Artigo: o valor que tem o trabalho de prevenção ao uso de álcool e drogas feito dentro das academias de artes marciais; confira

Artigo: o valor que tem o trabalho de prevenção ao uso de álcool e drogas feito dentro das academias de artes marciais; confira

* Sabemos que os professores de artes marciais têm se destacado nos últimos anos, atraindo pessoas de todas as idades para suas aulas, tendo como objetivo desenvolver a disciplina e autocontrole de seus alunos através dos conhecimentos ancestrais que estão ligados a diferentes filosofias e crenças mundo afora. 

O número de crianças entre 7 aos 12 anos de idade aumentou consideravelmente nos últimos 20 anos, necessitando de apoio, treinos adequados, orientações e um bom exemplo dos professores. Lembrando que as crianças prestam atenção em tudo. Não adianta orientar e exigir certas ações do seu aluno e, logo em seguida, fazer o contrário. Além da sua postura ser contraditória, você irá perder o respeito de todos.

Afinal, todos nós admiramos alguém e queremos nos espelhar. Por esse motivo, é fundamental que o professor(a) de artes marciais seja responsável com seus alunos. Não existe ninguém perfeito, perfeição não existe, somos seres humanos e sabemos que erramos. Porém, temos condições para aprender todos os dias.

Você deve estar se perguntando neste momento… O título do artigo não está sendo coerente em relação à introdução inicial. Antes de escrever sobre prevenção relacionada às drogas, você, professor, precisa fazer uma autoanálise. Sabemos que todos nós já fomos adolescentes e experimentamos algum tipo de bebida alcoólica ou até mesmo drogas (as mais populares). Seria hipocrisia dizer que não, mas não generalizando, existem pessoas que não experimentaram nenhuma substância durante sua vida e isso serve de reflexão.

Hoje a realidade é outra. O professor(a) de artes marciais precisa tomar cuidado com as atitudes. Os alunos sentem admiração por vocês, têm vontade de estar com vocês, não veem a hora de treinar. Nesta pandemia, a saudade deve ter se multiplicado, afinal, eles sentem amor por vocês e quando sua postura não condiz com fala, pode causar frustrações e decepções na vida de seus alunos, causando conflitos emocionais. Lembrando que nem todos são resilientes e a decepção adoece, ainda mais quando vem de quem amamos.

Nota: sabemos que estamos em um período de incertezas, temos um inimigo invisível assolando nossas vidas, inimigo esse chamado COVID-19. Nunca é demais lembrar que devemos permanecer em casa, lavar as mãos com sabão, usar álcool gel, evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados, não compartilhar objetos pessoais e, por favor, cubrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir. Cresce o número de contaminados pela doença e os hospitais estão entrando em colapso. Cuidem-se!

Vamos agora ao tema. O trabalho de prevenção ao uso de álcool e drogas é de essencial importância. Vale ressaltar que abordar o assunto apenas em situações pontuais não surte efeito preventivo algum. Essas orientações devem ser realizadas continuamente, em todos os treinos.

O professor pode usar experiências de atletas que, infelizmente, entraram no mundo das drogas com objetivo de analisar as perdas que tiveram em suas vidas; artigos e pesquisas relacionados às drogas e álcool e seus efeitos no organismo e cérebro do indivíduo. Existem técnicas tomográficas por emissão, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), e a ressonância magnética. Essas técnicas de emissão têm fornecido informações envolvendo os efeitos do consumo crônico de álcool e drogas sobre a anatomia cerebral de cada indivíduo.

Outro mecanismo de prevenção é a identificação de indivíduos com grande risco de consumo, sendo crianças cujos pais são dependentes de drogas. Filhos de pais alcoólatras apresentam até quatro vezes mais chances de se tornarem usuários crônicos de álcool quando comparados com filhos de não alcoólatras. Sendo assim, professor(a), esclareça dúvidas, debata os efeitos e as consequências do uso do álcool e das drogas. Caso queira, acesse o meu último artigo: as complicações causadas em virtude das drogas, uso da maconha e a importância das artes marciais nesse tipo de combate; opine – TATAME

Alguns sinais de alerta a pais e professores podem auxiliar na identificação de comportamentos relacionados ao uso de álcool e drogas: 

  • Mudanças de personalidade e humor, irritabilidade e quebra de regras; 
  • Brigas frequentes com pais e amigos; falta de motivação para as atividades e baixa autoestima; 
  • Atrasos e faltas injustificáveis; envolvimento com colegas usuários de drogas; 
  • Grandes mudanças na aparência física, nas vestimentas e na apresentação pessoal (nas academias de artes marciais, o uso de quimono pode atrapalhar essa observação);
  • Fadiga, dores de cabeça, enjoos e mal-estar; problemas de sono.

O uso de drogas está relacionado a uma série de características, sendo que, quanto mais fatores de risco este jovem estiver exposto, maiores serão suas chances de envolvimento com drogas. Dessa forma, o trabalho preventivo por pais e professores será aumentar ao máximo os fatores de proteção.

Fatores ambientais: eventos de vida estressantes, inserção em lares desestruturados e violentos, divórcios de pais, abuso físico, emocional e sexual, pouca atenção paterna e falta de vínculo afetivo entre familiares, aumentam consideravelmente as chances de alguém se tornar usuário de drogas. 

Crianças e adolescentes excessivamente tímidas, retraídas, impopulares e que não conseguem se destacar nos esportes ou nos estudos apresentam mais chances de usarem álcool e drogas. A influência do modismo representa outro fator de risco importante. Jovens são induzidos pelo poder da mídia e da própria sociedade a achar que o consumo de álcool é bom.

Dica de leitura: cérebro e o uso de drogas na infância e adolescências.  Estudos revelam que quanto mais cedo o início do uso de drogas, maior o risco de dependência, de transtornos mentais associados e de comportamento alterado em decorrência do uso de drogas. Isso ocorre devido à plasticidade neuronal, que quando estimulada, provoca um rearranjo sináptico. Há também a alteração na recaptação de neurotransmissores, especialmente a dopamina. 

Toda droga libera dopamina nas áreas mesocórtica e mesolímbica, que irão afetar o sistema límbico. Tanto a adolescência como o uso de drogas, sozinhos, levam a diminuição do número de receptores dopaminérgicos no sistema de recompensa, quando juntos, aliados ainda ao estresse, provocam uma redução radical na capacidade de ativação do sistema. Essa conjunção, quando presente em grande parte da adolescência, irá se consolidar na idade adulta, resultando num número abaixo do normal de receptores de dopamina. O indivíduo inerente a essa condição torna-se especialmente na idade adulta, resultando num número abaixo do normal de receptores de dopamina. O indivíduo inerente a essa condição torna-se especialmente propenso ao vício, com grandes chances de desenvolver problemas relacionados ao abuso de drogas. Fonte: Cérebro e o uso de drogas na infância e adolescência (scielo.br)

Espero ter contribuído para o seu aprendizado. Quando se trata de crianças e adolescentes, nós, professores e terapeutas, precisamos nos responsabilizar pelo bem estar de cada um, e principalmente gostar da nossa profissão, e caso estejamos infelizes, devemos, por ética profissional, buscar outros caminhos. O que não podemos fazer é decepcionar aquele que acreditou em nós.

Sites recomendáveis

Referências 

Teixeira, Gustavo – Manual dos transtornos escolares: Entendendo os problemas de crianças e adolescentes na escola? Gustavo Teixeira – 2°edição Rio de Janeiro; BestSeller/2013.

printcoluna7

Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva