Coluna Treinamento Desportivo: saiba as melhores formas de prevenir lesões no MMA; leia e opine

* O MMA é uma atividade esportiva de alta intensidade, no qual o principal objetivo é nocautear ou imobilizar o adversário. Sendo assim, lesões podem ser consideradas “parte do trabalho”, e a prevenção desafiadora. Essas lesões são visíveis durante as lutas, mas várias outras ocorrem durante a preparação do atleta.

Essa é a primeira de uma série de artigos que tem como objetivo focar em pontos importantes na prevenção de lesões no MMA. Para isso, convidamos o fisioterapeuta e fisiologista de exercício Tone Panassollo, que está fazendo doutorado em ciências da saúde na Nova Zelândia, para escrever sobre prevenção das principais lesões no MMA.

Antes de prevenir uma lesão esportiva, é necessário entender quais são as lesões mais comuns e seus fatores de riscos (intrínsecos e extrínsecos). Exemplos de fatores de risco intrínsecos são a idade do atleta de MMA, a condição física, flexibilidade e lesões anteriores. Já os extrínsecos são tipo de esporte, equipamento e carga de treinamento (1).

Esse primeiro artigo foca na lesão do ombro, que é uma articulação vulnerável devido sua característica anatômica (fator intrínseco), sobrecarga de treinamento, e diversas técnicas de imobilização (fatores extrínsecos) que focam essa articulação para finalizar uma luta.

Em um estudo publicado pelo Instituto de performance do UFC em 2021 (2), foi demostrado que 80.7% das lesões ocorrem durante as lutas de MMA, e somente 19.3% durante treinamento. No entanto, esses dados devem ser analisados com cautela, já que nem todas as lesões ocorridas durante treinamento são reportadas pelos atletas. Além do mais, grande parte dessas lesões são na região da cabeça, punhos e mãos decorrente de socos, cotoveladas e chutes.

Devido a técnicas de imobilização e quedas, o ombro é uma das articulações mais lesionadas durante treinamento e lutas de acordo com o Instituto de performance do UFC (2). Devido a técnicas de imobilização, como a kimura, as estruturas ligamentares e a cartilagem são postas em máxima tensão, podendo, assim, se lesionarem.

Os ligamentos e cartilagens promovem estabilidade passiva a articulação, já os músculos são importantes estabilizadores ativos. Sendo assim, uma musculatura forte pode evitar que a articulação seja posta em uma posição de tensão máxima durante uma queda ou técnica de imobilização como a kimura, ajudando na prevenção de lesões ligamentares e da cartilagem. Essas lesões podem ser agudas (em um único movimento) ou crônico, devido movimentos repetitivos que ocorrem durante anos de treinamentos.

Técnica, fortalecimento e flexibilidade são importantes fatores na prevenção de lesão em um atleta de MMA. A técnica tem um objetivo “educativo”, principalmente nos treinamentos. Nessa situação, o atleta que está sendo atacado deve “bater no tatame (desistir)” antes de colocar a articulação do ombro em tensão máxima.

Exercícios de fortalecimento como rotação interna e externa do ombro (figura 1), protração e retração da escápula (figura 2, e crucifixo inverso no cabo (Figura 3) são exemplos de exercícios usados para fortalecimento da musculatura do ombro. Como o objetivo aqui não é de hipertrofia muscular, 2-3 séries de 15-20 repetições devem ser utilizadas. Esses exercícios podem serem realizados antes do treinamento para ativar a musculatura. Nesse caso, 1-2 séries de 15-20 repetições com carga leve pode ser utilizada.

Exercícios de flexibilidade e mobilização devem ser realizados antes de cada treino de MMA, com o objetivo de preparar a articulação, e depois dos treinos, com o objetivo de relaxar a musculatura e ganho de flexibilidade. Alongamento balísticos que simulam a atividade esportiva e exercícios de mobilidade com bastão podem ser utilizados antes do treinamento e alongamento estático, com 2-3 séries de aproximadamente 30 segundos na posição alongada podem ser usados depois dos treinamentos.

Para maiores informações:

Tone R B Panassollo – Graduado em fisioterapia pela PUC-PR, Mestre em Educação Física pela Universidade Estatal de Cultura Física, Rússia, Doutorando em Ciências Clínicas na Auckland University of Technology, Nova Zelândia.

Email – [email protected]

LinkedIn – https://www.linkedin.com/in/tone-ricardo-benevides-panassollo-8ab548119

Referências:

1. Pizzari T, Green B, Dyk NV. Extrinsic and intrinsic risk factors associated with hamstring injury. In Prevention and Rehabilitation of Hamstring Injuries . : Springer, Cham.; 2020.
2. Institute UP. A Cross-Sectional Performance Analysis and Projection of the UFC Athlete. UFC Performance Institute2021.

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