Coluna da Arte Suave: a necessidade da sabedoria para absorver uma derrota; leia e opine

Coluna da Arte Suave: a necessidade da sabedoria para absorver uma derrota; leia e opine

* Recebi um telefonema de um amigo dizendo que havia perdido uma luta num campeonato recente, e que ele achava que tinha sido prejudicado pela arbitragem. Ele não aceitou perder. Eu, e creio que todos, não gostem de perder, mas também temos que ter o discernimento de reconhecer quando perdemos justamente. 

Como dizia o GM Carlos Gracie: “No JiuJitsuvocê ganha ou aprende“. Encarar a realidade e aceitar que sofremos uma derrota porque nosso adversário foi superior naquele momento é um ponto de partida para uma evolução. Mas esse meu amigo não aceita perder, e creio que absorve de maneira errada a derrota. 

Sempre quando o tema é sofrer uma derrota, é um assunto difícil, mas infelizmente acontece. Por fim, removendo qualquer possível erro na arbitragem (errar é humano, os árbitros podem errar também, sem segundas intenções, e não necessariamente buscando beneficiar ou prejudicar alguém intencionalmente), todos os atletas que entram em uma competição sabem o resultado de uma luta. Alguém vai ganhar e alguém irá perder. Parece claro, mas muitos se esquecem disso. Também é óbvio que todos vêm para ganhar, mas às vezes perdem. 

Em um torneio, só pode haver um vencedor por categoria, e muitas vezes podemos aprender com a derrota lições importantes para garantir vitórias futuras. Descobrir onde errou na luta. Não teve estratégia? Cansado? As técnicas em certas situações não foram eficazes na luta? Nervosismo? Cortou o peso muito em cima e se sentiu cansado demais? E se o outro lutador foi melhor em algum fator ou múltiplos fatores? 

A vitória é sempre a melhor parte na vida do lutador, seja num campeonato ou um treino na academia com aquele parceiro de treino que perder não é uma opção. Qual lutador que não tem na memória algumas lutas inesquecíveis ou mesmo alguma que perdeu por pontos, mas não foi finalizado. Vencer é sempre bom. Voltar para casa sabendo que derrotou um atleta que você conhece, que possui qualidades físicas, técnicas ou ambas as qualidades superiores… Essa sensação de vitória, constatar que superou seus limites é muito boa. 

A vitória por pontos ou finalização é sempre um incentivo para treinar, mais do que nunca. Mas a vitória não pode trazer arrogância e nem a falta de humildade. A vitória deve ser o motivo pelo qual você vai aprimorar seu Jiu-Jitsu e torná-lo cada vez mais eficiente. Uma derrota pode apontar seu ponto fraco, e a partir do reconhecimento de sua fraqueza e onde tem de treinar, trabalhar até o ponto de fazer sua mais forte qualidade. 

Perder é ruim, mas não saber porque perdeu é ainda pior. Depois que a adrenalina do sangue sair, mentalmente, tente se lembrar de toda a luta ou veja se alguém filmou. Observe seus movimentos e do seu oponente, os movimentos certos devem ser incentivados e desenvolvidos, e os errados devem ser corrigidos e estudados para não repetir. Os movimentos “não feitos” devem ser amplamente estudados, pois nesses momentos é que muitas vezes eles permitem que você vença o adversário ou não tome uma finalização. 

Acredito que, se o lutador pensar corretamente, ele nunca verá uma derrota como uma perda total, ou um episódio que deva ser rapidamente esquecido. Ele sempre poderá tirar lições para lutas futuras e certamente será recompensado com vitórias. A vitória é sempre o objetivo de todo lutador em qualquer luta. Para fechar essa conversa, um pensamento do Mestre Jigoro Kano “Nunca te orgulhes de ter vencido a um adversário. Ao que venceste hoje, poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância”.

Para mais informações, veja www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o www.geracaoartesuave.com.br/.

* Por Luiz Dias