Coluna da Arte Suave: a postura de um atleta de Jiu-Jitsu quando o parceiro de treinos volta de lesão
Novo artigo publicado na TATAME fala sobre como deve ser o comportamento do atleta de Jiu-Jitsu quando um parceiro de treino volta de lesão

Novo artigo fala sobre como deve ser o comportamento do atleta de Jiu-Jitsu quando um parceiro de treino volta de lesão (Foto: Reprodução)
Uma situação recorrente em todas as academias de Jiu-Jitsu é o retorno de um parceiro de treino vindo de uma lesão. Estar sem lutar por um período maior que o esperado. Essa volta não é fácil. Você sabe como treinava e sabe como os outros estão treinando, se preparando para campeonatos ou simplesmente lutando pelo prazer de estar nos tatames. Mas todos com um ritmo que você, por conta da sua lesão e ou parada, não está.
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Creio que aqui temos os dois lados desta situação. No primeiro, é você estar voltando a treinar, o que é muito bom. Mas seu condicionamento físico não está no ritmo normal, a pegada ainda não está como antes e o aeróbico também não. E talvez um fator que preocupe mais: e a lesão? Então, tenha a perfeita noção do seu estado, recomece seus treinos com um ritmo mais lento. Treine devagar, sinta seu corpo, sua respiração e respeite os limites nessa volta para não ganhar outro tempo de fora dos tatames por conta de outra lesão.
Respeite os prazos dos médicos e ortopedistas. Eles estudaram para isso. Às vezes, o que você acha que está já completamente curado, pode não ser a realidade do momento do seu corpo. Fortaleça sua musculatura antes de treinar como você sabe que pode e quer no Jiu-Jitsu.
Treine para pegar ritmo novamente. O mais importante é já estar treinando de novo. Ganhar ritmo e força é só com o passar dos treinos. Fica complicado, depois de uns meses parado ou até por mais tempo, logo no primeiro dia de volta aos treinos, querer impor um ritmo que você tinha. Planeje, mesmo que mentalmente, sua evolução, mas escutando seu corpo.
Crie seus parâmetros e metas. Respeite os intervalos para descanso, pois ele faz parte da vida do lutador também. Treinando, a sua volta ao seu rendimento acontecerá naturalmente. Por outro lado, imagine agora você treinando direto, malhando, correndo campeonatos de Jiu-Jitsu, treinando até aos sábados. Enfim, é um lutador sempre presente no dojô.
E então reaparece aquele seu amigo que está parado há um tempão. É essa a hora de ser parceiro mesmo. Treine mais devagar, poupe o pé ou o braço lesionado do seu amigo. O foco, nesse momento, não é finalizar o seu parceiro, nem mesmo treinar na força de um treino normal, mas proporcionar um treino que seu amigo possa ir ganhando confiança e até mesmo perceber se sua lesão está curada ou não.
Qual o mérito de finalizar esse seu amigo parado, voltando de uma lesão, e passar o carro? O mérito, na minha visão, é passar o carro, finalizar aquele seu parceiro de treino quando você sabe que ele está no auge de sua capacidade técnica e aeróbica. Pegar o seu parceiro de treino voltando depois de um longo período para um treino duro, não encaro como uma atitude esportiva. Prefiro treinar na velocidade que ele pode levar, esperar ele voltar à forma, e aí sim, treino duro!
Já aconteceu comigo. Tenho um amigo, excelente faixa preta, que por motivo de lesão, ficou parado bastante tempo. Quando ele voltou, fizemos o primeiro treino e ele me disse quando acabou o tempo do treino: “por que você treinou mais devagar?”. Treinei mais leve pelo fato de estar, naquele momento, ajudando um amigo a voltar à sua forma. Não vi nenhum mérito em treinar duro com um amigo vindo de uma lesão.
Eu quero finalizar ele, sim, mas sabendo que ele está em com seu ritmo normal de treino, e não vindo de um período inativo, fora de ritmo. A conduta dentro do dojô tem que passar por esses aspectos também, em ajudar seus parceiros de treinos. Hoje quem está retornando aos treinos é o seu amigo, amanhã pode ser você. Creio que o companheirismo deve falar mais alto, e os treinos mais duros podem esperar um pouco até os dois estarem em suas plenas condições físicas. Bons treinos!
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* Por Luiz Dias