Com trompete na mala e pouco dinheiro, Michel Pânico se muda para Xangai, embala e chega ao Rebel FC: ‘Estou pronto’

Com trompete na mala e pouco dinheiro, Michel Pânico se muda para Xangai, embala e chega ao Rebel FC: ‘Estou pronto’

Com apenas 75 dólares no bolso e sem falar uma palavra em inglês ou mandarim, o pernambucano Michel “Pânico” Lima desembarcou há nove meses na China em busca de um sonho: dar uma vida melhor para sua família. Lutador de MMA e trompetista nas horas vagas, ele morou três meses em Jinan, capital da província de Shandong, e atualmente reside em Xangai, cidade com mais de 24 milhões de habitantes. Assim que chegou ao país asiático ele lutou no evento WLF, em Zhengzhou, e saiu com a vitória. Dois meses depois ele voltou a lutar e a vencer no WLF. Já neste sábado (7), ele fará a sua terceira luta de MMA em território chinês, desta vez no Rebel FC 9, que será realizado em Xangai.

“Desembarquei na China em dezembro do ano passado e lutei uma semana após a minha chegada. Quando cheguei, não sabia falar nem inglês. Eu não sabia nem o que era ‘hello’ (risos). Não foi fácil pra mim. Mas estudei sozinho através de alguns aplicativos que baixei no celular, e aos poucos consegui desenrolar. Não sou fluente, me considero muito ruim ainda (risos), mas hoje consigo me comunicar melhor. Mas a pior parte é ficar longe da minha esposa e dos meus dois filhos (Michel tem um filho com 1 ano e outro com 4 anos). Fico com o coração apertado todos os dias, mas luto pelo sonho de dar uma vida melhor para eles”, disse o brasileiro.

Antes de se tornar lutador profissional de MMA, a paixão de Michel era a música. Natural da cidade de Petrolina, em Pernambuco, Michel aprendeu ainda criança a tocar trompete e a ler partituras, e com isso conseguiu bolsas de estudo nos colégios que frequentou. Ele também tocou em algumas bandas, e com a grana conseguiu comprar seu primeiro par de luvas antes de ingressas de vez na luta.

“Estou com 27 anos e estou envolvido com lutas profissionais desde os meus 18. Mas antes disso eu era músico. Toco trompete e leio partitura desde criança, graças ao meu pai Osmar Batista, que me ensinou. Eu tocava em alguns colégios para garantir bolsa de estudo e fazia bicos em outras bandas para fazer um extra. Para conseguir o meu primeiro par de luvas não foi fácil. Comprei com o suor do meu trabalho. Não era pobre, nunca faltou comida na minha casa, graças a Deus, mas eu nunca tive vergonha de trabalhar para correr atrás do meu. Ainda não estou bem de vida, mas tenho sonhos. Sonho com os melhores palcos do MMA e sei que, fazendo por onde, um dia eu terei muita grana”, vislumbra um ambicioso Michel.

A caminhada rumo aos grandes palcos do MMA pode começar neste sábado, quando ele terá pela frente o russo Abdulmutalib Gairbekov, que não perde uma luta desde 2012. Michel Pânico vem embalado por seis vitórias seguidas e não sabe o que é perder há três anos. Com um cartel de 17 triunfos e apenas dois reveses, ele espera que um novo resultado positivo em um evento do porte do Rebel FC, contra um atleta duro como Gairbekov, chame a atenção de franquias como ONE Championship e UFC, por exemplo.

“Me sinto pronto para lutar nos grandes eventos e contra os Top 5 da categoria. Tenho certeza que faço frente aos atletas bem ranqueados da categoria peso pena. Sempre sonhei em lutar no ONE Championship e no UFC. Cada vez amo mais a Ásia e acredito que eu consiga fazer um ‘big money’ no ONE, ganhar dinheiro. Me vejo lutando e vencendo os grandes nomes da categoria. Eu só preciso de uma oportunidade para provar isso. Tenho um estilo diferente, pois sou agressivo no cage e engraçado fora dele. Tenho certeza que conseguiria atrair um grande público para ver as minhas lutas. Só preciso de uma chance”, concluiu.