Hexacampeão mundial, Lepri analisa mais um título, fala sobre parte mental e avisa: ‘Nada de parar, não’

Hexacampeão mundial, Lepri analisa mais um título, fala sobre parte mental e avisa: ‘Nada de parar, não’

Por Vitor Freitas

Perto de completar 35 anos, o faixa-preta Lucas Lepri, hoje, ocupa o posto de número um dos pesos leves após sua série de conquistas em Campeonatos Mundiais da IBJJF, entre outros títulos. O craque da Alliance tem seis ouros no currículo, sendo que cinco deles foram conquistados de forma seguida (2007, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019).

Antes de vencer a revelação Lucas Valente (Gracie Barra) na final da categoria peso leve do Mundial 2019, decidida pelos árbitros, Lucas encarou mais três oponentes: Rodrigo Freitas, Athos Miranda e John Combs. Vale destacar que, em mais um Mundial, o campeão não tomou nenhum ponto durante a sua campanha – este é o terceiro que isso acontece.

“Esse foi o terceiro ano que eu ganho o Mundial sem levar nenhum ponto. Em 2016 foi o primeiro ano, depois 2017 e este ano agora. É um feito legal, mas não intencional. Eu acho que foi uma coisa que eu não estava esperando. Não foi uma coisa que eu pensei: ‘Ah, ninguém vai fazer ponto em mim’. É uma coisa que aconteceu naturalmente. Eu acho que quanto menos você errar, menos o seu adversário tem chances de fazer algo”, comentou.

Em bate-papo com a TATAME após a conquista, Lucas revelou como faz para se manter motivado, contou como treina sua mente para a hora da decisão, analisou mais um título mundial e projetou o ADCC 2019, marcado para 28 e 29 de setembro, na Califórnia (EUA).

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

-Camp tendo que conciliar atividades como professor e atleta

Não é fácil ser professor e atleta, mas eu venho fazendo isso há alguns anos, desde a minha faixa-marrom, e cinco anos atrás abri a minha academia aqui em Charlotte (EUA). Eu venho sempre tentando fazer meu máximo e treinando certinho aqui com meus alunos. Faço o meu camp desde 2014 aqui na minha academia. Puxo sempre ao máximo a parte física, a parte técnica, também dando aula para os meus alunos. Você tem que se adaptar às adversidades que tem, aos obstáculos, aos desafios que aparecem na vida. Como todo ano tem alguns desafios novos, esse ano não foi diferente, mas isso é uma coisa que me motiva ainda mais. Esse foi o terceiro ano que eu ganho o Mundial sem levar nenhum ponto. Em 2016 foi o primeiro ano, depois 2017 e este ano agora. É um feito legal, mas não intencional. Eu acho que foi uma coisa que eu não estava esperando. Não foi uma coisa que eu pensei: ‘Ah, ninguém vai fazer ponto em mim’. É uma coisa que aconteceu naturalmente. Eu acho que quanto menos você errar, menos o seu adversário tem chances de fazer alguma coisa contigo, então esse foi o ponto principal assim. A meta é não errar.

-Posto de número um na divisão dos leves e manutenção

Eu treino há quase 20 anos e essa sempre foi a meta, escrever meu nome na história, e ver que as coisas estão dando certo é muito bom. É muito gratificante e estou muito feliz por isso. Agora não sei ainda quanto tempo eu vou lutar, estou ficando velhinho, né (risos). Estou com 34 anos, faço 35 este ano. Estou me sentindo bem, estou feliz, saudável e isso que importa. Então vamos ver se eu faço mais alguns anos. Nada de parar não, vamos ver. Eu não sei ainda, não posso falar nada agora porque tem muita coisa acontecendo e vamos deixar elas fluírem naturalmente. Não é fácil chegar e ainda mais se manter no topo. Manter é mais difícil ainda do que chegar. É igual eu falei, desde 2014 que eu não perco o Mundial. Em 2015 eu fechei com o Michael Langhi. Essa consistência é fruto do trabalho certinho que eu estou fazendo. Chegar também é difícil, mas manter é mais ainda. Há vários anos eu estou pegando essa nova geração e eles estão chegando sempre com muita fome, muita sede ao pote e não é fácil pará-los. Mas com esse trabalho que eu estou fazendo, focado não só na parte física, mas na parte mental, acho que faz toda a diferença.

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-Como funciona a mente do Lucas Lepri antes dos torneios

Eu não me sinto pressionado. Todo ano a mídia sempre fala: ‘Quem que vai vim para bater o Lepri?’. Ai aponta. No outro ano era o Edwin (Najmi), depois era o JT Torres, esse ano era o Levi Jones. Uma coisa que eu não faço muito é ficar olhando a mídia quando está chegando perto assim, eu tento evitar ao máximo, tento treinar da mesma forma que eu sempre treinei, entendeu. Agora nos últimos anos eu tenho focado bastante na parte do ‘mindset’ também, me deixando mais confiante. Eu acho que tudo isso é fundamental, principalmente pra galera que está chegando no pódio, mas não está dando conta de ganhar o ouro. Eu acho que a parte mental é fundamental, sempre acreditando, até o último minuto, eu acho que isso faz a diferença. É igual ao que eu falei, tem que focar nessa parte mental. Treinar, todo mundo treina, fazer a parte física, todo mundo faz, então a parte do ‘mindset’ é o que vai fazer a diferença, entendeu? Não parar de treinar da forma que vem treinando. Por exemplo, ganhei meu primeiro Mundial em 2007 e depois fiquei sete anos ficando em segundo ou terceiro. Mas desde que eu comecei a trabalhar a parte mental, do ‘mindset’, as coisas mudaram, ficaram mais claras, eu fiquei mais confiante. Sempre fiquei treinando pois sabia, lá no fundo, que eu ia ganhar de novo. Então, esse sentimento de não desistir e trabalhar forte para ganhar de novo é o que me impulsiona.

-Próximo passo após a conquista do hexcampeonato Mundial

Essa segunda parte da temporada agora eu vou ficar focado no sem quimono e viajando também para seminários. O ADCC acontece em setembro, então, eu tenho alguns seminários marcados durante esse tempo. Em junho, julho e agosto vai ser treinando também, como sempre. Vou fazer o camp (para o ADCC) aqui em Charlotte, na minha escola, e na reta final vou lá para Los Angeles, finalizar o camp com o (Rubens) Cobrinha.