Morando há 12 anos na Irlanda, faixa-preta brasileiro supera dificuldades para atingir sucesso no Jiu-Jitsu
Atualmente aos 42 anos e há 12 morando na Irlanda, o faixa-preta Jorge Santos é mais um entre diversos atletas/professores de Jiu-Jitsu que deixam o país em busca de melhores oportunidades. Porém, diferente da maioria, que ruma para os Estados Unidos ou os Emirados Árabes Unidos, Jorge escolheu Dublin, capital irlandesa, como seu lugar para começar a escrever uma nova história na arte suave.
A decisão mudou a vida do brasileiro, nascido em Porto Alegre-RS, mas que hoje colhe os frutos: “A Irlanda me deu muitas oportunidades, uma delas foi trazer meus dois filhos pra cá, ter meus próprios negócios e ajudar muitas pessoas diretamente e indiretamente. Eu gosto muito do pais. Claro que tem os contras, e o maior é estar longe da família, mas por outro lado é um país muito seguro comparado ao Brasil. Não tenho vontade de voltar e não me arrependo de nada pois tudo aconteceu nos momentos certos”.
A caminhada até o sucesso, porém, não foi fácil. Vindo de uma família humilde, Jorge sempre foi uma criança rebelde, fugiu algumas vezes de casa e se envolveu com más influências, mas aos 14 anos, isso iria mudar. Assistindo ao lendário Royce Gracie, o então adolescente conheceu o Jiu-Jitsu. Depois, durante seis anos ele se organizou financeiramente até que, aos 20, começou a praticar o esporte com o professor Luis Fernando. Meses depois, conheceu Luis Guedes, seu mestre até hoje.
Competidor nato, o jovem colecionou medalhas em alguns dos principais campeonatos no país e vislumbrou a chance de lutar nos Estados Unidos. E mesmo com apenas 27 dólares e sem apoio daqueles que deveriam o incentivar, Jorge Santos partiu em busca do seu sonho.
“Antes de fazer a minha primeira viagem internacional, muita gente disse que seria impossível, que eu não conseguiria visto, dinheiro para as despesas, etc. Isso veio de pessoas que deveriam me incentivar, mas ainda bem que por outro lado tem muita gente boa, que me ajudou nesse processo”, relembrou o faixa-preta, que continuou:
“Fui para os EUA com 27 dólares, sem cartão de crédito, sem inglês, com venda de rifas e ajudas de amigos. Tive a sorte de reservar um hostel com café da manhã incluso, o que me salvou. Não ganhei o campeonato na época, mas ganhei muita experiência e vontade de sair do Brasil”.
Ao retornar dos Estados Unidos, Jorge Santos colocou em foco juntar dinheiro e deixar seu país-natal novamente. Foi aí que a Seda College – renomada escola de intercâmbio – entrou na história, e em março de 2011, o gaúcho foi de “mala e cuia” para Dublin. Estudando inglês e com a orientação certa, o atleta de Jiu-Jitsu viu sua carreira decolar pouco a pouco.
“Com uma semana na Irlanda meus amigos Rafael Gonçalves e Alex Castro ajudaram a comprar umas placas de tatame para eu dar aula particular na casa de casa. Comecei com um aluno e em dois meses já estava dando aula dentro de uma academia de musculação. Com cinco meses decidi investir em um estúdio para morar e dar aulas, mas passei por dificuldades financeiras e tive que me reinventar. Decidi fechar o estúdio, fui trabalhar em uma cafeteria e as coisas melhoraram”, falou o faixa-preta, que ainda completou:
“Depois de muito batalhar, aluguei uma garagem em uma viela no Centro de Dublin, mas logo ela ficou pequena e com a ajuda do meu aluno e anjo da guarda, Tiago Mascarenha, consegui abrir uma academia de verdade no Centro, exatamente na Capel Street, onde fiquei três anos e decidimos então mudar para um lugar maior. Hoje estamos na Parnell Street com uma das maiores e melhores academias de Dublin. Aquele imigrante que começou com um aluno na sala de casa hoje tem mais de 300 alunos e seis filias, uma na Suécia, uma na Hungria, uma no México, duas na Irlanda e estamos abrindo uma nova em Dubai. Nunca desista dos seus sonhos”.