Coluna da Arte Suave: praticar e repetir posições é essencial para evoluir no Jiu-Jitsu; confira e opine

Coluna da Arte Suave: praticar e repetir posições é essencial para evoluir no Jiu-Jitsu; confira e opine

Por Luiz Dias

Em uma aula minha, ao mostrar uma posição de raspagem, normalmente a repito em outras aulas durante a mesma semana para que todos vejam, aprendam e pratiquem, porque só repetindo a posição é que você vai se adaptando e ajustando essa posição.

Quando pedi que fizessem a posição repetidas vezes, eu escutei um aluno falando para outro, num tom de desaprovação em ter de repetir. Infelizmente, muitos não entendem a importância de se fazer a posição muitas vezes até introjetar o movimento. E muitos não percebem que a prática da repetição leva a uma execução eficiente e um ganho de confiança para executá-la com perfeição no treino ou em uma luta de campeonato.

Em um campeonato, recentemente, fiquei observando as lutas não só dos meus alunos, mas de maneira geral todas as lutas que aconteciam naquele momento, e era fácil notar a diferença de um competidor com confiança na posição que iria fazer e a rápida execução de sua rotina em relação a outros. Certamente, é o resultado de muito treino e repetição.

Repetir o golpe sistematicamente não significa que não sabe fazê-lo, muito menos uma “perda de tempo”, mas pelo contrário, são muito importantes essas repetições sistemáticas para adquirir velocidade e confiança no que executa. Muitos lutadores querem apenas lutar, lutar e lutar. Mas quando se fala em repetir os golpes ou movimentos específicos como parte do treinamento durante as aulas, muitos alunos não percebem a importância desta parte do “estudo” da arte marcial e reagem algumas vezes até com má vontade.

Alguns chegam a “executar” a posição apenas de um lado, sempre deixando de fazer a posição no lado que não é tão hábil, e muitas vezes repetem uma ou duas vezes apenas, já crendo que é o suficiente. Quando percebo isso em minhas aulas, eu explico aos meus alunos a importância de repetir o movimento para a melhor percepção e performance do lutador. Como escreveu sabiamente Vegécio, escritor do Império romano do século IV d.C: “Em qualquer batalha, não costumam trazer a vitória o número de soldados e a coragem instintiva, mas sim a arte e o treinamento que eles têm.

Muitos não percebem que através dessa importante etapa do treino, pode-se descobrir o seu melhor encaixe, outras variações do golpe e testar sua real eficiência, como também começar a diminuir a dificuldade que sente em determinado flanco do oponente. Esse é o momento de aperfeiçoar a posição, lapidar determinado movimento e executá-lo de uma maneira com tal de fluidez que o leva a um nível inconsciente para que, na hora do combate, o lutador execute o golpe sem pensar, o faz por puro instinto, naturalmente.

Todos os golpes são bons ou pegam, mas o único caminho que leva a execução de qualquer golpe para um grau de eficiência, rapidez e qualidade técnica é a prática constante. Só com a prática constante é que o lutador aumenta seu arsenal de golpes e impõe a sua técnica num combate. Esse princípio é percebido quando um lutador é elogiado pela sua técnica ou criticado com frases do tipo: “ele só sabe dar aquele golpe”.

O lutador tem que estar com a mente alerta e segura, o seu saber e agir devem ser um pensamento único. A mente deve estar focada no momento presente da luta, alheio ao placar, ao público. Para concluir esse texto, repito as palavras do mestre Zen Daisetsu Suzuki, com a seguinte frase: “O conhecimento técnico não basta. É preciso transcender a técnica para que a arte se converta numa arte sem arte, brotando do inconsciente”.

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