Artigo: a importância de estimular crianças a brincar em atividades no Jiu-Jitsu; leia e opine
Novo artigo publicado na TATAME fala sobre papel do professor e dos pais em estimular crianças a brincar nos treinos de Jiu-Jitsu; confira
Sabemos que cada vez mais cresce o número de crianças pequenas nas academias de artes marciais, e as brincadeiras são consideradas uma grande aliada para que essas crianças de três/quatro anos de idade tenham interesse, futuramente, pelos treinos de Jiu-Jitsu.
E não podemos NOS ESQUECER de mencionar que os professores de artes marciais têm se aperfeiçoado cada vez mais a entender essas crianças pequenas de forma respeitosa, buscando técnicas e meios pedagógicos para ajudá-las, contribuindo em seu desenvolvimento motor, afetivo, intelectual e social.
Sendo assim, o objetivo desse artigo é falar da importância do “brincar”. As crianças brincam de forma espontânea em qualquer lugar e com qualquer coisa, mas é preciso associar tal espontaneidade com a qualidade do brincar, e atenção da família e do professor são fundamentais para que essas brincadeiras ofereçam autonomia às crianças.
É essa atenção que resulta na intervenção que se faz no ambiente, na organização dos brinquedos, materiais e nas interações com as crianças. É o conjunto desses fatores, as concepções, o planejamento do espaço, do tempo e dos materiais, liberdade de ação da criança e a intermediação do adulto, que fazem a diferença no desenvolvimento intelectual, social e afetivo da criança, resultando em uma educação de qualidade para a primeira infância.
Para educar crianças pequenas, que ainda são vulneráveis, é necessário integrar as brincadeiras, cuidados físicos e emocionais. Aos três/quatro anos, as crianças começam a ter consciência de quem são e aprendem a conviver em grupo, fazendo negociações e dando explicações sobre as coisas que fazem. Elas já têm muitas experiências: manipulam objetos, constroem coisas e falam o tempo todo sobre o que fazem ou pensam.
É uma fase de intenso desenvolvimento da linguagem e de grande interesse pelas brincadeiras imaginárias, momento em que as crianças conversam com elas próprias. A fala da criança, para ela mesma, é um importante guia para o seu pensamento e condução da ação. Em razão do desenvolvimento rápido da linguagem da criança, é importante utilizar não só a fala, como também outras propostas que proporcionem uma aprendizagem de qualidade, seja na casa, escola ou nas academias de artes marciais.
As conversas diárias, as brincadeiras, os treinos que os adultos fazem são ações capazes de integrar diferentes modalidades de linguagem. As crianças devem ter a oportunidade de aproveitar o gosto que possuem pelas brincadeiras, característico dessa idade. Nessa fase, as crianças já dominam um bom repertório de canções infantis, dançam e acompanham os adultos. Também nessa idade, as crianças se interessam por tudo que está inserido no ambiente, e esse interesse pode propiciar conversas livres e criar momentos de atividades dirigidas para aprender, junto com as outras crianças e o professor, por meio da reflexão e investigação.
Este é o potêncial do brincar nessa fase da vida da criança: forma de expressão que, pela interação com o professor e com outras crianças, amplia experiências e impulsiona novas estratégias para serem usadas nos treinos. Para que o brincar se transforme na atividade principal da criança, (no caso os treinos de Jiu-Jitsu) com impacto positivo na sua educação e na ampliação de suas experiências, é preciso organizar o espaço e selecionar materiais e objetos que provoquem sua imaginação.
Não basta um ambiente estruturado. A ação do professor é fundamental para ampliar a qualidade do brincar e dos treinos, observando os interesses da criança. As crianças gostam de imitar as pessoas. Quando a criança está encenando o papel do mestre em Jiu-Jitsu, para dar maior complexidade ao brincar, pode-se entrar na brincadeira oferecendo condições e vivenciando um treino completo de Jiu-Jitsu.
O professor pode oferecer orientações verbais onde auxiliam a criança a compreender o Jiu-Jitsu, usando as brincadeiras em seu favor. Com isso, a criança pode ampliar ou modificar as orientações introduzindo novas experiências, que tornam o treino mais rico. A criança não nasce sabendo brincar ou treinar, mas aprende com sua família, professores e outras crianças.
A ação do professor como parceiro de brincadeira (treinos), observador atento, para atender necessidades que surgem, para reorganizar o ambiente, substituir um objeto e incluir um novo é o que faz a diferença. Nesta idade, as crianças já começam a construir identidades próprias e a perceber as diferenças de traços físicos, cor e linguagem. É essencial que o professor de artes marciais inclua em suas aulas a valorização da diversidade, fazendo com que as crianças respeitem os deficientes físicos, os autistas e, principalmente, perceber que eles também têm saber e podem aprender e realizar treinos maravilhosos.
Utilizar brincadeiras em que as crianças se colocam no lugar daquelas que tem deficiência é uma forma de compreender tais dificuldades. Crianças que avançam no terceiro ano de vida já dispõem de vários conhecimentos, sabem tomar decisões e conduzir brincadeiras por ela definidas. Escutar a criança
significa “dar voz” à ela, dar atenção às suas propostas, planejar juntos como desenvolver suas ideias.
Quando todos os envolvidos escutam as crianças, é possível observar que a partir de uma brincadeira, pode-se desenvolver outras diferentes. Deixar as crianças falarem possibilita que elas revelem seus interesses, tornando-as independentes e autônomas, e principalmente, interessadas nos treinos propostos pelo professor de arte suave.
Frase: “É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou adulto fruem na sua liberdade de criação”, e completa: “É no brincar, somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o EU. Winnicott 1971/ 1975: 79-80.
Referências: Seminário Internacional sobre ludicidade & Brincadeira – Psicomotricidade Relacional e o jogo Espontâneo por Kléber Klos. Disponível no canal do YouTube: instituto Casagrande _ transformando pessoa para o mundo.
Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.
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* Por Mônica de Paula Silva