Coluna da Arte Suave: no Jiu-Jitsu, ‘treinar’ a parte mental é fundamental para o sucesso; leia e saiba mais
Em seu novo artigo na TATAME, o professor Luiz Dias falou sobre a importância da parte mental no Jiu-Jitsu; confira mais
Em seu novo artigo, o professor Luiz Dias falou sobre a parte mental no Jiu-Jitsu (Foto: Reprodução)
Recebi um e-mail, em que o leitor não se identificou como lutador de Jiu-Jitsu e/ou professor, me perguntando o que mais um lutador poderia fazer, além de ter profissionais como preparador físico, fisioterapeuta e nutricionista. Se com todos esses profissionais a seu alcance, o que ele poderia fazer a mais.
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Então, aqui vai a minha opinião, apenas a minha opinião. Eu creio que existe um lado que é necessário praticar também: o lado mental do lutador. Sua preparação mental, que é estudar, o que eu digo ser o Jiu-Jitsu mental. Uma sugestão é ler textos sobre os princípios do Budô.
A palavra japonesa “budo” é formada por dois caracteres, o “bu”, que pode ter algumas interpretações, sendo as mais aceitas “ação de valor” ou “modo corajoso de viver”, e somado ao “do”, que significa “o caminho para a verdade”. É um importante texto, que todo lutador deveria ler para estudos e reflexões.
Ao ler sobre o Budô, começou a vir na minha mente situações que, à medida que fui lendo, e caso você for ler, irá certamente se lembrar de fatos que ocorreram em sua academia de Jiu-Jitsu. Os ensinamentos do Budô devem ser estudados pelo lutador e praticados de forma ativa em seus treinos, e certamente essa prática trará resultados positivos.
Muitos dos ensinamentos do Budô são experimentados particularmente através de uma autorreflexão e mudança de hábitos, sempre em busca de uma melhora como lutador e de pessoa, aumentando em muito a qualidade do seu treino de Jiu-Jitsu.
Em muitas escolas de artes marciais na antiguidade, os iniciantes eram obrigados a decorar, ou redigir de seu próprio punho, uma espécie de “termo de compromisso”, com pontos ou itens básicos para poderem, então, entender e se desenvolver em seus estudos marciais. Esses ensinamentos, inclusive, eram para ser praticados dentro e fora do dojô, dos ringues e centros de treinamentos.
Para vocês terem uma ideia do que estou falando, aqui está um pequeno exemplo. Numa dessas escolas de artes marciais do século XVII no Japão, os alunos aprendiam que as três proibições impostas eram as seguintes: desistir, mau comportamento e ser grosseiro. Desistir, sentimento que devemos impedir em todos os aspectos, perseverar para vencer nossos obstáculos e dificuldades.
Quem já não passou por períodos em que tinha a sensação que o treino de Jiu-Jitsu “não rendia”? Parece que não evolui, não consegue soltar o jogo e lutar bem, as posições não finalizam. Toma um carro atrás do outro. Nesses momentos é que temos que ter garra e ir em frente.
Outro ponto é se portar mal, que pode ser aquele lutador negando treino aos companheiros quando não os acham a seu nível, e acredita ser quase impossível aprender algo com um amigo de treino, e não quer treinar com quem ele “julga” que não esteja à altura de seu nível técnico. Hierarquia, respeito e ordem no dojô são fundamentais, mas existem aqueles lutadores que mudam sua maneira de tratar as pessoas de acordo com a sua faixa no Jiu-Jitsu.
E, por último, ser grosseiro. Existem lutadores que confundem treino duro com grosseria, que não se preocupam em preservar a integridade física do seu parceiro de treino, e por vezes até parecem se regozijar de lesionar seus parceiros de treino no Jiu-Jitsu, que realizam comentários desnecessários ou críticas destrutivas relativas aos seus parceiros de equipe.
Normalmente, esses tipos de conduta deixam esses lutadores sem treino e sendo bastante comum, na hora do treino livre, esses lutadores serem “evitados”. A prática do Budô por nós, lutadores, é essencial e traz melhorias não só no individual, como no coletivo, em nossas academias, refletindo numa melhora em todos os aspectos nos treinos de Jiu-Jitsu. Treine bastante, mas também treine a sua mente.
Para mais informações, veja www.instagram.com/luizdiasbjj/ ou entre em contato pelo e-mail [email protected]. Também conheça o www.geracaoartesuave.com.br/.
* Por Luiz Dias