Com despedida do MMA definida, Vitor Miranda revela propostas, faz balanço da carreira e cita momentos marcantes

Com despedida do MMA definida, Vitor Miranda revela propostas, faz balanço da carreira e cita momentos marcantes

Oriundo do Kickboxing, onde foi um dos melhores atletas brasileiros da sua geração na modalidade, Vitor Miranda também construiu uma carreira de sucesso no MMA. Apesar do início tardio no esporte, o lutador acumulou passagens por eventos como Shooto Brasil e Bitetti Combat, foi vice-campeão do reality show TUF Brasil 3 e lutou pelo UFC entre 2014 e 2018, acumulando um cartel de 12 vitórias e sete derrotas ao longo de sua trajetória nas artes marciais mistas. Atualmente com 41 anos, o catarinense está pronto para fazer sua despedida do MMA.

O último ato do experiente atleta acontecerá pelo evento Taura MMA, que vem se destacando por contratar diversos nomes de destaque do cenário nacional como Renan Barão, Antônio Pezão, Gleison Tibau, entre outros. Embora ainda não tenha um adversário ou até mesmo uma data para que a luta aconteça, a expectativa é de que a despedida de Vitor do MMA aconteça no primeiro semestre de 2021. Sem lutar profissionalmente na modalidade desde julho de 2018, quando fez sua última luta no Ultimate, o “Lex Luthor” pediu um tempo à organização do Taura para realizar uma boa preparação visando o confronto.

“Um dos requisitos para eu assinar o contrato para essa luta é de que eu precisava de um tempo para treinar, porque estou há cerca de um ano e meio parado, sem treinar, então preciso voltar bem e com calma para não ter lesão, daí, no final do ano, eu marco a data para três meses depois, algo assim. A preparação começou há pouco tempo e vai até o final do ano, onde eu marco a data da luta e entro em camp, com toda a intensidade que preciso para chegar 100% no combate”, disse Vitor Miranda.

Ao longo do bate-papo, o lutador de Joinville falou sobre a expectativa para sua luta de despedida do MMA, as propostas que recebeu além do Taura MMA no período fora de competições, fez um balanço de sua carreira nas artes marciais mistas, listou os momentos mais marcantes da sua trajetória e muito mais.

Confira a entrevista completa com Vitor Miranda:

– Expectativa para a luta de despedida do MMA

A gente nunca está preparado para fazer a última luta (risos), mas eu já venho preparando minha cabeça e meu psicológico para realmente encerrar a carreira, e estou fazendo essa luta porque eu queria esse encerramento, queria entrar em uma luta sabendo que é a última, então estou bem tranquilo quanto a isso. O que eu não queria era parar de repente, queria um encerramento pra mim e para os meus fãs.

– Propostas recebidas além do Taura MMA

Nesse um ano e meio que fiquei parado, surgiram muitas propostas, inclusive uma bem grande do evento Ares FC, de um empresário francês. Como nesse ano os eventos de MMA foram liberados na França, ele me chamou, primeiro para fazer uma luta na África do Sul, depois na França, por um bom valor e quatro/cinco lutas no contrato, e eu recusei, porque ainda não era o momento. Mas agora é o momento. Na época desse contato, eu ainda não me sentia preparado, porque eu tinha acabado de fazer minha última luta, estava curtindo as férias ainda e eu também estava iniciando novos projetos, tinha acabado de fechar com o UFC para fazer as análises, ainda estava me adaptando à rotina de gravações obrigatórias, então eu estava numa situação onde eu não poderia assumir compromissos de fechar com um evento, treinar forte, fazer dieta. Mas agora, fechando com o Taura e com uma perspectiva a longo prazo, tendo a oportunidade de ter tempo para treinar e me preparar, eu vi que era a hora, não teria outra oportunidade como essa tão cedo. Eu já vinha conversando com o Taura desde o início do ano passado, vinha negando, mas agora é o momento.

– Balanço da carreira e grandes realizações

Eu comecei a minha carreira de luta em 2001, mas eu só comecei a me preparar para uma luta de MMA, de fato, em 2007/2008, quando eu posso dizer que fiz minha estreia realmente, contra o Fábio Maldonado. Antes disso, foram treinamentos e lutas 100% focadas na luta em pé/Kickboxing. Olhando pra trás, me sinto muito satisfeito e realizado. Comecei tarde na luta, com 21 anos já, e tive um sucesso muito rápido dentro da luta em pé, sendo considerado o melhor peso-pesado do Brasil no Kickboxing, isso me dá um orgulho enorme. Com 28 anos, fui para o MMA. Se começar na luta em pé aos 21 já era coisa de maluco, iniciar no MMA a nível profissional com 28 era insanidade (risos). Por essas conquistas, me sinto realizado por ter me superado, porque minha régua de sucesso não é se fui campeão mundial ou fiquei milionário, mas ter começado do zero e ter me superado a cada luta, com o tempo e oportunidades que tive.

– Momentos mais marcantes nas artes marciais

Pensando rápido, tem dois momentos muito marcantes. Primeiro foi o meu auge no Kickboxing, no K-1, onde lutei em 2007, na Turquia, e venci o torneio fazendo três lutas na mesma noite. Era a ‘zebra’ da competição, fui lá, detonei os melhores da Europa e venci. Isso foi fantástico para mim, trazer um título inédito para o Brasil. Outro fato marcante foi a estreia no UFC, em Barueri, onde venci por nocaute faltando dois segundos para terminar a luta. A minha luta foi de abertura do card e o ginásio já estava lotado, parecia que era luta principal. Quando eu venci, a galera gritou meu nome e foi uma emoção de outro mundo.

– Volta rápida ao Kickboxing após saída do UFC

Antes de eu sair do UFC, eu estava em conversa com o pessoal do WGP, que são representantes do GLORY aqui no Brasil, para poder fazer uma luta lá, e eu queria, mas eu nem arrisquei em pedir uma liberação para o UFC, porque provavelmente não iam deixar e eu também não queria desfocar do que eu estava fazendo. Quando saí do UFC, pensei: agora vou retomar aquela conversa e quero terminar minha carreira no GLORY. Inclusive, fiz uma luta de Kickboxing no WGP, onde a ideia era me ‘vender’ para oGLORY, e o pessoal deles falou: ‘a gente precisa de uma luta recente dele, para podermos ver como ele está e fechar contrato’. Então, fiz a luta no WGP, nesse intuito de apresentar o ‘material’ para eles, venci bem a luta, porém, o empresário que estava vendo isso pra mim me deixou na mão, não me deu resposta e não evoluiu nessa questão. Nesse momento, eu abri minha academia em Joinville, me dediquei nas aulas, no projeto com o UFC, nos projetos com minha esposa, então a coisa foi esfriando e eu deixei passar, é um projeto que ficou pra trás.

– Futuro como comentarista e próximos planos

Quando a aposentadoria vier de fato, já tenho trabalhado no canal do UFC. Nosso primeiro ano de contrato vai vencer agora e eu espero renovar e fazer cada vez mais coisas junto com o UFC. O projeto pessoal será continuar com vídeos, estou trabalhando bastante com vídeo, aprendendo muito, e eu quero contribuir com minha experiência, assim como estou contribuindo com os comentários das lutas do UFC, quero expandir isso para o meu canal, fazer ele crescer ainda mais, para seguir agregando e fazer o esporte crescer no geral.

* Por Mateus Machado