De Caxias para a Califórnia: faixa-preta brasileiro vence barreiras para viver do Jiu-Jitsu; saiba mais

De Caxias para a Califórnia: faixa-preta brasileiro vence barreiras para viver do Jiu-Jitsu; saiba mais

Até estabilizar sua vida financeiramente com o Jiu-Jitsu, Gustavo Andrade não teve tempos fáceis. Natural de Duque de Caxias, município do Rio de Janeiro, o hoje faixa-preta percorreu uma longa caminhada de sacrifício, dor e, claro, sucesso. Ainda em 2013, sem vislumbrar o que aconteceria quatro anos depois, o carioca radicado em Mountain View, na Califórnia (EUA), estava fazendo rifas nas redes sociais para continuar treinando e competindo em alto nível.

O esforço valeu a pena anos depois, num dos pólos mais populares do Jiu-Jitsu. Agora também professor e totalmente legalizado nos Estados Unidos, Gustavo começa a desfrutar dos benefícios que o esporte pode proporcionar a quem não desiste. Se, talvez, ele concordasse com a opinião de pessoas próximas que “Jiu-Jitsu não é trabalho”, a história seria outra. Aos 29 anos, cheio de metas a alcançar, o aluno de Fábio Andrade passa a limpo sua trajetória no esporte.

“Por diversas vezes pensei em desistir. Pessoas próximas a mim achavam que o Jiu-Jitsu não é um trabalho mas, na verdade, eles tinham essa visão porque não estavam dentro do Jiu-Jitsu, assim como eu. Minha mãe, antes de falecer, também achava que o Jiu-Jitsu era perigoso para mim, mas o esporte acabou sendo a melhor decisão da minha vida e, onde ela estiver, vai ver tudo que eu tenho é por causa do esporte hoje. Eu morava em Duque de Caxias, fazia rifa para poder lutar, era aquele perrengue e hoje tudo mudou. Hoje estou estabilizado aqui, nos Estados Unidos. Dar aula de Jiu-Jitsu se tornou minha fonte de renda principal, consigo viver e me alimentar bem, e ainda junto um dinheiro. Mas como sou batalhador desde pequeno, ainda faço delivery por aplicativos nas horas vagas. Estou sempre trabalhando”, conta Gustavo que, antes de se mudar para os Estados Unidos em 2017, formou-se em Educação Física.

Fluente em inglês, Gustavo conta que saber dominar o idioma foi um fator diferencial para as oportunidades surgirem mais rápido. Além disso, os ensinamentos do ensino superior faz com que suas aulas sejam dinâmicas tanto para os competidores e para os praticantes, aqueles que treinam somente por hobby.

“Está sendo muito bom. Lógico que, pelo fato de chegar aqui sabendo falar inglês, me ajudou muito. Eu cheguei me comunicando muito bem com todo mundo, é muito bom entender e conversar sobre Jiu-Jitsu com os americanos. Os ensinamentos da faculdade de Educação Física me ajudam a gerenciar minhas aulas de uma maneira que consiga atender tanto o público competitivo quanto o público que treina por hobby, de uma maneira profissional e bem diferente do Jiu Jitsu que era ensinado no passado”, explica o professor.

Na Terra do Tio Sam desde 2017, Gustavo fez uma análise entre a modalidade praticada no Brasil e nos Estados Unidos. A experiência de morar fora fez com que ele analisasse da seguinte forma.

“Acredito que nos Estados Unidos, o Jiu-Jitsu seja mais valorizado como profissão e consequentemente o reconhecimento acaba sendo maior. Mas em relação ao treino acredito que o Jiu Jitsu no Brasil seja mais ‘duro’ pelo fato de estar na nossa natureza, ainda mais quem veio de baixo como eu, de lutar pra sobreviver. Fica fácil de canalizar aquela agressividade necessária para ganhar uma luta enquanto nos EUA o Jiu-Jitsu é mais comercial, existem boas equipes de competição, mas ainda é diferente do Brasil”, destrincha Gustavo.

Dono de uma guarda ferrenha e uma mão de vaca veloz, o atleta está pronto para uma superluta. Com duas vitórias no Fight to Win, tradicional evento de lutas casadas nos EUA, ele tem nomes na mira, mas não descarta outros oponentes.

“Tenho muita vontade de lutar com Otávio Sousa, principalmente após ele ter vencido o Pan-Americano no meio-pesado em 2020, e contra o (Leandro) Lo, que sempre foi uma referência no esporte. Nada melhor que enfrentar seus ídolos, que é o caso do Lo. Se tivesse que citar alguém da nova geração seria o Gabriel Almeida. Mas, como sempre, estou pronto para qualquer chamado. Sigo treinando firme”, encerra.

Veja o estilo de Gustavo no Jiu-Jitsu: