Artigo: como os professores podem lidar com alunos ‘viciados’ em internet durante os treinos?

Novo artigo publicado na TATAME fala sobre como os professores podem lidar com alunos viciados em internet e redes sociais; veja mais

Artigo: como os professores podem lidar com alunos ‘viciados’ em internet durante os treinos?

Artigo fala sobre o uso excessivo da internet/redes sociais durante os treinos nas artes marciais (Foto: Reprodução/@henriquesaraivajj)

Hoje, em mais um artigo voltado para o Jiu-Jitsu e outras artes marciais vamos refletir sobre esse tema de grande importância: exageros nas publicações na internet, em redes sociais, postagens de selfies durante o dia e aquela visualizada no celular na hora do treino, ou em lugares inapropriados, gerando ansiedade e falta de atenção, prejudicando o desempenho na vida profissional e pessoal. Sem perceber, já estamos viciados em internet? 

Hoje, o vício pela internet tem afetado a saúde mental de muitas pessoas. Basta deslizar o dedo no visor da tela do celular e encontraremos todos os tipos de imagens querendo nos transmitir algo. Mas quando esses corpos  estão nas academias de Jiu-Jitsu ou outras modalidades de luta, exibindo sua faixa preta como um acessório, e não como um símbolo de disciplina, esforço, luta e garra? 

Afinal, o que tem por trás desses comportamentos que muitas vezes deixam os mestres de Jiu-Jitsu querendo entender o que está acontecendo com seu aluno ansioso e agitado, não vendo a hora do treino terminar para pegar o celular, ver suas mensagens e fazer uma selfie, e quando ele pega o celular automaticamente gera um alívio em seu semblante. Antes de iniciar uma breve introdução sobre “vício em Internet”, quero esclarecer que tudo que é demais pode causar dependência e o uso de celular não é diferente de qualquer outro vício. 

Alguns autores dizem em seus estudos que o uso exagerado de internet está associado à dependência psicológica, que inclui um desejo irresistível de usar a rede, com incapacidade de controlar seu uso; irritação quando não conectados e euforia assim que conseguem acesso. Autores como (Carbonell, Guardiola, Beranuy, & Belles, 2009). Griffiths (2000; 2001,2005) o define por seis critérios principais: saliência, modificação de humor, tolerância, abstinência, conflito e recaída

A saliência ocorre quando a internet se torna a atividade mais importante na vida da pessoa e domina os seus pensamentos, sentimentos e comportamento. A modificação do humor refere-se às mudanças na vida afetiva resultantes de experiências subjetivas que as pessoas relatam ter como consequência de se envolverem em atividades na internet que podem ser consideradas como uma estratégia de enfrentamento (ou seja, elas experimentam uma sensação excitante ou, paradoxalmente, tranquilizante de “escape”).

A tolerância é o processo pelo qual é necessária uma quantidade crescente de internet para alcançar os efeitos da modificação de humor. Sintomas de abstinência são os estados ou sensações desagradáveis, físicos ou psicológicos, que ocorrem nos períodos de ausência do uso da internet. Conflito se refere às discordâncias entre o usuário de internet e aqueles que o rodeiam, podendo haver discussões sobre gastar muito tempo na internet. Recaída é a tendência para reversões repetidas aos padrões anteriores do uso excessivo de internet, apesar de períodos de abstinência (M. Griffiths, 2000).

Caracterizam os sintomas: dependência psicológica, consequência negativas, tolerância e abstinência e outros (Sanchez- Carbonell, Beranuy , 2008). Segundo a revisão bibliográfica realizada por estes autores, a atividade se converte na atividade mais importante da vida do sujeito, dominando pensamentos e sentimentos; ao sujeito parece que nada é possível sem internet e que tudo gira em torno dela. 

Também ocorre prejuízo de atividades que não exigem o computador como são as relações sociais, levando o indivíduo a isolar-se, dando exclusividade às interações virtuais. A conduta é persistente, apesar do desejo do usuário de controlá-la ou modificá-la. Uma vez conectado, ele tem dificuldades de interromper a conexão, passando mais tempo do que o pretendido, utilizando de diversas desculpas para não desligá-la e aumentando, assim, o tempo de uso.

Consequências: prejuízo no trabalho, como faltas, baixo rendimento, colocando em risco de demissão ou em situações constrangedoras pela incapacidade de controlar o uso, prejuízos financeiros, às vezes por compras de itens virtuais; outras vezes, a dependência é a própria compra online. Outra consequência é o descuido consigo mesmo e com dependentes, como crianças e bebês que passam a ter pouca importância para o usuário. 

Ainda entre as consequências negativas estão os conflitos familiares. Também são aumentados sintomas de abstinência, como as alterações do humor, irritabilidade, impaciência, inquietude, tristeza e ansiedade. Em casos extremos existe grande agitação motora, agressividade e irritabilidade ao não se conseguir a conexão. (Sanchez-Carbonell, Beranuy eoutros, 2008).

Ainda não há um diagnóstico psiquiátrico estabelecido nos manuais nosográficos. Houve discussão sobre a possibilidade de incluir em estudos, mas o Conselho de Revisão decidiu que a mesma não poderia ser considerada como diagnóstico devido ao número insuficiente de pesquisas.

Essa dependência pela internet pode causar vários danos, principalmente às crianças e aos adolescentes. Nesse caso, é preciso que os pais e professores fiquem atentos, e sempre que puder, façam orientações sobre esse tema em sua aula (treinos), pois afeta a saúde mental, causando danos irreversíveis. Converse com as famílias sobre a importância de observar os filhos em relação ao uso abusivo da internet.

Referências 

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram: @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva

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