Coluna da Arte Suave: os ‘tipos de treino’ no tatame e a importância da comunicação entre os atletas; leia e opine

Coluna da Arte Suave: os ‘tipos de treino’ no tatame e a importância da comunicação entre os atletas; leia e opine

* Há pouco tempo, recebi um velho amigo de treino. Sempre é bom receber amigos na academia. Ele me disse que estava parado, já fazia muito tempo sem treinar, estava acima do peso e com medo de se machucar no treino. Enfim, aquela conversa que muitos professores já escutaram. Começou a aula, posições e, depois, vamos ao treino. Ele perguntou se poderia treinar comigo. É claro que aceitei. Mãos tocadas, vamos ao treino. 

Como ele tinha falado de tanto receio de se machucar nessa “volta aos treinos”, deixei que me raspasse e ele ficou por cima. Então, seus receios sumiram. Começou a querer finalizar de todo jeito. Percebi que seu foco não era dar um treino para dar giro, se lembrar de posições com um amigo (no caso eu). Até esse ponto, eu estava de sparring, deixando ele evoluir, mas atento. Até que ele decidiu fazer umas grosserias sem necessidade e ainda tentou me dar uma “mão de vaca”. Me defendi, raspei e, já com o joelho na barriga, posição que gosto com muito, logo ele me disse: “Calma, cara”. Eu estava calmo, apenas não entendi ele.

Quando você vai numa academia, e sendo amigo pessoal do professor ou mesmo de um aluno, acredito que você deve ter uma conduta correta. Pedir para treinar leve, devagar, alegando estar sem preparo, para em seguida tomar certas atitudes que não condizem com o que disse, não acho certo. Quer realmente voltar devagar? Então treine realmente devagar. Vá lembrando das posições. Vamos inverter a situação: chega um aluno ou amigo parado há tempos, te pede para ir mais devagar e você passa o carro, mesmo ele pedindo para ir mais cadenciado. Alguém vê mérito nisso? Eu não vejo nenhum. Ali estava um amigo dando uma força para um amigo parado, fornecendo um suporte para ele voltar aos treinos. Não cabia aquela atitude. 

Tenho amigos que, quando treinamos, acertamos antes do combate que é para treinar duro. Então, não tem surpresa para ninguém. Tenho um amigo faixa-preta que vem muito pouco treinar, mas quando vem, sei que é treino forte. Não tem conversa. Não gosto desse tipo de atitude, de pedir para ir leve e sair atropelando. Não gosto de perder, nem creio que alguém goste. Mas tem treinos e treinos. Não via até certo momento aquele “treino” como uma luta, eu via ali um amigo dando uma força para outro amigo voltar.

Muitas vezes, com amigos e alunos, eu falo: “Vamos treinar com força, porque também é bom e importante”. Mas pedir um tipo de treino e sair dando uma pressão não creio que seja proveitoso para ninguém, muito pelo contrário. Cria um ambiente ruim, em vez de ter um apoio dos seus parceiros de treino, que para quem está voltando não adianta, e principalmente para quem está voltando não é bom. As chances de lesões aumentam e creio não ser uma conduta correta em relação aos outros envolvidos.

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* Por Luiz Dias