Coluna da Arte Suave: professor Luiz Dias reflete sobre a saída de um aluno para outra academia
* Há pouco tempo, um aluno meu saiu sem falar nada, foi para outra academia e, ao publicar fotos em mídias sociais, claro que vários alunos viram e eu também. Logo, meus alunos vieram falar comigo surpresos com essa mudança de equipe. Me perguntaram o motivo, e eu não sabia e continuo sem saber.
Coincidentemente, passado uns dias, eu recebi um e-mail de um professor me perguntando o que eu sentia “quando eu perdia um aluno para outra academia”. Eu, como professor, entendo que é o aluno que escolhe o professor. Os critérios para um julgamento que motiva o aluno a sair são inúmeros, subjetivos e até financeiros. Cada um tem suas expectativas e seu próprio julgamento. Não percebo como se fosse “perder” um aluno. Interpreto que ele não se encontrou aqui na minha academia, por um ou mais motivos, e foi buscar em outra academia o que não encontrou na minha, como também pode ser por motivos imperiosos.
Já tive alunos que se mudaram para um local mais distante e foram treinar em outras academias. Por vezes, é impossível mesmo treinar na sua academia de origem. Isso já aconteceu aqui comigo, e alguns voltam. Por exemplo, um se casou, foi morar num bairro distante da minha academia e treinou em outra mais próxima da sua casa. Quando voltou a morar aqui perto, retornou aos treinos comigo e continua até hoje.
Cada aluno também tem uma expectativa do seu professor, não julgando certo ou errado. Mas tem suas questões. Particularmente, eu sempre mantenho uma linha de treino e de ensino, procuro puxar sempre os limites dos meus alunos. Às vezes, não foi o caso desse meu aluno. Um aluno pode sair por discordar de graduações que parceiros de treino recebam, ou porque ele não recebeu e se acha injustiçado.
Eu tenho um pensamento em ser justo dentro dos meus critérios de avaliação, mas também não penso em quem agrado ou deixo de agradar, porque é o nome do professor que vai junto em cada faixa que ele gradua. Quando um aluno meu sai para outra academia, procuro saber o motivo. A maioria me procura e explica o motivo, e eu escuto porque pode ser uma crítica justa e construtiva, e se for o caso, correções são feitas. Mas quando o aluno sai sem dizer nada, esse tipo de atitude, realmente não tira a minha paz.
Cada professor tem de ter em mente que faz o seu melhor. Esse pensamento é o mais saudável para si e para os seus alunos. Mas se um ou outro decide sair, devemos respeitar sua vontade. Esse respeito tem de ser mútuo. E ambos, professor e aluno, cada um no seu campo de expectativas, devem respeitar as decisões de cada um. Creio que cada professor, e eu me incluo, eu faço isso, sempre que penso nas minhas aulas, tento perceber a melhor dinâmica, planejamentos de aulas e manter sempre o treino com um bom ritmo.
Independente se tem campeonatos vindo ou não, manter um ambiente amistoso, com treinos duros e bons, é a melhor maneira de manter a sua equipe unida. E procure entender a decisão de um aluno seu, independentemente da graduação, se ele desejar sair. Cada um sabe da sua vida, do seu caminho. Se o aluno não comentou nada com o professor e simplesmente saiu, não há o que fazer mais. Vida que segue.
Mas creio que todo aluno deveria falar com o seu professor antes da partida, porque se é um mal entendido, algo que pode ser conversado e resolvido, um papo com o seu professor sempre vale a pena tentar. Às vezes desgastes dentro da academia ou na vida pessoal seriam evitados com uma simples conversa. Mas como professor, tenho a plena consciência que, por mais que se tente, é impossível agradar a todos. Desde a metodologia das aulas até as graduações. Então, fechando a resposta, não vejo como “perda” quando um aluno sai. Entendo que ele está buscando o caminho dele, e que naquele momento, ele não encontrou na minha academia. Cada um é responsável por suas ações e pelo seu próximo passo, no dojo e na vida.
Para mais informações, veja https://www.instagram.
* Por Luiz Dias