Artigo: quando o desequilíbrio emocional de um lutador de MMA ultrapassa o octógono; leia e deixe a sua opinião

Artigo: quando o desequilíbrio emocional de um lutador de MMA ultrapassa o octógono; leia e deixe a sua opinião

* Sabemos que alguns lutadores acabaram se perdendo no meio do caminho, destruindo suas carreiras como atletas e perdendo a credibilidade em sua vida pessoal. Pela complexidade do mundo interno e externo, vamos ser sinceros, ninguém surta do nada. Alguns autores, como Ferenczi e Laplanche, com base na natureza traumática da sexualidade, pilar da teoria freudiana, apresentam reflexões profundas sobre o assunto. A primeira vulnerabilidade, portanto, é nossa condição infantil: nascemos em um mundo construído e desembarcamos numa ordem simbólica que demanda tempo para ser digerida, internalizada e adquirida. Essa vulnerabilidade poderá ser ressignificada toda vez que o desamparo, o abandono, a hostilidade do meio circundante se apresentar. Podemos também citar as pressões que os lutadores enfrentam nas competições.

Para enfrentarmos o mundo, interno e externo, somos dotados de arsenal de um defesas, como acontece com nosso sistema imunológico: algumas defesas mais precárias, outras mais eficazes. Algumas defesas para enfrentar ameaças que se apresentam podem ser aqui enumeradas: negação, isolamento, esfriamento dos afetos, agressividade e ataques, por exemplo. Cada situação convoca reações diversas, algumas mais sintônicas, outras mais patológicas. Os sintomas são criativos, produções próprias de cada sujeito, mas carregam uma história que nem sempre vem à luz. Resumindo: toda reação comportamental tem seus motivos, porém, não justifica destruir tudo que foi conquistado.

Vamos relembrar alguns casos sobre agressividade e desequilíbrio emocional de lutadores, alguns conhecidos por suas personalidades fortes de natureza complicada, outros sem paciência. Em 2018, em um evento brasileiro chamado “Imortal FC”, dois lutadores começaram a brigar mesmo depois da interrupção do árbitro central. Eles trocaram socos e chutes, mesmo com a luta interrompida, ao ponto dos organizadores precisarem invadir o octógono para segurar os atletas envolvidos.

Jung, (Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica) em sua teoria do inconsciente coletivo, ao apresentar os arquétipos como representação psicológica do instinto, explica os padrões do comportamento humano tal qual esqueleto que estrutura, sustenta e dá base ao corpo.

O ser humano é agressivo. Para que possamos compreender essa afirmação, é necessário entender que a agressividade é um impulso que pode se voltar para fora do corpo (heteroagressão) ou para dentro do indivíduo (autoagressão). Sendo assim, apresenta-se como peça constituinte da vida psíquica, enquanto binômio amor/ódio e pulsão de vida/ pulsão de morte (Eros e Tanatos). Eros seria a energia ou princípio da vida e Tanatos seria a pulsão de morte.

Para a Psicanálise, a agressividade é constitutiva do ser humano, é a ruptura do pacto social, da sociedade, é a perfeita anomia (ausência de lei ou de regras) representada pelo sujeito, a estrutura social define o status e os papéis dos sujeitos e a estrutura cultural define metas a serem alcançadas por parte dos membros da sociedade, assim como as normas que devem seguir para que alcancem metas estabelecidas.

Vamos pensar juntos: se todos os lutadores necessitam de uma preparação, como por exemplo: ter disciplina em relação aos treinos, acreditar em si mesmo, alimentação saudável e ser acompanhado por um nutricionista esportivo, procurar estar junto de pessoas que tenham o mesmo objetivo, que queiram ser campeões, respeitar o momento de descanso e outras dicas conforme a categoria.

Podemos dizer que no mundo das lutas não faltam orientações, planejamentos, dedicação, preparação física e mental, regras e normas estabelecidas, para que tudo no final dê certo para os dois lados, seja para vencedores ou para perdedores, e quando tudo parece estar calmo, alguns comportamentos delinquentes infringem as leis, sem a menor afetividade, sendo portadores de agressividade e violência.

Em alguns casos, o comportamento agressivo é o reflexo de uma conduta ambiciosa, que tenta conseguir os objetivos a qualquer preço, inclusive se isso transgredir as normas éticas e pisar nos direitos dos outros. 

Para finalizar esse artigo, quero deixar uma reflexão: “A palavra inteligência provém do latim intellegentia, que significa capacidade de entender, compreensão, entendimento”. Assim sendo, a origem etimológica do conceito de inteligência faz referência a ter conhecimento para selecionar, escolher e aplicar técnicas no intuito de descobrir onde existe a falha humana. Sendo assim, eu proponho que antes de qualquer desequilíbrio mental que resulte em perdas profissionais e pessoais, use sua criatividade para encontrar soluções para novos e velhos desafios, sem que você precise se perder no caminho sentindo-se derrotado por você mesmo no mundo das lutas.

Referências 

  •  Revista Psique n° 148, Artigo: Inteligência Criminal e seus Desafios, por Claudia Paiva, pag. 27, 28. 

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Quem sou eu? Mônica de Paula Silva, também conhecida como Monica Lambiasi, é graduada em Pedagogia desde 2004. Concursada pela Prefeitura de Embu Guaçu – SP, atua há 13 anos como psicopedagoga clínica, área na qual é pós-graduada desde 2006. Em 2008 concluiu pós-graduação em Didática Superior, e em 2009 concluiu pós-graduação em Educação Especial e Educação Inclusiva. Já em 2017 concluiu pós-graduação em neuropsicopedagoga, e atualmente estuda psicanálise e neurociência. Também é escritora.

Contatos: WhatsApp (11) 99763-1603 / Instagram @lambiazi03

* Por Mônica de Paula Silva