Cláudio Hannibal chama ranking do Ultimate de ‘Clube da Luluzinha’ e dispara: ‘Hoje, o UFC gosta dos lutadores palhaços’

* No plantel do UFC desde 2014, Cláudio Hannibal está invicto na organização, com cinco vitórias contabilizadas, sendo três delas por finalização. Apesar dos bons números apresentados, o brasileiro ainda não integra o ranking dos 15 melhores atletas da companhia na categoria meio-médio, lista que, por sinal, divide opiniões entre atletas de outras divisões, que questionam o critério adotado pelo Ultimate para organizar cada ranking.
O top 15 meio-médio, por exemplo, tem a presença de Robbie Lawler, que apesar de ser um ex-campeão da categoria, vem de cinco derrotas em suas últimas seis lutas, um retrospecto completamente diferente em relação a Hannibal. Com luta marcada para o dia 17 de outubro, quando vai enfrentar Muslim Salikhov no card do UFC Fight Night 180, na “Ilha da Luta”, em Abu Dhabi, Cláudio abriu o jogo e, em entrevista à TATAME, emitiu sua opinião sobre o ranking do UFC.
“Esse ranking é uma verdadeira comédia. Eu venho de cinco vitórias consecutivas e olha os grandes nomes da categoria, os campeões, poucos tiveram cinco vitórias seguidas. Se eu tenho cinco vitórias e não estou no ranking, se está ruim para mim, imagina para o Leon Edwards, que é um cara que já venci, que é o número 3 no ranking, e quando o pessoal menciona o nome dele, ele é motivo de chacota, ficam zoando. Tem um monte de lutador no ranking que já deveria ter saído há muito tempo. O Robbie Lawler, se não me engano, vem de quatro derrotas. Eu pedi uma luta contra o Carlos Condit e falaram: ‘não, ele vem de quatro derrotas, você vai matar ele’. Hoje, o UFC gosta dos lutadores palhaços”, disparou o brasileiro, de 38 anos, que em seu carte, contabiliza 14 vitórias e apenas um revés.
Ao longo do bate-papo, o faixa-preta de Jiu-Jitsu também falou sobre o seu combate diante de Salikhov, a busca pela evolução na luta em pé e os impactos causados pela pandemia do coronavírus em sua rotina de treinos. Hannibal, que mora em Londres, na Inglaterra, não conseguiu liberação para treinar nos Estados Unidos, onde treinaria na renomada American Top Team.
Veja a entrevista na íntegra com Cláudio Hannibal:
– Ficou satisfeito com o casamento dessa luta ou esperava enfrentar um atleta ranqueado?
Eu esperava um adversário ranqueado, sim, mas como esse ranking do UFC é o ‘clube da Luluzinha’, os caras não querem lutar contra quem não está no ranking, fica meio complicado… Mas é um bom adversário, um cara duro, eu gostei do casamento dessa luta, vai ser mais um grande desafio.
– Análise do adversário
Esse atleta que vou enfrentar é um cara duro, um striker. Ele não é um atleta do chão, um wrestler, como costumam ser os lutadores do Daguestão. Vai ser uma boa luta, o cara vem de quatro vitórias e eu acho que a brecha que ele oferece é no chão. Vi que as derrotas dele foram por finalização, então eu considero que esse é o caminho.
– Evolução na parte em pé, mas carro-chefe no Jiu-Jitsu
Eu tenho treinado muito a parte em pé, justamente para evoluir. Durante todo esse tempo de pandemia, eu treinei muito Kickboxing e Boxe, mas eu nunca esqueço do meu carro-chefe, que é o Jiu-Jitsu e também as quedas que aplico. O Jiu-Jitsu salva e sempre vai trazer a vitória contra qualquer tipo de oponente, seja contra um wrestler, kickboxer ou um striker, o Jiu-Jitsu sempre vai sobressair.
– Você vem de cinco vitórias e não está no ranking. Qual sua avaliação sobre isso?
Esse ranking é uma verdadeira comédia. Acho que sou boicotado pelos grandes canais de mídia do Brasil. Eu venho de cinco vitórias consecutivas e olha os grandes nomes da categoria, os campeões, poucos tiveram cinco vitórias seguidas. Se eu tenho cinco vitórias e não estou no ranking, se está ruim para mim, imagina para o Leon Edwards, que é um cara que já venci, que é o número 3 no ranking, e quando o pessoal menciona o nome dele, ele é motivo de chacota, ficam zoando. Tem um monte de lutador no ranking que já deveria ter saído há muito tempo. O Robbie Lawler, se não me engano, vem de quatro derrotas. Eu pedi uma luta contra o Carlos Condit e falaram: ‘não, ele vem de quatro derrotas, você vai matar ele’. Hoje, o UFC gosta dos lutadores palhaços. Tem um monte de lutador que chega no UFC dançando, fazendo essas palhaçadas, ganha uma, perde outra, não bate peso e o pessoal adora. É bem complicado, esse ranking é uma coisa que eu nem penso. Procuro focar na minha próxima luta e em vencer.
– Chegou a ter algum tipo de problema nessa pandemia? Como estão seus treinamentos?
Não cheguei a ter problemas financeiros nessa pandemia. Único problema que eu tive no começo da pandemia era que não tinha como eu treinar. Eu cheguei até a recusar uma luta por não estar treinado, por não ter academia para treinar. Agora, não posso ir para os Estados Unidos, estou fazendo minha preparação aqui em Londres, na Inglaterra, onde moro, mas infelizmente não posso ir para os EUA agora. Mas agora estou bem, treinando, seguindo o plano de treinamento que a American Top Team me passou, o Conan Silveira e o Parrumpinha estão me auxiliando, mesmo à distância. É treinar, fazer a preparação adequada e cair pra dentro.
* Por Mateus Machado