Coluna Treino Certo: professor de Jiu-Jitsu precisa ser formado ou não? Saiba mais sobre e opine

Coluna Treino Certo: professor de Jiu-Jitsu precisa ser formado ou não? Saiba mais sobre e opine

Em seu novo artigo, Ítallo Vilardo fala sobre a formação, ou não, do professor de Jiu-Jitsu (Foto Divulgação)

Sempre escrevo aqui sobre performance, organização de treinos, exercícios e esse tipo de coisas. Porém, hoje vou falar de um outro assunto, mas que não deixa de estar interligado com todo resto: a importância, ou não, do professor de Jiu-Jitsu ser formado ou não em Educação Física.

Já é lei que o CREF não tem poder sobre a aula de luta. O que vale é o professor ser faixa-preta e registrado. Com isso, o órgão que regula a Ed. Física não tem poder sobre o profissional, mas será que só isso basta? O professor formado leva vantagens em cima de um professor não formado? Eu já tenho um pouco mais de 11 anos de faixa-preta de Jiu-Jitsu, dou aulas há um pouco mais que isso, comecei como faixa-marrom ajudando meu Mestre Leonardo Castello Branco em suas aulas, e tenho um pouco menos de tempo de formado no curso de Educação Física.

Em seu novo artigo, Ítallo Vilardo fala sobre a formação, ou não, do professor de Jiu-Jitsu (Foto Divulgação)

Em seu novo artigo, Ítallo  fala sobre a formação, ou não, do professor de Jiu-Jitsu (Foto divulgação)

Quando fiz minha monografia no curso, escolhi um tema que estava relacionado a isso, e o que constatei era que a maioria dos professores de luta (Judô e Jiu-Jitsu) apenas recriavam nas suas aulas o que o professor deles fez com eles, e por aí vai. Ou seja, grande parte apenas reproduzia o que já era feito há anos, e a justificativa era: “Eu também fiz isso quando era aluno”. Isso mostra que muitas vezes acabamos parando no tempo e reproduzimos movimentos sem saber o real motivo.

É aí que entra a importância da formação, pois nos faz ter um olhar mais crítico sobre o objetivo das aulas, sobre progressão pedagógica, planejamento e fases do treino, limites do corpo e idade de desenvolvimento (fundamental para quem trabalha com crianças). Costumo ministrar cursos de atualizações para professores de luta que não são formados, levando para eles um pouco desse conteúdo para que empreguem e melhorem a qualidade das suas aulas, saber extrair mais do aluno e melhorando também a criatividade durante as aulas.

Em um desses cursos, eu tive a honra de receber na plateia dois Mestres faixas vermelha e preta na arte suave. Durante minhas indagações, um deles me cortou e disse: “Professor, você está dizendo que minha aula é errada?” Eu respondi que não, ela simplesmente não evoluiu conforme a ciência e as pesquisas evoluíram. Ela precisava ser atualizada e que, durante a parte prática da minha palestra, ele iria entender o que eu estava falando. Dito e feito. Ao final da aula, ele veio me dar os parabéns e disse que eu havia feito ele abrir os olhos, e isso vindo de quem era vale mais do que qualquer coisa! Simplesmente, mostrei novas formas de abordagem, progressão e aquecimento, saindo daquele tradicional alongamento estático (coisa que já se sabe que não deve ser feita), corridas em volta do tatame e inúmeras repetições de movimento, muitas vezes sem progressões nenhuma.

Ser formado ajuda em muitas coisas. Abre os olhos, ensina a respeitar e entender seus limites, mas um professor com bom senso, vontade de aprender e esforço consegue suprir essas necessidades. O primeiro passo é saber que a luta não é uma guerra, os alunos não são soldados. Quanto mais não é sinônimo de melhor. Não precisa ser formado para ser um excelente professor, basta ter boa vontade. Não esqueça que tudo evolui e a aula também. Só porque o seu professor fez isso quando era aluno e, consequentemente você fez também, não significa que isso é o melhor.

Itallo Vilardo – Excelência em preparação física para lutas. Para mais: www.itallovilardo.com.