Coluna Treinamento Desportivo: o Levantamento de Peso Olímpico como um elemento a mais no seu treino – Parte 2

Coluna Treinamento Desportivo: o Levantamento de Peso Olímpico como um elemento a mais no seu treino – Parte 2

O segundo tempo do arremesso está sendo cada vez mais incluído em programas de treinamento, e despertando um grande interesse de pesquisadores na sua aplicação em programas de força e condicionamento de atletas [6].

Na competição de Levantamento de Peso Olímpico (LPO), o arremesso é a prova mais esperada, por ter uma capacidade de elevação de carga acima da cabeça superior a do arranco clássico. [1]

Evidências também indicam que este exercício é excelente para alcançar altos níveis de potência. Uma das principais razões é que ele faz maiores exigências mecânicas ao atleta em termos de estabilidade da seção intermediária e da cintura escapular. [1] Durante o período soviético, foram realizados vários estudos com relação às formas de potencializar as alavancas e saídas do segundo tempo. [5]

2° Tempo do Arremesso Fixação Tesoura

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1- Posição Inicial: o corpo permanece estritamente na vertical. Os cotovelos são estendidos para  frente *, os braços relaxados, as pernas afastadas entre a largura do quadril e dos ombros. A pélvis é levemente puxada para trás, a cabeça ligeiramente afastada e o olhar é direcionado para frente.

2- Semi-agachamento: o pesista realiza meio agachamento, mantendo o tronco estabilizado, sentindo o peso da barra sobre os ombros. A profundidade deve ser ideal para promover um empurrão mais potente para fora da barra.

3- Empurrando para cima: após o semi-agachamento, o atleta deve subir empurrando a barra de maneira mais explosiva possível, mantendo a direção vertical, realizando a extensão máxima das pernas e empurrando a barra pra cima da cabeça.

4- Fase aérea: transição entre a explosão máxima de extensão das pernas e início do empurrão com deslocamento antero posterior das pernas.  

5- Fixação em tesoura na aterrissagem: em seguida, o atleta retoma avançando à frente, ficando posicionado com os pés paralelos e braços esticados acima da cabeça.

Cientistas russos realizaram alguns estudos com pesistas de alta qualificação, utilizando 90% do resultado individual máximo nos seguintes exercícios: arremesso com saída das costas, arremesso em tesoura, arremesso com fixação em paralelo, meio arremesso e arremesso pegada aberta. Dentre os diferentes exercícios, foi possível constatar que o exercício que gerou mais produção de força e potência foi o arremesso com saída das costas [4]. Além de melhorar o desempenho dos pesistas experientes, as variações de exercícios de saída com a barra na nuca podem ser úteis para alcançar altos níveis de desenvolvimento de potência no desempenho para a população esportiva em geral. [5] 

A sugestão de exercício para iniciantes no segundo tempo é a fixação paralela, considerado o terceiro exercício que mais gerou força e potência na pesquisa [4]. Pose inicial (A) e posição final pose (E):

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A- Posição inicial na posição vertical. Os cotovelos são estendidos para a frente *, os braços relaxados, as pernas posicionadas entre a largura do quadril e ombros. A pélvis é levemente puxada para trás, a cabeça ligeiramente afastada e o olhar é direcionado para frente.

B- Semi-flexão das pernas com a barra apoiada sobre os ombros, executar uma leve semi-flexão dos joelhos até uma angulação aproximada entre 12° a 16°; manter o tronco bem estabilizado e as escápulas ativas.

C- Início da impulsão vertical após flexão dos joelhos, o atleta deve empurrar com a maior força e velocidade o solo, realizando a extensão das pernas; a barra permanece apoiada sobre os ombros até o momento que a força do impulso será transferida para a barra.

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D- Momento de transição após essa transferência, os braços devem empurrar a barra para cima com força máxima verticalmente, otimizando a velocidade de subida da barra. Durante este momento, o atleta deverá descer um pouco, realizando a extensão dos braços, não esquecendo de manter a estabilização escapular para uma melhor estabilização e sustentação da carga.

E- Estabilização da barra.

F- Posição Final.

* Não necessariamente existe a obrigatoriedade dos cotovelos ficarem voltados para frente. Muitos pesistas executam o segundo tempo do arremesso com os cotovelos em posição vertical. 

Observações:

Antes de realizar os movimentos de LPO com cargas elevadas, é preciso aprender corretamente o modelo de execução. Desta forma, você evita a possibilidade de lesão e, em contrapartida, ganha um forte aliado para o seu treinamento. Recomendamos a ajuda de um profissional de Educação Física registrado no CREF para desenvolver um programa individualizado.

Alceny Neto: é Mestre em Treinamento Desportivo na Cadeira de Metodologia e Teoria do Levantamento de Peso Olímpico – Rússia, indicado pela Confederação Brasileira de Levantamento de Pesos (CBLP) para ministrar no módulo de tópicos especiais para Turma de LPO, da Academia Brasileira de Treinadores ABT/IOB. Preparador Físico do Tricampeão Paranaense e Campeão Carioca de Boxe amador, recentemente profissionalizado Fernando Black. Instagram: https://www.instagram.com/alcenyneto/

Referências: 

  1. Garhammer J. Power production by Olympic weightlifters. Med Sci Sports Exerc. 1980;12(1):54–60.
  2. Grabe SA, Widule CJ. Comparative biomechanics of the jerk in Olympic weightlifting. Res Exerc Sport. 1988;59(1):1–8.
  3. Lake J, Lauder M, Dyson R. Exploring the biomechanical characteristics of the weightlifting jerk. In: ISBS—conference proceedings archive. 2007;1:1.
  4.  Medvedev.A.S , Masaligina I. A , Errera A. G, Frolova V.I, Deniskina V.H . klassifikatsiya tol’chkovykh uprazhneniy v pod’yeme shtangi ot grudi, metodika ikh primeneniya v zavisimosti ot kvalifikatsii tyazheloatletov – yezhegodnik tyazhelaya atletika ,1982. 
  5. Medvedev. A.S Sistema mnogoletney trenirovki v tyazheloy atletike: Uchebenoye posobiye dlya trenerov. – M.; Fizikul’tura i sport, 1986. 272 Paginas, il.- (Gos. kom. URSS  po fiz. kul’t. i sportu; GTSOLIFK).
  6. Soriano, M.A., Suchomel, T.J. & Comfort, P. Sports Med (2019). https://doi.org/10.1007/s40279-019-01096-8 
  7.  Stone MH, Byrd R, Tew J, et al. Relationship between anaerobic power and Olympic weightlifting performance. J Sports Med Phys Fit. 1980;20(1):99–102.

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Stéfane Dias: PhD em Treinamento Desportivo – Rússia e Professor da Keiser University – USA / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/dr.stefanedias/

Everton Bittar Oliveira: Especialista em Treinamento Desportivo e Preparador Físico da American
Top Team / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/evertonvvoliveira/

Carlos Alves: Mestre em Treinamento Desportivo e Preparador de Atletas / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/coach_carlosalves/

Fábio Vieira: PhD em Ciências do Movimento Humano e Professor da Universidade Brasil / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/fabiosfvieira/

Diego Lacerda: Mestre em Treinamento Desportivo – Rússia / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/diegolacerdatkd/

Pavel Pashkin: Mestre em Treinamento Desportivo e Treinador Profissional de Sambo – Rússia / E-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/pashkinpavel