Coluna da Arte Suave: a necessidade da mudança de alguns conceitos dentro do tatame; leia e opine

Coluna da Arte Suave: a necessidade da mudança de alguns conceitos dentro do tatame; leia e opine

Por Luiz Dias

Hoje encontrei um amigo e a conversa acabou passando pelo Jiu-Jitsu, é claro. Perguntas buscando respostas, estímulos positivos para quem quer treinar e tem medo de se lesionar. Coisas do velho estilo, “eu ouvir falar… é verdade?” ou “é assim mesmo?”. Ainda hoje eu fico impressionado como certos conceitos ainda existem e persistem na arte suave.

Eu tenho mais alunos que se afastaram por lesões causadas no futebol do que em treinos. No calor da luta, podem acontecer lesões, é um esporte de contato. Na luta, um tenta subjugar o seu oponente. Finalizar é o caminho correto de qualquer lutador, e esse caminho passa por treinos duros, que puxam seus limites. Todo lutador gosta de um treino duro, puxado, que o deixe cansado no final da luta e que, certamente, o fez puxar o melhor do seu preparo técnico e físico. Mas, muitas vezes, lutadores machucam outros lutadores, em situações e movimentos completamente desnecessários, ainda mais em treinamentos.

É claro que acidentes e fatalidades ocorrem, mas muitas lesões poderiam ser evitadas justamente se houver uma noção bem definida e consciente do lutador que saiba diferenciar treino duro de grosseria. Um treino duro significa pegada firme, posições justas, raciocínio rápido, boa estratégia. Um bom fôlego para não parar por cansaço e ser finalizado e um bom nível técnico para que possa fazer o movimento correto no tempo certo, deixando o adversário sem opções, sem tempo para reagir ou levando ele para a posição que você considera ideal para finalizá-lo, concretizando o objetivo maior da luta.

Existem lutadores que você pode treinar inúmeras vezes e não se machuca, mesmo ele sendo mais pesado ou não, e ao fim da luta, você sabe que deu um ótimo treino. Você se esforçou ao máximo para superá-lo e se superar. O cansaço vem com uma sensação de satisfação, porque você sabe que valeu tanto esforço. São aqueles treinos que guardamos na nossa memória e ficamos ansiosos por outro treino desse tipo. Um treino duro não é sinônimo de grosseria. Nada justifica atitudes de lutadores que acham que, fazendo grosserias, fazem o nome ou “fama” ao lesionar seus colegas de treinos. Isso não é legal.

Como escrevi no início desse texto, acidentes e fatalidades acontecem em treinos nas nossas academias ou em campeonatos, mas quando se tornam repetitivos, sempre com determinados atletas, é necessário que esse atleta repense suas atitudes e creio ser obrigação do professor em alertá-lo a corrigir essa conduta. É inadmissível, ao meu modo de ver, lutadores mais graduados esmagando iniciantes. O que querem provar? Um lutador técnico sabe dosar suas finalizações, sabe deixar num nível de ajuste o golpe, que permite que o adversário possa dar os “três tapinhas” sem causar uma lesão. Por outro lado, esses lutadores considerados “grossos”, muitas vezes nas próprias academias acabam com o decorrer do tempo ficando sem treino, já que a maioria, além de treinar, trabalha e estuda, e sabe que, ao fazer um treino com eles, podem ser lesionados, o que pode trazer muito transtorno no seu cotidiano, e até os afastando de um campeonato que se aproxima.

Creio que, quanto mais um lutador vai se aperfeiçoando tecnicamente, buscando novas posições e variações, modificando sua rotina, inovando, mais ele vai se afastando das “grosserias” e seu treino vai ficando melhor, e mais lutadores vão querer lutar com ele. A certeza de um treino duro, sem grosserias, é o desejo de qualquer lutador ao ir para sua academia buscando sempre a sua própria evolução. E esse deve ser o objetivo.

Para mais informações, veja https://www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o http://www.geracaoartesuave.com.br/. Boa semana, bons treinos e até a próxima!