Contratada pelo UFC, faixa-preta de Judô Luana Pinheiro fala sobre comparações com Ronda Rousey: ‘Ela me inspirou’

Contratada pelo UFC, faixa-preta de Judô Luana Pinheiro fala sobre comparações com Ronda Rousey: ‘Ela me inspirou’

* Oriunda do Judô, arte marcial onde é faixa-preta, Luana Pinheiro migrou para o MMA em 2016 e, desde então, vem traçando uma trajetória promissora e vitoriosa. Com um cartel de oito vitórias e apenas uma derrota, a brasileira teve uma passagem invicta pelo BRAVE Combat Federation – maior organização de MMA do Oriente Médio -, onde contabilizou três triunfos, e no último dia 10 de novembro, entrou em ação pelo Contender Series, reality show comandado por Dana White, onde os destaques de cada episódio do programa são contratados pelo UFC.

A atuação da paraibana foi digna de elogios. Luana precisou de pouco mais de dois minutos para nocautear Stephanie Frausto e, assim, garantir seu contrato com o Ultimate. Não demorou para surgirem as comparações com Ronda Rousey, ex-campeã peso-galo do UFC, que assim como a brasileira, iniciou sua caminhada no Judô até se tornar uma das principais lutadoras da história do MMA feminino.

Natural de João Pessoa, na Paraíba, Luana Pinheiro precisou se mudar ainda bem jovem para Minas Gerais, onde intensificou os treinos de Judô e passou a representar a equipe Minas Tênis Clube, até que em 2015, decidiu fazer a migração para as artes marciais mistas, onde contabiliza cinco vitórias por finalização, duas por nocaute e uma na decisão dos jurados. Questionada sobre como lida com as comparações com a estrela norte-americana, a faixa-roxa de Jiu-Jitsu e atleta da Nova União descartou qualquer tipo de pressão.

“Eu não tenho como achar ruim (a comparação com Ronda Rousey), porque realmente, se estou no MMA hoje, é por causa dela, porque comecei a assistir as lutas da Ronda e ela me inspirou, pela forma como ela lutava, as finalizações rápidas, as quedas impressionantes que ela aplicava nas adversárias. Aquilo me motivou muito e eu comecei a treinar MMA, foi uma grande paixão desde o início. Fico muito feliz por ser comparada a ela, porque foi a Ronda que levou o MMA feminino ao patamar que vemos hoje”, afirmou.

Ao longo do bate-papo, a lutadora de 27 anos falou sobre o “tempo de espera” antes de fazer o aguardado combate pelo Contender Series, a estratégia traçada na vitória pelo reality show, expectativa para sua estreia no UFC, e ainda fez uma breve análise sobre o que espera ter pela frente na categoria peso-palha.

Confira o restante da entrevista com Luana Pinheiro:

– Expectativa antes de fazer o duelo no Contender Series

Tem um tempo que eu estava sabendo que iria lutar no Contender Series, mas não tinha uma data definida. No começo eu fiquei ansiosa, mas por não saber a data, fui me acostumando com a ideia de que iria lutar, mas não sabia quando. Desde antes da pandemia, venho treinando forte, com o objetivo de lutar no Contender Series, mas a temporada foi adiada, e aí ficamos um tempo sem saber quando voltaria. Deu uma desanimada, porque eu fiz quase um camp completo, mas logo depois anunciaram uma nova data, a adversária continuou sendo a mesma. Claro que lutar no Contender gera uma grande expectativa, mas tentei manter minha cabeça tranquila, como se fosse apenas mais uma luta, porque quando fico focada apenas no que devo fazer, sem cobrança, eu me saio melhor. Eu vinha treinando firme, diariamente, então sabendo disso, e dando o meu melhor no dia da luta, o resultado positivo seria uma consequência.

– Estratégia para derrotar a adversária e desempenho

O Boxe, para mim, desde o início, quando migrei para o MMA, foi a modalidade onde encontrei mais dificuldades, então, é o esporte que procuro treinar mais, para evoluir e me aperfeiçoar. Eu tinha visto algumas lutas da minha adversária e percebi que, comparada a mim, eu conseguia ser mais rápida que ela. Cheguei a comentar com o Matheus Nicolau (seu namorado e também lutador) que nossa estratégia era encurtar a distância, derrubar e trabalhar o Jiu-Jitsu, não só a finalização, mas também o ground and pound. Eu também cheguei a brincar com ele que eu conseguiria nocauteá-la, porque como sou leve para a categoria, consigo ser mais rápida que a maioria das atletas. A estratégia era ‘sentir’ a luta, não começar de maneira afoita, então eu procurei fintar e percebi que ela foi ‘queimando’ os golpes dela. Ela queimou alguns chutes, não conseguiu me acertar, e outros que me acertaram não me machucaram. Isso me deu confiança na e acabou que, no primeiro golpe que entrou, ela caiu no soco que apliquei e consegui definir a luta. Não esperava que fosse dessa forma. Lógico que esperava o nocaute, porque venho treinando muito a trocação, mas esperava no segundo ou terceiro round. Fiquei muito feliz com meu resultado e o desempenho.

– Passagem pelo BRAVE Combat Federation antes do UFC

O BRAVE foi um evento que me abraçou, porque não é normal uma atleta com poucas lutas conseguir assinar contrato com um evento internacional, então foi um evento que me trouxe bastante experiência. Eu já viajei para outros lugares através do Judô, mas são modalidades diferentes, outro estilo de torcida. O BRAVE conta com brasileiros no staff, então eu me sentia em casa e foi uma experiência muito positiva.

– Planos e expectativa para realizar sua estreia no Ultimate

Meu planejamento agora é visitar minha família em João Pessoa, na Paraíba, porque eu já não os vejo há dois anos. Mas não quero esperar muito tempo para poder lutar novamente, quero aproveitar o ritmo que adquiri na preparação para o Contender Series. Falei com meus treinadores que uma data boa para mim que uma seria final de fevereiro ou início de março, é o tempo para descansar e voltar com tudo. Fiz seis meses de camp, então fiquei cansada, não é nem pelo corpo, é mais o cansaço mental. Então é o tempo necessário para renovar as energias e voltar com tudo visando minha trajetória com estilo no Ultimate.

– Análise de momento da categoria peso-palha do UFC

A categoria peso palha é bem acirrada, tem muitas meninas boas e também muitas meninas chegando, justamente através do Contender Series. São atletas completas, muito promissoras. Eu não penso em uma rival específica, foco mesmo no meu trabalho, em me preparar, para quando chamarem, estar pronta.

* Por Mateus Machado