Ex-carcereiro, lutador sergipano ganha nova chance no Jungle Fight e sonha em viver só do MMA: ‘Estou no meu auge’

Ex-carcereiro, lutador sergipano ganha nova chance no Jungle Fight e sonha em viver só do MMA: ‘Estou no meu auge’

Anderson Oliveira do Nascimento é, na maior parte do tempo, um cara tranquilo, trabalhador e que faz de tudo para dar uma vida melhor para a sua família. Mas, quando sobe ao cage, ele se transforma no “Astro da Maldade”, apelido que carrega desde que começou a treinar Jiu-Jitsu.

O sergipano de Aracaju luta MMA desde 2014, mas fez apenas seis lutas até hoje. Depois de quase desistir do esporte por conta da falta de oportunidades e engordar cerca de 30kg, a chance de lutar no maior evento de MMA da América Latina despertou novamente a vontade de Anderson em construir uma carreira nas artes marciais. Após estrear com um nocaute na edição 100, ele volta ao Jungle Fight neste sábado (15), em evento que será realizado no Rio de Janeiro, em busca da sua segunda vitória na organização.

“Fiquei um tempo parado porque o mercado sergipano, e também o brasileiro, não é tão bom nesta questão de viver de luta. Então, eu dei uma desanimada de lutar. Fiquei treinando apenas por hobby. Cheguei a ficar bem pesado, bem gordinho, cheguei a pesar 104kg, e eu luto de 77kg. Nesse período estudei para fazer concurso público, consegui umas boas colocações, mas surgiu essa oportunidade de lutar no Jungle e a chama acendeu de novo. Estou vivendo um momento muito bom na carreira. Estou com 33 anos e nunca me senti tão bem fisicamente. Estou no meu auge físico e consegui chegar também no auge técnico. Tenho certeza que vou fechar o ano de 2020 com o cinturão do Jungle Fight”, disse o “Astro da Maldade”.

Faixa-preta de Jiu-Jitsu e kruang preto de Muay Thai, Anderson garante que está preparado para todas as situações que possam ocorrer no combate. Seu adversário será Paulo Henrique Laia, que venceu a maioria de suas lutas por finalização (foram quatro em suas seis vitórias), mas nada que o preocupe.

“Sou faixa-preta de Jiu-Jitsu. Quando eu comecei a lutar MMA, a minha maior deficiência era a parte de chão. Eu era faixa-branca. Mas eu treinei tanto que a minha deficiência se tornou a minha maior arma. Não tenho medo do chão de ninguém e nem da mão de ninguém. Se ele quiser me levar para o chão, vou fazer chão. E ele que prepare o pescoço, porque eu vou apertar o pescoço dele. Mas a verdade é que quando eu frustrar as primeiras entradas de queda dele, ele vai ficar apavorado, porque sabe que a minha mão vai entrar”.

Início nas artes marciais

Fã de Rodrigo Minotauro, o “Astro da Maldade” se interessou pelo MMA ao comprar DVDs piratas do extinto PRIDE. Seu primeiro contato com a luta aconteceu através de um professor de Handebol de seu colégio, que lançou um projeto de Boxe. Depois, ele foi com um amigo para uma academia de Jiu-Jitsu, onde ganhou um quimono e começou a praticar a arte suave, desde então se aprofundando ainda mais nas artes marciais.

“Até hoje sou muito fã do Minotauro. Foi assistindo ele que me interessei pelo MMA. Mas eu demorei um pouco a começar a praticar, porque não tinha dinheiro para pagar uma academia. Mas, graças ao projeto de Boxe que meu ex-professor de Handebol da escola lançou, eu comecei a praticar lutas. Meus pais não gostavam de luta, diziam que era coisa de vagabundo e que os lutadores tinham sequelas na cabeça, etc (risos). Depois desse contato com o Boxe eu fui com um amigo treinar no Clube da Luta com o professor Ivan Lima, muito conhecido aqui no estado. Ganhei um quimono dele e comecei a treinar Jiu-Jitsu. Mas eu gostava muito do submission, do No-Gi, até porque eu treinava visando o MMA”, contou o lutador.

Do Jiu-Jitsu ele foi para o Muay Thai. E a virada para ser atleta de MMA aconteceu quando seu professor de Muay Thai o levou para a DFC, sua atual academia, onde ele passou a treinar com Dymitry Damianny.

“Foi ele que me ensinou o MMA, foi com quem eu comecei a treinar MMA. Ele é um cara muito experiente, com várias lutas como profissional, e eu me espelho muito nele. Sempre quis aprender com um cara que já tivesse lutado, que pudesse me inspirar. Então, ele foi um grande espelho pra mim”, revelou Anderson.