treinamentos sem controle e mal elaborados, excesso de jogos ou a não participação em partidas, pressão dos pais, patrocinadores, dirigentes ou do próprio atleta, a rotina estressante, falta de companhia nas viagens e falta de vida social, etc.
Ao descreverem um atleta considerado esgotado, os treinadores apontam principalmente para os comprometimentos fisiológicos, como os sinais abaixo:
- Cansaço excessivo, físico e mental;
- Dor de cabeça frequente, alterações no apetite;
- Insônia, dificuldade de concentração,
- Sentimento de fracasso e insegurança;
- Alteração repentina de humor, fadiga, pressão alta;
- Alteração de batimento cardíaco e outros.
O psiquiatra e o psicólogo são profissionais de saúde indicados para identificar o problema. Normalmente, esses sintomas surgem de forma leve, mas em frequência constante, eles desfavorecem a saúde e o rendimento. A síndrome de Burnout é gerada pelas condições de trabalho, treinos e, portanto, pode ser considerada como uma doença, pois provoca a incapacidade profissional temporária ou definitiva. Esta condição resulta no afastamento do trabalhador ou atleta pelo médico pelo período que for necessário.
Infelizmente, algumas pessoas ainda pensam que a questão da saúde mental é para gente “louca”, acham vergonhoso falar sobre suas inseguranças, emoções e sentimentos. Mas não se deixe levar por esses pensamentos preconceituosos. Assim como o nosso corpo físico adoece, nossa mente também pode adoecer. Buscar tratamentos, se for o caso, não é sinal de fraqueza, pelo contrário, demonstra que você foi forte e aguentou enquanto pôde, mas que agora precisa de ajuda, e isso é ser inteligente e amável com você.
Referência
- SciELO – Brasil – A Síndrome de Burnout no esporte brasileiro A Síndrome de Burnout no esporte brasileiro : A síndrome de Burnout no esporte brasileiro, Daniel Alvarez Pires , Marisa Lucia de Mello, Santiago Dietmar Martin Samaulski, Teoldo da Costa.
Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.
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* Por Mônica de Paula Silva