Coluna da Arte Suave: como o professor deve encarar a saída de um aluno da sua academia? Leia e opine

Coluna da Arte Suave: como o professor deve encarar a saída de um aluno da sua academia? Leia e opine

* Com as academias reabrindo e os atletas retomando os treinos, mesmo sem contato físico, a volta aos tatames já traz grande entusiasmo a todos os praticantes, até mesmo animando uma galera que estava parada antes da pandemia, que empolgou e decidiu voltar. Nessa semana, recebi um e-mail de um professor perguntando pra mim o que deveria fazer com um professor próximo à sua academia que, insistentemente, tentava pegar seus alunos para a academia “adversária”, com as mais diversas ofertas, mensalidade mais baixa e até mesmo outros atrativos. 

Claro que isso já aconteceu comigo e já ouvi vários comentários de fatos parecidos com esse. E inclusive escrevi sobre isso também. Nós, professores, temos de entender antes de tudo que é o aluno que escolhe o professor. Não interessa a motivação desse aluno para a escolha, mas é dele a decisão de onde ficar. A convivência pacífica e respeitosa entre professores de academias próximos deve – e pode – acontecer. É uma mentalidade muito pequena e lamentável de um professor que age assim e pensa que seu progresso consiste em captar alunos da academia próxima. 

Quando acontece comigo, vejo como um elogio, um bom sinal que meus alunos são bons dentro de suas respectivas faixas e que esse professor precisa deles para puxar o nível da sua própria academia. Os critérios para um aluno ficar são inúmeros, subjetivos, e vão de horários e até financeiros. Cada um tem suas expectativas, prioridades e seu próprio julgamento. Não encaro como se fosse “perder” um aluno. Interpreto que ele ou não se encontrou aqui na minha academia ou por outros motivos, decidiu buscar outra que, no momento, atende seu desejo imediato ou até mesmo por uma questão de horários. 

Isso acontece e buscar outro caminho faz parte. Cada aluno também tem uma expectativa do seu professor, não julgando certo ou errado. Mas tem. Até mesmo discordando de graduações que parceiros de treino recebem, ou porque ele não recebeu e se acha injustiçado. Particularmente, eu tenho um pensamento em não ser injusto, mas também não penso em quem agrado ou deixo de agradar, porque é o nome do professor que vai junto em cada faixa que ele gradua. Já vivenciei alunos meus indo para outras academias e serem graduados, no meu entender, antes da hora. Mas realmente não tiram a minha paz. Cada professor tem de ter em mente sua conduta e consciência. E se um aluno seu decide sair, é porque ele não está satisfeito e deve buscar o seu caminho em outra academia mesmo. Essa fidelidade tem de ser mútua, um laço de família, professor e aluno, cada um em seu campo de expectativas deve respeitar o outro.

Como professor, quando chegam alunos oriundos de outros professores, eu converso antes, para entender o motivo dessa mudança, e por vezes até converso com o outro professor, quando é meu amigo, para decidir se aceito ele ou não. Além de estar sempre pensando nas minhas aulas, tento perceber a melhor dinâmica, planejamentos de aulas e manter sempre a aula com um bom ritmo, independentemente se tem campeonato ou não. Manter um ambiente amistoso e bom é a melhor maneira de manter a sua equipe e aceitar a decisão de um aluno seu, independente da graduação e se ele decidir sair. Cada um sabe da sua vida e do seu caminho. Se o aluno não comentou nada com o professor e saiu, muitas vezes ambos sabem o motivo. Mas se é algo que pode ser conversado, resolvido, uma conversa com o seu professor vale a pena.

Às vezes, desgastes dentro da academia ou na vida pessoal seriam evitados com uma simples conversa, mas como professor, tenho a plena consciência que por mais que se tente, é impossível agradar a todos. Desde a metodologia das aulas às graduações. Então, fechando a resposta, não vejo como perda quando um aluno sai. Entendo que ele está buscando o caminho dele, e que naquele momento o que ele espera não encontrou na minha academia, quando se vê assim, não tem perdas. Cada um é responsável por suas ações e pelo seu próprio caminho, no dojo e na vida. Se por acaso um aluno decidir voltar, cabe a cada professor aceitar ou não, dentro do seu próprio julgamento, levando tudo que acredita em consideração. 

Para mais informações, veja https://www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o http://www.geracaoartesuave.com.br/. Oss!

* Por Luiz Dias