Professor fala do Jiu-Jitsu como opção contra depressão e outros transtornos durante a pandemia do coronavírus

Professor fala do Jiu-Jitsu como opção contra depressão e outros transtornos durante a pandemia do coronavírus

Faixa-preta 5º Dan pela Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiro, o professor Fábio Aníbal Teixeira faz da arte marcial uma ferramenta para manter o otimismo e a disciplina da mente e do corpo neste período de isolamento social e quarentena gerados pela pandemia da Covid-19.

Campeão pan-americano em 1997, no Havaí, campeão brasileiro em 1995, no Rio de Janeiro, vice-campeão mundial em 1996, bronze no Mundial Master, campeão absoluto do Nova York Open e professor de Jiu-Jitsu desde 1998, o manauara de 41 anos segue orientando seus alunos nesse período de confinamento. A preocupação não é só com o físico e com o corpo. É principalmente com a manutenção da saúde mental.

“Comecei no Judô, graças a influência de minha mãe, que buscava para mim autoconfiança e disciplina. Com o crescimento do Jiu-Jitsu, uma arte mais completa, logo migrei e me apaixonei. Tenho uma equipe há 22 anos, já formamos mais de 90 faixas-preta. Infelizmente, não são raros os casos de alunos que iniciam no esporte com traços de depressão. Pessoas que perderam a alegria de viver, o motivo de viver, a coragem, o equilíbrio emocional, enfim. É possível transformar uma pessoa que não acredita em si em um campeão confiante. Abandonar fixações negativas, muitas vezes que surgem por traumas da infância ou situações difíceis do cotidiano, cada vez mais vazio de sentimentos e alegria de viver. Acreditamos que qualquer pessoa possa sair de nossas aulas melhor do que entrou”, disse o professor, que conta com 16 academias da equipe Anibal Fight, espalhadas em países como Brasil, EUA, Venezuela, Colômbia e Bolívia.

Atualmente, toda a família do faixa-preta manauara pratica Jiu-Jitsu. Desde a sua esposa Ana Paula, de 39 anos, até os filhos Felipe Aníbal, de 20, e Ana Carolina, de 15, que segundo Fábio, têm tudo para brilhar.

“Hoje tenho uma família voltada ao esporte. Minha esposa se interessou pelo Jiu-Jitsu logo após me conhecer, inicialmente para me acompanhar e termos um tempo a mais juntos. Com o passar dos anos, se tornou uma grande campeã, conquistando títulos como o Mundial, Europeu, Brasileiro, tornando-se hoje faixa preta 4º Dan na modalidade. Meus dois filhos treinam também e são muito habilidosos. Felipe Aníbal é faixa-roxa, já foi campeão mundial e possui diversos outros títulos. A Carolzinha, mais nova, faixa-verde, foi campeã do International Kids em Long Beach. Enfrentamos muitas barreiras até mesmo entre nossos familiares, por vivermos do Jiu-Jitsu. Minha esposa abandonou a advocacia para viver do esporte. Tomamos uma decisão de sermos felizes em primeiro lugar fazendo o que gostamos, mesmo com as dificuldades”.

Fábio também falou sobre o impacto do Jiu-Jitsu em crianças e adolescentes com problemas de comportamento ou vítimas de bullying: “Recebemos muitos casos atualmente de crianças e jovens com transtornos causados por distúrbios educacionais e/ou vícios tecnológicos, como games e redes sociais, que alteram a estrutura emocional e o equilíbrio do ser humano. Já tivemos, por exemplo, casos nos EUA, que tínhamos que usar a linguagem de games para estimular uma criança a progredir. Muitas crianças com problemas de bullying, déficit de atenção, entre outros. Acreditamos muito na força do esporte. Não são poucos os casos que tiveram o quadro amenizado em até 90%, devido à prática do esporte, associado ao trabalho familiar educacional, claro. Os pais deveriam incentivar seus filhos ao Jiu-Jitsu. Com certeza é uma excelente ‘vacina’ para as dificuldades que enfrentamos na vida”, concluiu o casca-grossa.