Bate-Estaca avisa Namajunas: ‘Se não melhorar, vou pedir cinturão interino’; leia

Bate-Estaca avisa Namajunas: ‘Se não melhorar, vou pedir cinturão interino’; leia

Por Yago Rédua 

No próximo dia 8, em Dallas, nos Estados Unidos, no UFC 228, Jéssica Bate-Estaca vai encarar Karolina Kowalkiewicz, em um confronto que pode definir a próxima desafiante ao cinturão peso-palha da organização. Segunda colocada no ranking da divisão, a brasileira disse que cogitou esperar pela campeã Rose Namajunas, mas como não viu uma definição por parte da lutadora e do Ultimate, optou por fazer uma nova luta.

“Eu, por ser a segunda do ranking, tenho que me testar sempre. Já estou há muito tempo sem lutar (UFC Orlando, em fevereiro), tanto na questão financeira, porque só ganhamos quando lutamos. Então, as coisas estavam começando a apertar de novo (risos). Também pelo fato da Namajunas ter postado nas redes sociais e falado com UFC que não estava bem psicologicamente. Ela está com alguns problemas e não poderia lutar. Ia demorar muito para essa luta acontecer. Aí, pensei na Karolina. Uma hora ou outra teríamos que lutar. Ela, por já ter lutado com a Namajunas, é um teste pra mim, pensando na disputa de cinturão. Eu queria muito essa luta. Eu vou dar o meu melhor lá dentro, buscar a vitória e, que sabe, disputar o cinturão no mesmo card que a luta entre Amanda e Cris Cyborg (UFC 232)”, projetou Bate-Estaca, que garantiu querer lutar no último evento do ano.

“Se a Namajunas não melhorar até o fim do ano ou não quiser lutar, aí eu vou pedir um cinturão interino, nem que seja para lutar com a Joanna de novo. Eu já cheguei a comentar com o meu empresário e ele já comentou com a galera do UFC, para eu ter a chance de disputar o cinturão no fim do ano, mas é claro que eu preciso vencer a Karolina primeiro. Se eu vencer, lá dentro do octógono, já vou pedir a luta, a oportunidade de lutar no dia 29 (dezembro). É um card muito importante. Teremos dois ícones do MMA, que são as duas brasileiras disputando o cinturão. Pra mim seria uma honra”, projetou.

Em coletiva de imprensa, no Rio de Janeiro, Jéssica ainda fez uma análise do jogo de Kowalkiewicz, disse que vem treinando mais a movimentação das adversárias para não se perder no primeiro round e ainda fez um longo desabafo sobre as dificuldades financeiras, em especial quanto aos patrocínios. A paranaense disse que planeja abrir um negócio no ramo alimentício, como fez José Aldo, ex-campeão do Ultimate.

Confira a entrevista na íntegra com Jéssica Bate-Estaca:
– Análise da Karolina e estratégia

Para eu chegar a essa disputa de cinturão, tenho que passar pelo Karolina, tenho que vencer. São os degraus da vida, temos que passar por eles com muita confiança e acreditar em nosso potencial. É isso que eu tenho feito: tenho treinado a minha parte em pé. Lutar com a Karolina é uma forma de eu me testar, porque é um jogo bem parecido com o da Joanna, de caminhar, claro que a Joanna tem uma movimentação melhor, mas já é um começo para mostrar que estou melhor, que tenho mais técnica… Tem muita gente aí que diz que eu não tenho técnica (risos). Quero mostrar que sou uma lutadora versátil. O que eu precisava melhorar era essa parte da caminhada, que era o meu defeito.

– Dificuldade no começo de luta

Para essa luta, eu já quero começar em um ritmo acelerado. Não podemos dar espaço para a lutadora crescer na luta. Temos sempre que dar o primeiro golpe, então, venho treinando muito isso, ainda mais que a Karolina tem um jogo muito parecido com o da Tecia (Torres). Acho que elas já pegaram o jeito de lutar comigo: ‘Ah, a Jéssica se perde nisso aqui’. Elas estão fazendo isso em todas as lutas. É uma coisa que eu venho treinando muito para não me perder. Quando eu tiver na luta, eu vou o tempo inteiro para cima, para não me perder, para encurralar. Vou achar o momento certo. Ela (Karolina) anda para trás e pra frente, não anda muito para os lados. Isso é muito bom, porque na hora que chegar na grade… Não tem como escapar. É uma luta que eu quero fazer só em pé, quero testar a minha trocação, como está o meu Muay Thai. Tenho treinado três vezes na semana só o Muay Thai, para chegar afiada nessa luta. Eu não quero só ficar tomando porrada na cara. Eu aguento porrada, mas eu vou dar mais do que eu tomar (risos).

– Terceira luta em Dallas (EUA)

A Joanna é a minha pedra no sapato (risos). Acho que será a minha redenção poder lutar de novo lá em Dallas (no mesmo lugar que perdeu para a Joanna, em 2017). Fazer mais uma vitória lá. Eu lutei uma vez com a Raquel e venci, depois lutei com a Joanna e perdi. Lutei os cinco rounds, dei o meu melhor, mas estava lesionada também. Não é desculpa, mas eu dei o meu melhor. Infelizmente, não foi suficiente. Naquele dia, disse que eu iria disputar o cinturão de novo e já está bem próximo. Dessa vez, não vou deixar passar.

– Desejo especial de lutar no UFC 232

É o evento (UFC 232) que mais vai ter mídia no ano, é o último né. É o que chama mais atenção, além de ter lutadoras de patamar bem maiores, poderia, no mesmo dia, me tornar dona do cinturão na categoria dos palhas. Teríamos três brasileiras com cinturão no mesmo dia. Imagino que a Amanda lute bem com a Cris, mas não vença o cinturão (dos penas). Três cinturões no mesmo dia, seria incrível para o Brasil. Colocaria o meu nome lá em cima. Acho que melhoria a visibilidade do Brasil. Isso que temos que buscar sempre.

– Falta de apoio financeiro

Apoio é o que mais falta. Temos até apoio de troca: eles dão o produto e nós fazemos post nas redes sociais. Isso aí nós temos. Mas, na questão de patrocínio em dinheiro, isso está muito difícil, principalmente pela crise no Brasil, que temos passado. Isso vem prejudicando cada vez mais. Precisamos de apoio de empresários, que acreditem no nosso sonho, potencial. Já vou para a 14ª luta e é muito difícil arrumar patrocínios. Às vezes, temos que vender roupa do UFC, mochila, luvas, para conseguir um dinheiro extra e terminar o final de camp. É bem difícil, mas vamos indo aos poucos. Seria muito bom se tivéssemos um incentivo maior do governo, da prefeitura, na questão de esporte. Não só a luta, mas para todos os esportes. Porque falta tudo.

– Bolsas e prêmios do Ultimate

Olha, eu não tenho o que reclamar do UFC. Eu recebo muito bem. Você ganha de acordo com o seu trabalho, acho isso muito legal. Por isso quero sempre lutar, mostrar que sou a melhor e estou evoluindo. Quanto mais você mostra, mais você ganha. O meu maior problema é que eu ainda não consegui investir o meu dinheiro, em algo que me retornasse fora da luta. Vem melhorando cada vez mais a minha bolsa. Eu acabo não lutando tanto por causa disso, a minha bolsa é maior em relação a muitas lutadoras. Eles colocam outras meninas, que estão começando, elas lutam até mais. Acho que faz parte do nosso crescimento. Com a disputa de cinturão, acredito que possa renovar o contrato novamente. Estou com um contrato de oito lutas, já fiz quatro, estou indo para a quinta. Estou aguardando uma melhora, mas está crescendo.

– Vontade de investir e dificuldades

Uma coisa que não tem caído muito aqui no Brasil é a parte de alimentação. Todo mundo precisa comer (risos). Quem sabe eu não monte uma parada de comida ou de lanche, como o Aldo fez. Eu costumo ser uma pessoa muito forte, não costumo a demonstrar isso para ninguém, nem para o meu mestre. Eu vou me virando. A Fernanda (noiva), minha sogra e eu… Fazemos um bolinho, as vezes, e vamos vendendo. Nos viramos do jeito que dá. É triste ter que vender um objeto de treino, algo que seja uma lembrança boa, mas depois ganhamos de novo. Tenho tanto casaco do UFC, não custa vender um, né (risos). Por mais que o UFC seja milionário, temos que viver a nossa realidade. O UFC ganha tudo isso, mas nós não. Nunca imaginei que fosse ganhar tudo o que eu já ganhei.

CARD COMPLETO

UFC 228
Dallas, Estados Unidos (EUA)
Sábado, 8 de setembro de 2018

Card principal
Tyron Woodley x Darren Till
Nicco Montaño x Valentina Shevchenko
Zabit Magomedsharipov x Brandon Davis
Jéssica Bate-Estaca x Karolina Kowalkiewicz
Abdul Razak Alhassan x Niko Price

Card preliminar
Carla Esparza x Tatiana Suárez
Aljamain Sterling x Cody Stamann
Charles Byrd x Darren Stewart
Jimmie Rivera x John Dodson
Diego Sanchez x Craig White
Jim Miller x Alex White
Irene Aldana x Lucie Pudilova
Ryan Benoit x Roberto Sanchez
Geoff Neal x Frank Camacho