Coluna Treinamento Desportivo: saiba mais sobre o aumento do poder de nocaute através da preparação física

Coluna Treinamento Desportivo: saiba mais sobre o aumento do poder de nocaute através da preparação física

Os atletas normalmente se beneficiam, quando além dos fatores técnicos de seu esporte, realizam uma preparação física de maneira adequada. Quando as capacidades físicas do organismo são melhoradas, o desempenho atlético aumenta. O treinamento, tanto do componente técnico do esporte, quanto da parte física, provoca aumentos na capacidade de trabalho e nas habilidades esportivas, tornando o atleta pronto para competição [2].

Os esportes de combate são intervalados ou intermitentes, o que significa que há períodos de intensidade muito alta e outros de baixa intensidade, com um período de descanso designado entre os rounds. Isso nos informa que diferentes sistemas energéticos estão sendo usados e devem ser estimulados por meio de treinamento específico. Força e potência, além da capacidade cardiorrespiratória e flexibilidade, são todos requisitos dos esportes de combate e devem ser considerados como componentes necessários do regime de treinamento do atleta [1]. Tudor Bompa afirma que, com a preparação física específica para cada esporte, a força absoluta e relativa são melhoradas, assim como aumenta a massa muscular e a elasticidade muscular quando um atleta participa de um programa individualizado. Atributos específicos como potência ou força também são melhorados [2].

Pesquisa recente mostrou que existe uma correlação direta entre um alto nível de força e potência e um maior poder de nocaute em movimentos de trocação como: Boxe e Muay Thai. Os atletas mais fortes e potentes tiveram melhor desempenho durante a pesquisa, que buscou medir a eficácia da força de socos jabs e diretos em uma plataforma de força fixada na parede juntamente com um alvo [4]. Vale ressaltar que, devido à prática de corte de peso (perda rápida realizada na maioria das categorias de peso), os grandes ganhos de hipertrofia podem ser prejudiciais à saúde do atleta e este fator precisa ser considerado pelos treinadores ao programar o treino [4]. Toda atenção aos detalhes é necessária.

O treinamento físico específico prepara o atleta fisiologicamente, usando movimentos encontrados no esporte específico [2]. Quando um atleta é preparado fisiologicamente – tanto muscularmente quanto metabolicamente –, ele se recupera mais rapidamente e apresenta melhor desempenho [2]. Além disso, as ações técnicas devem ser realizadas corretamente, utilizando os movimentos mais eficientes, com velocidades elevadas [2].

Dependendo do esporte, os golpes podem ser executados não apenas com as mãos, mas pés, canelas, joelhos e cotovelos. No entanto, existem alguns fatores muito específicos para golpes realizados com a parte superior do corpo. Enquanto os membros inferiores estão em velocidade zero, os atletas iniciam a força contra o solo e aceleram seu corpo após superar a inércia, e a extensão final do braço acontece em uma velocidade muito alta. Portanto, as características cinéticas e cinemáticas dos movimentos que resultarão no golpe devem ser consideradas no treinamento [3]. Durante a pesquisa sobre boxeadores, um impacto maior foi alcançado quando o atleta foi autorizado a dar um passo em direção ao alvo, a posição auto-selecionada (distância escolhida pelo atleta), em oposição a uma posição estática pré-designada (distância escolhida pelo pesquisador), produziu melhores resultados [4], mas quando consideramos atletas de MMA, temos que lembrar de socos e outros golpes que ocorrem, tanto em pé e no chão, o que criam demandas físicas únicas.

Ao analisar dados estatísticos de pugilistas amadores, percebemos que estes apresentam uma média de 1,4 ação/segundo durante a competição [4], então podemos entender o quão importante é o treinamento específico para o esporte. Não só o Boxe, mas em geral.

Conclusão:

Em esportes que envolvem trocação como Boxe ou Muay Thai especificamente, o atleta deve ser capaz de produzir uma força elevada em alta velocidade. Este é um fato específico do esporte que justifica o treinamento de potência (força x velocidade = potência) [4]. É necessário que os treinadores também desenvolvam a parte técnica dos movimentos em suas sessões de treinamento para otimizar a força e a potência na eficácia de golpes (ou ataques) possibilitando ao atleta escolher qual a melhor distância para realizar esses ataques [4], distância esta que é diretamente proporcional à força resultante com que será atingido o ponto alvo ao final do golpe.

Os métodos que produzem os melhores resultados no aumento do poder de nocaute, são aqueles orientados para o desenvolvimento da potência e devem utilizar cargas leves ou moderadas em alta velocidade [4]. Como esses golpes são rápidos e com curta duração de tempo, ou seja, com aumento na aceleração, o atleta deve tentar melhorar a potência anaeróbica além de desenvolver força nos membros superiores e inferiores visto que existe uma correlação significativa (por volta de 82%) entre a potência de membros inferiores e a habilidade de produzir potência com os membros superiores [4].

Como exemplo prático podemos sugerir a execução de 5 series de 5 repetições com máxima velocidade com um intervalo relativamente longo de 3-5 minutos entre as séries.

Observação:

Recomendamos a ajuda de um profissional de educação física registrado no – CREF para desenvolver um programa individualizado.

Na elaboração deste artigo tivemos a participação de Rokaya Mikhailenko, ACSM-CPT.

Agradecemos também a colaboração do Atleta da American Top Team – Natan “Russo” Schulte, bem como seus treinadores e Mestres de Muay Thai – Luciano “Macarrão” Santos e Katel Kubis; o preparador físico – Everton Bittar; o treinador de BJJ – Marcos Parrumpinha e o Head Coach da ATT – Conan Silveira.

Referências:

  1. Andrade, A., Flores, M., Andreato, L., Coimbra, D. (2019) Physical and Training Characteristics of mixed martial arts athletes: systematic review. Strength and Conditioning Journal 41(1): 51-63.
  2. Bompa, T. (1999) Periodization; Theory and Methodology of Training 4th ed. Champaigne, IL: Human Kinetics.
  3. Chaabène HTabben, M., Mkaouer, B., Franchini N. Y., Hammami, M., Chaabène, RBHachana, Y. (2015) Amateur boxing: physical and physiological attributes. Sports Med. 45(3):337-52. doi: 10.1007/s40279-014-0274-7.
  4. Loturco, I., Nakamura, F., Artioli, G., Kobal, R., Kitamura, K., Cal Abad., C… (2016) Strength and power Qualities are highly associated with punching impact in elite amateur boxers. Journal of Strength and Conditioning Research, 30(1)/109-116.

Dr. Dias pic TatameStéfane Dias: PhD em Treinamento Desportivo – Rússia e Professor da Keiser University – USA/ e-mail: [email protected]/ Instagram: https://www.instagram.com/dr.stefanedias/

 

 

fabiocolunaFábio Vieira: PhD em Ciências do Movimento Humano e Professor do Centro Universitário UNIVAG – e-mail: [email protected] – Instagram: https://www.instagram.com/fabiosfvieira/

 

 

diegocolunaDiego Lacerda: Mestre em Treinamento Desportivo – Rússia – e-mail: [email protected] – Instagram: https://www.instagram.com/diegolacerdatkd/

 

 

Pic PashaPavel Pashkin: Mestre em Treinamento Desportivo e Treinador Profissional de Sambo – Rússia – e-mail: [email protected] – Instagram: https://www.instagram.com/pashkinpavel