Coluna da Arte Suave: um debate sobre as formas erradas e prejudiciais de se encarar uma luta de Jiu-Jitsu; leia e opine

* Nos treinos de Jiu-Jitsu existem algumas formas de pensar e maneiras de encarar as lutas que, ao meu ver, são erradas e prejudiciais, e que acontecem dentro da nossa própria academia também. Pensamentos e conceitos errados que por vezes acabam até distanciando amigos. Você luta para finalizar, ganhar, submeter o oponente à sua finalização. Perder é algo que todo lutador nunca deseja, creio eu. Ninguém dá os “três tapinhas” e fica feliz. Às vezes, certas derrotas tiram nosso sono, o pensamento volta para a cena da derrota, mas devemos saber separar o lado pessoal da luta.
Ter a cara marcada pode acontecer em qualquer treino, em qualquer combate, mas devemos entender que a nossa arte apesar de suave é um esporte de contato, mais propício a ficarmos com marcas. O próprio atrito do quimono na pele pode ser de maneira acidental. Só tem essas marcas quem luta, e quando surgem essas marcas, principalmente na cara, não penso que foi proposital, que foi caso pensado ou feito intencionalmente por um amigo. Ao treinar duro, impor sua posição, essas marcas podem aparecer.
Não é um caminho bom você pensar que a marca foi intencional e que na próxima luta vai fazer o mesmo com seu oponente. Alguns até veem com certa “raiva” quando seu parceiro na academia de faixa abaixo vai lutando mais duro, buscando vencer. Mas por que encarar como falta de respeito? Não é esse o caminho? Não é o pensamento correto? Lutar para finalizar. Nós também temos nossos preconceitos. Um faixa-marrom não pode buscar a finalização contra um faixa-preta? Se um marrom for finalizado por um roxa deve levar como ofensa? Se um roxa tomar uma blitz de um azul, é pessoal o problema?
Devemos ficar longe desses pensamentos, e sim analisar o motivo de tomarmos os “carros”. Checar os parâmetros e ver se o erro está em nós… Se é falta de treino, desmerecer o oponente, lutar sem foco ou era para ser isso mesmo. Na minha academia, muitas vezes, é perceptível ver um atleta lutando com foco, garra e determinação, e outro que não entrou na luta, independentemente das faixas. Depois fica aquela “rixa”.
A rivalidade tem de ser saudável, sem ser levada para o lado pessoal. Ali, na hora da luta, não são as faixas que lutam. São dois atletas e, por vezes, quem ganha é o que está com mais garra e disposição. Gosto de treinar com meus alunos e ver que lutam comigo com respeito, mas vindo para o combate. Com firmeza e disposição, se ganhar um, vejo com alegria. Sinal que o que ensino, eles estão aprendendo, e luta dura não é grosseria. Agora, com o passar dos anos, você graduando e o aluno não aumentando o grau de dificuldade na luta, percebo como uma falha minha ao passar meus ensinamentos.
A evolução é constante, assim como o aprendizado também. Aeróbico, força e idade, às vezes, ajudam ou pesam. Então, da nossa parte como lutadores, vamos nos desligar de certos preconceitos. Vamos treinar. Levar para o dojo respeito aos parceiros de treino, lealdade, honra e espírito de luta e família. Bons treinos.
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* Por Luiz Dias