Especialista em inteligência social dá dicas para lutadores introspectivos se promoverem sem apelar ao ‘trash talk’

Especialista em inteligência social dá dicas para lutadores introspectivos se promoverem sem apelar ao ‘trash talk’

Não é nenhuma novidade que, no MMA atual, principalmente se tratando do UFC, o lutador deve ser mais que um casca-grossa: ele também tem que ser um produto vendável. Para isso, não basta apenas vencer seus oponentes; é preciso também cativar os fãs fora do cage, seja através das mídias sociais ou até mesmo em entrevistas incisivas, mas sempre criando narrativas que atraiam o público consumidor da modalidade.

Isso não quer dizer que o lutador deva ser um “bad boy”, “trash talker” ou “valentão”, embora os três termos sejam semelhantes. Ele tem apenas que se posicionar. Quem diz isso é o especialista em inteligência social Gustavo Gambit, que, além de ser um grande fã de MMA, também está acostumado a reforçar camps de atletas que sentem a necessidade de dar aquele gás a mais na promoção da sua imagem.

“Estamos na era da comunicação em escala. Nesta era, é necessário dominar o pacote CRP: comunicação, relacionamento e persuasão. O lutador deve entender que o período pré-luta, principalmente a semana da luta, é um grande palco para ele chamar a atenção do público para que queira assisti-lo em ação. Meu trabalho é treinar o atleta para se sair bem nesse momento tão importante para o crescimento da carreira”.

De acordo com o influenciador, é importante o atleta entender sua personalidade para que não exagere nas ações. Ele explica que há técnicas que podem ser aperfeiçoadas através de sessões de treinamentos, como controle da respiração e atividades físicas para simular o cansaço pós-luta, seguidas de simulações de entrevistas, de preferência em inglês, para se comunicar diretamente com o público dentro do octógono.

“Existem lutadores que possuem uma energia natural para a comunicação, têm facilidade de se expressar. Aqueles menos comunicativos não devem forçar uma postura expansiva; devem conservar essa energia para usá-la de forma assertiva. É possível se preparar vislumbrando todos os estados da luta, desde a encarada, o que vai ser ser dito e também sua postura perante ao oponente. Habilidade social é treinável”.

O trabalho mais recente de Gustavo Gambit foi com o peso-leve brasileiro Thiago Moisés, que teve pela frente em sua última apresentação a sensação Islam Makhachev – apontado por muitos como o sucessor de Khabib Nurmagomedov – na luta principal do UFC Vegas 31, no dia 17 de julho. Embora chame atenção pela sua habilidade dentro do octógono, o paulista possui uma personalidade reservada fora dele.

“Ele reconheceu a importância de fazer esse trabalho para poder conseguir mostrar à massa quem é o artista marcial Thiago Moisés. Isso é diferente de criar um personagem. Passei uma semana estudando o Makhachev e o que poderia ser feito para alavancar o Thiago sem perder a essência dele. Tanto que ele conseguiu fazer o Makhachev abraçá-lo depois da encarada e também assim que terminou a luta, uma ação nada habitual do povo do Daguestão, que costuma ser bastante frio. Tivemos pouco tempo, mas já foi notada uma evolução, tanto que o Thiago aumentou em 30% o número de seguidores”, encerrou Gambit.