Campeão da FJJD-Rio, serralheiro vive ‘lado B’ do Jiu-Jitsu profissional e conta como faz para sustentar a família e competir; saiba

Campeão da FJJD-Rio, serralheiro vive ‘lado B’ do Jiu-Jitsu profissional e conta como faz para sustentar a família e competir; saiba

* No “lado B” do Jiu-Jitsu, o serralheiro Jonathan França vive situação oposta às grandes estrelas. O faixa-preta precisa trabalhar de 7h às 17h para, em seguida, ir treinar até às 22h30, diariamente. Com uma família para sustentar e sem qualquer apoio de patrocinadores, o lutador mostrou toda sua superação e conquistou o ranking da FJJD-Rio. Com isso, terá a oportunidade de disputar o Abu Dhabi Grand Slam de Londres em 2020, sua primeira competição internacional.

Como em qualquer modalidade, nem todos os lutadores de Jiu-Jitsu conseguem desfrutar de patrocínios e disputar os campeonatos que pagam as melhores premiações. Ainda assim, o amor e o sonho de buscar uma história de sucesso nos tatames são combustíveis para esses atletas seguirem adiante.

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Faixa-preta da equipe Pitbull, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, Jonathan França foi destaque do Circuito Rio Mineirinho 2019, um dos principais eventos do calendário carioca de Jiu-Jitsu. Aos 27 anos, o lutador é serralheiro e trabalha das 7h da manhã até às 17h. Depois, vai direito para a academia e treina até 22h30 de segunda à sexta-feira, além de realizar treinos específicos aos sábados.

O esforço, sem contar com qualquer tipo de apoio, foi recompensado com o título do ranking da FJJD-Rio e a conquista da passagem internacional para lutar no Abu Dhabi Grand Slam da AJP Tour em Londres, na Inglaterra. Animado com a oportunidade de competir pela primeira vez fora do Brasil, França afirmou que nunca ganhou dinheiro lutando Jiu-Jitsu, como a maioria dos atletas que praticam o esporte.

“Eu nunca ganhei nada além de medalhas. Há dois anos, eu fui o campeão de um ranking e não ganhei nada além de um certificado”, desabafou o lutador, que contou as dificuldades para ter apoio em Teresópolis.

“Não tenho nenhum patrocínio que me ajude na área financeira. Tenho um amigo que tem um curso de inglês e ele me ajuda com aulas. Buscar patrocínio é muito difícil na minha cidade, mesmo com um bom currículo, as pessoas não acreditam que você faz um trabalho sério. Alguns empresários não se propõem a ajudar e outros já ajudam outros atletas. As maiores dificuldades são as de não ter um patrocínio, não poder contar com a ajuda de ninguém, ter que ficar fora de campeonatos importantes, o que é muito frustrante”.

Sonho: viver só do Jiu-Jitsu

Oriundo de um projeto social, Jonathan começou a treinar em 2008 com o casca-grossa Jessé Rodrigues. Atualmente na equipe Pitbull, o lutador, além de sustentar a família com o salário como serralheiro, precisa pagar os registros de campeonatos e priorizar quais competições vai querer participar.

“As inscrições de competições eu mesmo quem pago. Sai do meu bolso. Isso me impossibilita de lutar alguns eventos, pois tenho família e fica muito pesado no meu orçamento, já que são muitos gastos”, apontou.

A chance de viajar para fora do país pela primeira vez para competir no Abu Dhabi Grand Slam – que paga os campeões em dinheiro – pode render ao faixa-preta uma oportunidade única de expandir os seus horizontes. Jonathan disse que sonha em viver Jiu-Jitsu um dia: “Eu tenho como objetivo e sonho viver do Jiu-Jitsu, sustentar a minha família através dele. É isso que eu amo fazer, uma das minhas maiores metas”.

* Por Yago Rédua