Artigo: a importância do professor entender os riscos e danos causados pelos maus-tratos às crianças

Novo artigo publicado pela TATAME fala sobre como os professores de artes marciais podem ajudar a combater os maus-tratos às crianças

Artigo: a importância do professor entender os riscos e danos causados pelos maus-tratos às crianças

Durante os treinos de Jiu-Jitsu, Marcos (nome fictício), de oito anos, tem melhorado cada vez mais, porém, nos últimos dias tem apresentado: alterações no comportamento, desinteresse pelos treinos e irritabilidade. Como pode mudar o comportamento dessa forma? Isso pode ser um dos indícios de que o seu aluno pode estar sofrendo maus-tratos em casa.

Crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência podem apresentar dificuldades de comportamento, prejuízos cognitivos ou até mesmo transtornos mais graves. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de algum transtorno nessa etapa do desenvolvimento são: negligência; violência doméstica; violência e maus-tratos; abuso emocional ou físico; abuso de substâncias; extrema pobreza; vulnerabilidade social. 

Ainda que essas alterações comportamentais possam ser compreendidas, uma investigação é necessária. Orientar  a família e buscar entender o porquê o Marcos (nome fictício), um excelente aluno, calmo, dedicado, mudou seu comportamento nas últimas semanas, chegando ao ponto de ficar desanimado, nervoso e querendo desistir dos treinos. 

As informações disponíveis a respeito do tema maus-tratos a criança no Brasil são inconsistentes, o que faz com que sejam analisadas com cautela, principalmente devido à cultura da omissão e a falta de conhecimento dos profissionais envolvidos no atendimento das crianças. Por esses motivos, cabe aos professores de artes marciais buscar conhecimentos para que possam ajudar seus alunos caso necessitem.

O Dr. Libardo Bravo, psiquiatra infantil e psicanalista do Centro Médico Imbanaco, destacou que é importante ensinar aos professores e pais sobre o contexto de abuso infantil (maus-tratos), já que o comportamento violento de um adulto contra um menor pode causar sérios problemas psicológicos. Os maus-tratos tem muito a ver com a forma como os adultos concebem a infância. Isso geralmente acontece em sociedades menos favorecidas, onde as crianças ainda não têm a posição que merecem. 

“Existem formas secretas e silenciosas que os afetam, como a desnutrição e a falta de ferramentas educacionais que lhes permitam usar seus recursos pessoais e intelectuais para formar indivíduos saudáveis nas sociedades em que vivem”, disse o psiquiatra infantil.

Crianças e adolescentes que sofreram maus-tratos são mais propensas a serem adultos instáveis e inseguros, com baixo critério de decisão. São mais vulneráveis aos vícios como álcool e substâncias psicoativas, e eles também podem sofrer problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade ou síndrome de estresse pós-traumático. 

No contraponto aos fatores de risco estão os fatores de proteção, que são componentes promotores de um desenvolvimento adequado e da prevenção de aparecimento de psicopatologias. Os principais fatores de proteção para um bom desenvolvimento infantil são: vínculos familiares adequados contendo afeto e segurança; promoção da autonomia para cada faixa etária específica; limites consistentes discursos e comportamento não violento por parte dos cuidadores; afetividade familiar; fontes de apoio individual ou institucional para família e criança.

Tratando-se de crianças e adolescentes, é crucial todos os envolvidos ficarem atentos, apesar de na infância e adolescência, serem frequentes as queixas relacionadas a alterações comportamentais, é importante verificar o que está acontecendo e ajudar no que for necessário.

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Novo artigo fala sobre como os professores de artes marciais podem ajudar a combater os maus-tratos às crianças (Foto: Reprodução/@henriquesaraivajj)

Referências 

  • Petersen , C.S; Wainer, R (Orgs). Terapia Cognitivo-Comportamental para crianças e Adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2011.
  • Tisser, Luciana: Psicopatologia da Infância e Adolescência. Revista Psique n° 152, pag. 76-79. 

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva

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