Faixa-preta de Jiu-Jitsu, ‘Dr. Porrada’ fala sobre importância da medicina esportiva para atletas

Faixa-preta de Jiu-Jitsu, ‘Dr. Porrada’ fala sobre importância da medicina esportiva para atletas

Nas áreas de aquecimento, é corriqueiro ouvir “aquele ali é o Dr. Porrada”, quando se referem ao casca-grossa Antônio Assef – faixa-preta de Jiu-Jitsu e médico especialista em medicina esportiva – nos principais torneios da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ) no Brasil. O reconhecimento vem através dos serviços prestados por Assef para atletas de rendimento e a sociedade, de modo geral, já que ele foi um dos primeiros médicos a ficar na linha de frente no combate à pandemia de Covid-19, em março de 2020.

“Foi tudo muito rápido. Eu estava atendendo só no meu consultório, mas teve muito chamado para médicos atuarem de forma voluntária na linha de frente para combater a Covid-19, e eu acabei aceitando esse desafio de estar no CTI de Covid. Eu ajudei diversos pacientes a passar por essa doença e fiz a minha parte para essa coisa toda acabar e a nova vida voltar ao normal o quanto antes”, lembrou Assef.

O médico e competidor comentou como o Jiu-Jitsu ajudou a blindar sua mente ao encarar o desafio da pandemia no Ronaldo Gazolla, hospital referência no combate à Covid-19, localizado no Rio de Janeiro.

“O Jiu-Jitsu me ajudou a ter uma mente forte, foco e determinação por conta dos treinos e das competições. Isso me ajudou a ficar mais forte interiormente, enquanto estava atendendo os pacientes. Foi como lutar em uma competição grande, e eu tinha que vencer, mas não era uma vitória de ter o braço erguido, eu venci ajudando a salvar vidas. Salvar pessoas! Foi bem complicado no início e, por não conhecer a doença direito, acabei pegando o vírus. Eu me recuperei e logo voltei para ajudar as pessoas novamente. A experiência que tive, por ter pego o vírus, acabou me ajudando a lidar melhor com ele e, consequentemente, melhorar meu trabalho no combate à pandemia. Essa doença é muito perigosa! No início, foi uma rotina louca, de cinco a seis dias ininterruptos dentro do hospital, e estou nessa até hoje. Estou aqui para salvar vidas”, comentou Assef, formado em medicina pela Universidade Gama Filho, com especialização na área esportiva.

Em paralelo à sua rotina como médico, Antônio ainda compete em alto nível na elite da faixa-preta. Seus títulos mais recentes foram o Sul-Americano e Sul-Brasileiro com e sem quimono, além de uma vitória marcante sobre Erberth Santos – campeão mundial pela IBJJF em 2017 – na final da disputa de quimono.

“Essas conquistas me marcaram muito, especialmente o Sul-Brasileiro com quimono. Com quimono, eu ganhei do Erberth. Foi uma competição muito marcante para mim, porque ele é um cara de alto rendimento do Jiu-Jitsu. Eu lutava com ele constantemente e ele me ganhou uma três ou quatro vezes já… Eu queria muito ganhar dele, por ser um adversário direto. Vencer foi marcante para mim, dividiu muito o meu Jiu-Jitsu. A minha cabeça e confiança se elevaram”, destacou o atleta, que também é bicampeão brasileiro.

“Gosto muito de trabalhar com performance. Ver meus atletas lutando bem e com uma performance boa me deixa feliz. Eu tenho paixão pelo que eu faço. Eu lido diretamente com eles. Além do consultório, mantenho um elo para ver a evolução. É impossível definir o trabalho de um atleta em apenas uma consulta. Eu acabo assessorando cada um em questão de saúde, rendimento e, principalmente, o descanso. Até isso a gente coloca na planilha, porque alguns atletas não têm o hábito de descansar. Minha maior dificuldade hoje é controlar o treino dos meus atletas, para que eles não acabem se lesionando. O atleta de Jiu-Jitsu tem o costume de treinar muito, e isso pode ser prejudicial ao longo do tempo, principalmente se você vai disputar um campeonato grande. No último mês, dois atletas tiveram destaques, como é o caso do Pedro ‘Bombom’, que perdeu 23kg para lutar a Copa Podio, e o Pedro Lucas, que é peso-médio e foi campeão dos pesados. Pelo fato de eu ser atleta, também consigo ajudar em algumas ocasiões, como o lado mental”, finalizou.