Erberth expõe ausência do Mundial e diz: ‘Eu vou ganhar peso e absoluto em 2019’

Erberth expõe ausência do Mundial e diz: ‘Eu vou ganhar peso e absoluto em 2019’

Por Yago Rédua

Um dos principais nomes do Jiu-Jitsu na atualidade, Erberth Santos abriu mão do Mundial de 2018, que tem início na próxima quinta-feira (31), em Long Beach, na Califórnia (EUA). Campeão do mundo em 2017 e número um do ranking da IBJJF nesta temporada, o faixa-preta revelou à TATAME que chegou o momento de focar em sua família, seu filho – de apenas seis anos -, e repousar, para, em 2019, buscar o inédito ouro duplo no torneio.

“Eu pratico Jiu-Jitsu desde os meus 9 anos de idade. Sempre tive o sonho de me tornar campeão mundial e número um do mundo. Desde o início da minha corrida para conquistar isso, eu nunca olhei para o lado. Muitas vezes, deixei minha família de lado, meu filho de lado, para conseguir chegar neste objetivo. Pra tudo, você tem que ter um pouco de ganância, sabe? De querer conquistar aquilo e se torna até um pouco mais fácil, se você tiver um pouco de ganância. Mas eu já obtive o que queria no Jiu-Jitsu. O que é ser número um do mundo? É o cara que está mais em ação nos eventos. Ano passado, o Leandro (Lo) e eu estávamos nos esbarrando em todos os campeonatos. Ele ganhou o prêmio de número um, mas esse ano fui eu. Agora, eu quero descansar, para em 2019, eu ter um novo foco, que é ganhar o Mundial peso e absoluto. Ano que vem, a galera vai me ver treinando muito, competindo, mas o meu foco será ganhar o ouro duplo naquela Pirâmide. Foi isso, não decidi lutar o Mundial 2018 por motivo pessoal”, comentou Erberth.

A respeito do título conquistado com o primeiro lugar no ranking da IBJJF na temporada, Erberth mostrou desânimo. O faixa-preta recebeu da Federação US$ 15 mil e afirmou ser um valor para pagar exclusivamente seu deslocamento para competir os Opens pelo mundo, em busca de se manter na liderança. O campeão mundial afirmou que não vai mais concorrer ao ranking e que só participará do Mundial e alguns outros eventos da entidade.

“É bem irado, você ganhar uma placa de número um do mundo. Só que é uma coisa muito cansativa, sabe? Eu estou liderando o ranking desde o Mundial do ano passado. Eu perdi na temporada passada para o Leandro (Lo) por dois pontos e meio. Ele ganhou o ranking, logo depois eu ganhei o Mundial e ele perdeu. Em 2018, o Leandro teve tudo para brilhar no ranking de novo, mas não quis, abriu mão. Viu que realmente é muito cansativo, ficar ativo para liderar o ranking. Eu não briguei pelo ranking esse ano, não. Lutei poucos eventos da IBJJF, só para ficar liderando. É muito desgaste físico, muito cansaço. É absurdo. Porque você tem que ficar na ativa, lutar, brigar para não descer. Eu fiz isso nos meus três primeiros anos com a faixa preta, mas cansei”, contou Erberth, que seguiu seu desabafo.

Screenshot 20180428 101454 cropped

Erberth Santos conquistou recentemente o título no World Pro, da UAEJJF (Foto GentleArtMedia / UAEJJF)

“Em 2015/2016, fui o quinto do mundo, em 2016/2017, o número dois, e agora conquistei o título do ranking. É uma coisa insatisfatória, pra mim tinha muito mais glamour, mas pelo que eu vi, gera muito mais cansaço. Acho que vale muito mais a pena você escolher alguns eventos para lutar, como Pan, Europeu, Brasileiro e até mesmo o Mundial, do que ficar lutando os Opens. Eu, particularmente, não vou mais lutar os Opens. Vou focar no Pan e Mundial, são os eventos da IBJJF que eu vou lutar. Outros eventos da IBJJF que eu vou lutar são os Pros, que eles pagam premiações em dinheiro. Todo evento que tiver pagando premiação em dinheiro, eu vou lutar, sendo IBJJF ou não. Vou focar nisso. Ser número um do ranking da IBJJF é maneiro, mas eu tenho conta para pagar. Ficar lutando o ano todo para ganhar uma premiação do ranking que eles dão, sendo que eu luto o ACB JJ e a UAEJJF. Em um evento dessas duas organizações, eu tenho a mesma premiação do valor do ranking anual da IBJJF. Eu tenho um gasto para lutar todos os Opens, para ganhar uma premiação, que desconta todas as taxas. Quando você recebe, é o que você gastou para ir nos outros Opens, entendeu? Então, minha briga pelo ranking acabou”, explicou.

Aposta para um novo campeão

Atual campeão dos super-pesados do Mundial, Erberth Santos não vai defender o título este ano, mas não deixou de comentar sobre a categoria. Embora coloque Leandro Lo, pentacampeão do mundo, e Nicholas Meregali, também dono de uma medalha dourada, como favoritos, o líder do Esquadrão Brasileiro gostaria de ver um “novo campeão”.

“Tem o Leandro Lo, Nicholas Meregali, que são dois campeões mundiais. Mas, para ser bem exato, eu não queria que nenhum dos dois ganhasse. Queria que fosse um novo campeão mundial. A galera fica brigando uns dez anos, tudo pela mesma coisa, pelo título mundial na faixa preta. Sendo que tem outros que estão tentando a oportunidade. Tem realmente os outros que têm o Jiu-Jitsu mais alto do que essa garotada que está chegando. É até chato, porque tem moleque que largou tudo, até a família para conquistar um título mundial. Tem cara ali que possui seis, sete títulos mundiais e está todo ano brigando. Está na hora da galera ter um pouco de bom senso. Você já tem aquele título, então, abre vaga para outro. Eu torço para que seja um novo campeão mundial nos super-pesados. Se não for, se for um que já é campeão mundial: meu irmão, parabéns para você também, que está trabalhando duro para manter esse feito por muito tempo”, apontou Erberth.

Descanso, fôlego e foco em 2019

Nas suas últimas quatro lutas pelo ACB JJ, Erberth não teve um bom desempenho e foi derrotado por Adam Wardzinski, Victor Honório e Roberto Cyborg, além de somar um vitória contra Moku Kahawai. O lutador destacou o poder dos atletas rivais, contou sobre o processo de abertura do Esquadrão Brasileiro e afirmou que vai voltar mais forte.

“Eu acho que eu lutei com muitos caras duros. Mas, realmente, eu só preciso descansar mesmo, acho que descansado, tudo vai voltar ao normal. Eu tive um estresse psicológico muito grande agora, eu acabei de abrir uma academia. Todo mundo sabe, principalmente os líderes de academia, o quanto é difícil liderar uma equipe. Eu sou muito jovem, mas estou fazendo isso muito bem feito. Então, eu direcionei um pouco meu foco, que era ser 100% atleta. Hoje, tento dividir meu tempo entre atleta e professor. Infelizmente, eu sofri essas derrotas. O Adam, o Honório, Cyborg… São atletas duros. O próprio Kahawai é muito duro, mas somos atletas, temos que lidar com vitórias e derrotas. Hoje eu perdi, amanhã eu ganho. Tem atleta que treina o ano inteiro, toma um soco na cara e perde. Graças a Deus, no Jiu-Jitsu não tem soco na cara, mas tem finalização, que é como se fosse um soco, mas é bem pior e te faz desistir. Podem ter certeza, todos os meus amigos e fãs, que torcem pela minha carreira, pelo meu Jiu-Jitsu, que depois desse descanso, eu vou voltar com força máxima. Em 2019, eu vou ser campeão peso e absoluto do Mundial”, encerrou.