Cyborg fala sobre Holm e diz que prefere ‘evitar’ duelo com Amanda Nunes: ‘Somos as duas campeãs’
Por Mateus Machado
Nova campeã peso-pena feminino do Ultimate, Cris Cyborg, assim como havia prometido aos seus fãs antes do duelo contra Tonya Evinger, no UFC 214, voltou ao Brasil com o cinturão em sua posse. Na última terça-feira (15), a curitibana desembarcou no Rio de Janeiro e conversou com os jornalistas em um hotel da Zona Sul. Mostrando bom humor, a brasileira falou sobre diversos assuntos relacionados à sua carreira, inclusive sobre um possível duelo contra Holly Holm, ex-campeã peso-galo da organização, que pode estar próximo de se tornar oficial.
Outra lutadora que surgiu no radar de Cyborg, Cat Zingano, foi descartada pela campeã, revelando que o Ultimate avisou que a americana só poderia lutar em 2018. Entre outros temas, Cris foi questionada sobre uma possível luta contra Amanda Nunes, atual campeã peso-galo do UFC. Bem sincera em sua resposta, a detentora do título dos penas afirmou que evitaria um confronto diante da compatriota, no entanto, se os fãs desejarem a realização do combate, aceitaria o desafio.
“Eu não tenho interesse de lutar com ela (Amanda Nunes) porque somos as duas campeãs e, querendo ou não, uma brasileira contra outra brasileira ‘mata’ uma brasileira. Então, porque a gente vai querer ‘matar’ uma que está representando o mesmo país? Nós podemos lutar contra o mundo, mas se o público quiser e achar interessante essa luta, a gente pode fazer”, disse a curitibana.
Confira outros trechos da entrevista com Cris Cyborg:
– Possível confronto contra Holly Holm pelo cinturão
Aonde a luta puder acontecer, vai acontecer. Eu não tenho nada contra a Holm, eu sou até amiga dela, fizemos filme juntas, mas acho que ela seria uma grande adversária, faríamos uma grande luta. Eu acho que ela tem um jogo, que é a parte em pé, eu também tenho esse estilo, então acho que seria uma luta bacana para os fãs, os torcedores gostariam de ver. O local (da luta) é com o UFC, resta ela (Holly Holm) aceitar, eu gostaria muito de lutar contra ela. Não tem nada certo, é algo que a gente gostaria, mas eu nunca escolhi adversária. Quem eles colocarem para eu lutar, eu luto, é isso.
– Sem duelo contra Zingano, pelo menos por enquanto
A Cat Zingano, na verdade, até o UFC falou que ela não pode lutar até o começo do ano que vem, porque tem coisas de médico, então, não tem como a gente lutar esse ano. Ela está promovendo essa luta, podemos lutar também, vou estar treinando para lutar com uma canhota, quem sabe ela pode ser uma das adversárias? Mas o UFC já avisou que ela só pode lutar no que vem, então é aguardar.
– Brasil com duas campeãs e crescimento do MMA feminino
Antes o cinturão estava mais com os homens, né? Agora está com as mulheres e isso só mostra que estamos para ficar. A Amanda (Nunes) já fez e está fazendo muito pelo esporte e acho que o público brasileiro está muito feliz em ver duas campeãs brasileiras dentro do UFC. No geral, eu acho que a cada evento a gente está vendo que as mulheres estão fazendo lutas muito boas, cada vez melhores, e estão trazendo uma boa audiência. Eu não gosto de ser o ‘rosto’ do MMA feminino, acho que isso é muita responsabilidade para uma pessoa só. O que acontece é que a Ronda fez muito pelo MMA, e quando ela perdeu, quando ela não for lutar mais, então acabou o MMA? Não, não é isso… Tem outras meninas. Querendo ou não, isso desvaloriza as outras meninas, eu não quero desvalorizar as outras lutadoras, quero fazer com que o esporte cresça junto com elas, todas caminhando.
– Opinião sobre uma provável luta contra Amanda Nunes
Quando me perguntam isso (sobre uma possível luta contra Amanda Nunes), eu lutaria com a Amanda, mas acho que eu não tenho interesse de lutar com ela. Porque somos as duas campeãs e, querendo ou não, uma brasileira contra outra brasileira ‘mata’ uma brasileira. Então, porque a gente vai querer ‘matar’ uma que está representando o mesmo país? Nós podemos lutar contra o mundo, mas se o público quiser e achar interessante essa luta, a gente pode fazer, assim como a Claudinha deve lutar contra a Jéssica (Bate-Estaca)… Eu não acho bacana essa luta, porque são duas brasileiras. Eu poderia fazer, mas ao mesmo tempo eu evitaria, porque eu acho que os fãs ficariam divididos.
– ‘Medo’ das adversárias para aceitar confrontos
Na verdade, eu não entendo isso de ‘medo’ das adversárias. Porque um dia você vai perder, isso é consequência do nosso esporte, sempre um vai perder e o outro vai ganhar. É triste, porque sei o quanto treinam, eu fico com dó das pessoas que perdem, porque existe toda uma luta, um trabalho. Mas eu acho que, a partir do momento que entra para lutar e está com medo de perder, você não vai dar o seu máximo na luta, você vai lutar recuado para não fazer algo errado, e isso é triste, porque a filosofia de lutar é você ir lá competir e dar o seu melhor, a vitória é consequência. Então, quando a galera fala que tal lutador não compete por estar com medo, eu acho isso errado.
– Lutas no peso-casado e ‘passado’ contra Ronda
Na verdade, eu já sofro um pouco para bater o peso na minha categoria, mas foi a oportunidade que eu tive e eu fui lutar no peso-casado. O foco principal, antes de lutar no peso-casado, era lutar com a Ronda. Até se ela tivesse vencido a Holly Holm, talvez, seria a oportunidade de lutar com ela, por isso eu aceitei. O meu foco era baixar para a categoria dela, mas para mim estava muito difícil, então a opção de lutar em peso-casado foi uma das opções para lutar com ela, não contra outras meninas. Eu fiquei muito feliz de lutar em peso-casado, porque meus fãs fizeram isso acontecer, na verdade. Eu vejo que essa oportunidade foi maneira, porque a minha estreia foi em Curitiba, há dez anos eu não lutava lá, fiz as minhas primeiras lutas lá, e quando eu voltei, meus fãs ficaram muito felizes, foi perfeito. Além disso, abriram as portas para que eu pudesse lutar no peso-pena logo depois. Então, se eu não tivesse feito o sacrífico que fiz, talvez eu não estivesse na divisão peso-pena como campeã.