Ex-pedreiro e marceneiro, atleta da BTT se recupera de início ruim no MMA, conquista título e desponta no cenário nacional

Depois de quatro lutas e nenhuma vitória, seria normal um atleta desistir do sonho de se tornar um lutador profissional de MMA e buscar uma nova profissão. Mas essa possibilidade nem passou pela cabeça de Uemerson “King” Ferreira. Ele estreou no MMA em 2012 e o desfecho foi um no contest (luta sem resultado).
Em 2013, sofreu duas derrotas, uma por decisão e outra por finalização. Só voltou a lutar em 2016. Resultado? Nova derrota, desta vez por nocaute. Resiliente, ele não desistiu, mas percebeu que era hora de fazer algumas mudanças. Foi então que passou a percorrer cerca de 60 km diariamente entre Maricá, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, até a sede da equipe Brazilian Top Team, que fica na Zona Sul do Rio de Janeiro. A mudança deu certo e, desde que chegou a BTT, ele não sabe o que é perder. Foram quatro vitórias seguidas, a última delas no último sábado (12), quando conquistou o cinturão do Favela Kombat.
“Eu sou de Maricá, mas sempre ouvi falar na BTT. Um dia um amigo me apresentou a um dos treinadores da equipe. Ele conversou comigo e me convidou para fazer parte do time. Cheguei com um cartel negativo, e eu só pensava em mudar isso. Eu sabia que, com o tempo, muito trabalho e muita dedicação, uma hora isso ia mudar. Passo a passo buscamos resultados positivos que me levaram a essa disputa de cinturão. E essa conquista muda muita coisa. A vontade aumenta cada vez mais. Minha carreira é outra desde que cheguei na BTT, minha mentalidade mudou e hoje eu estou mais vivo do que nunca na minha profissão. Cada vez mais acredito em mim e enxergo as coisas de uma forma positiva. O cinturão representa o resultado de muito trabalho árduo, mas ainda vou buscar muito mais”, disse King.
O lutador de 29 anos, que agora possui um cartel com quatro vitórias, três derrotas e uma luta sem resultado, enalteceu o trabalho de seus treinadores na BTT, mas ressaltou também a importância da sua equipe e dos seus professores em Maricá.
“Tenho grandes professores na BTT. O Sergio Babu, que foi quem me abraçou e me levou para a equipe, o Vitor Pimenta, o Ricardo Oliveira, o Antoine Jaoude e o Leo Leite. Mas em Maricá também tenho uma equipe de atletas muito bem preparada e que me ajuda muito. Além, é claro, dos meus treinadores Leonardo Marques, Jair Court e o Douglas. Sem o apoio e o incentivo deles eu não teria conseguido percorrer todo esse caminho”, ressaltou o maricaense.
King, que já trabalhou como servente de pedreiro, marceneiro, segurança em boate e leiturista na Ampla, hoje vive só da luta. Ele não esquece tudo o que já passou até chegar a este momento da carreira e sonha com muita mais para melhorar a sua vida e de sua família.
“Já enfrentei muitas dificuldades nessa vida. Trabalhei em muitas coisas para me sustentar. Hoje, graças a Deus, vivo só da luta. Dou aulas de Personal Fight na academia, em um projeto e assim vou tocando a vida para ter uma boa renda e sustentar a minha filha Isabelly, que tem apenas 3 anos. Tudo o que passei, inclusive uma lesão na perna, onde muitas pessoas disseram que eu não voltaria a lutar, eu uso como motivação. Com muita fé, vontade e determinação eu consegui dar a volta por cima, e tenho certeza que isso é apenas o começo”, concluiu.