Treinando na garagem, Alan Nuguette fala sobre duelo cancelado e torce por retorno rápido do UFC: ‘Eu preciso trabalhar’

Treinando na garagem, Alan Nuguette fala sobre duelo cancelado e torce por retorno rápido do UFC: ‘Eu preciso trabalhar’

* Sem lutar desde outubro do ano passado, Alan Nuguette foi, assim como outros diversos lutadores, afetado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O brasileiro tinha duelo marcado contra Frank Camacho no card do UFC Lincoln, que estava agendado para o próximo dia 25 de abril, mas que foi cancelado pela organização, tendo em vista a recomendação das autoridades de que eventos esportivos não aconteçam no atual momento.

Por ter sido avisado “de última cima da hora” que seu combate havia sido cancelado, Nuguette vinha em preparação normal para a luta, assim como Ronaldo Jacaré, que enfrentaria Uriah Hall no UFC 249, em 18 de abril, e também teve seu confronto adiado. Os dois lutadores estavam treinando na garagem da casa de Jacaré, auxiliados pelo treinador Josuel Distak, e em entrevista à TATAME, Nuguette falou sobre como vinha sendo sua preparação e o momento em que recebeu a notícia do cancelamento do confronto.

“Eu já vinha ajudando o Jacaré para as lutas anteriores dele, e essa seria ainda mais especial, porque ele ia lutar em uma semana e eu lutaria na próxima, então estava tudo certo da luta acontecer, eu estaria no córner dele e ele no meu. Estávamos, inclusive, prontos para viajar. A gente tinha encerrado o treinamento, os sparrings e estávamos nos preparando na garagem da casa dele, que tem toda a estrutura para a gente treinar, tem até um tatame. Fizemos preparação física, sparring, treinos de Boxe e outras atividades. Essa situação do coronavírus e o cancelamento das lutas, de última hora, pegou a gente de surpresa”, relatou.

Confira outros trechos da entrevista com Alan Nuguette:

– Após a luta do Jacaré cair, você já esperava que seu duelo seria cancelado também?

Tudo ia se resumir na luta do Jacaré. Como a luta dele caiu, eu já sabia que, automaticamente, a minha também cairia, porque tudo se resumia ao UFC 249, que era o card com mais relevância para o UFC, e se ele acontecesse, os outros também aconteceriam. Graças a Deus, financeiramente, a gente tem se mantido, mas claro que ficamos decepcionados, porque a gente ganha pontualmente, não ganhamos um salário. Lutou, ganhou. Se não lutou, não tem dinheiro. Mas agradeço muito por ter alguns parceiros e patrocínios, que me dão uma ajuda financeira mensal. Está dando para segurar a onda e aguardamos uma nova data.

– Quais foram os impactos do novo coronavírus na sua rotina como lutador?

Foi um golpe sofrido por todos, né, porque o dinheiro não roda. Além dos treinos e de todo o custo que isso envolve, eu não consegui fechar uns patrocínios pontuais. Foi ruim para mim, porque também tenho alguns alunos e com a academia fechada, está tudo paralisado. Mas vida que segue, sei que vamos superar.

– Você considera que a decisão do UFC de cancelar os próximos eventos foi certa?

A gente queria que o evento acontecesse pelo trabalho que a gente fez, pelos três meses de treinamento, pelo confinamento na garagem para treinar. A gente queria mostrar nosso trabalho, mas não deu. Mas é claro que eu entendo que é por um bem maior. Eu pensei que o evento e, consequentemente, a minha luta aconteceria, até porque em Brasília aconteceu com as medidas de precaução que organizaram pelo evento, mas é isso, precisamos ter paciência, nos cuidar e esperar uma nova oportunidade para lutar.

– Agora que a sua luta foi cancelada, como você tem mantido a forma? 

Eu continuo treinando como antes. Meu treinador Josuel Distak continua aqui e estamos mantendo os treinamentos na garagem, todos os dias. A gente só não está na mesma intensidade como se fosse para uma luta, mas o treino não para, estamos com tudo. Nesse quesito, a gente está preparado. Se a luta for marcada para amanhã ou semana que vem, eu e o Jacaré estamos prontos para lutar. Qualquer dia e lugar.

– Como vocês estavam se prevenindo e se cuidando durante os treinos diários?

A gente está igual aqueles vídeos da internet… dá um ‘rola’, lava mão, dá outro, higieniza a mão novamente (risos). Brincadeiras à parte, nós já estamos há mais de quatro meses juntos, eu, o Distak e o Jacaré, então estamos imunes. Sabemos a rotina um do outro, onde cada um anda, e é do treino para casa, da casa para o treino, então quanto a isso, estamos tranquilos. E estamos seguindo a precaução, colocando as luvas e a máscara quando vamos ao mercado, lavando as mãos sempre, estamos tomando muita Vitamina C e E, para deixar a imunidade do corpo sempre boa, ainda mais porque estávamos em processo de perda de peso. Voltamos a comer normalmente, já que a luta foi cancelada, então a imunidade tá ótima, sem dúvida.

– O UFC já chegou a falar sobre quando você poderá lutar novamente?

Até agora, meu empresário não falou nada, apenas que a luta foi cancelada. Mas o matchmaker do UFC, Sean Shelby, falou para eu me manter ativo e treinando, porque a qualquer hora ele pode precisar do meu trabalho. Ele mandou eu ficar em alerta, então é isso que estou fazendo. O foco é a luta do Jacaré, que pode acontecer em maio, mas se abrir uma vaga no mesmo card, eu estou dentro, até porque estarei no córner dele (risos). Se uma luta cair, estarei pronto, no peso leve e ou no meio-médio. Eu preciso trabalhar.

* Por Mateus Machado