Jiu-Jitsu: campeã aos 45 anos na categoria adulto do Europeu, faixa-preta sonha com ouro no Mundial
Brasileira Amanda Magda serve de inspiração para outras mulheres e, mesmo podendo competir de master no Jiu-Jitsu, prefere se testar de adulto; confira
Amanda Magda falou sobre os desafios em se manter competitiva aos 45 anos de idade (Foto: @lunivers.athletics/ IBJJF)
Por meio de diversos exemplos, pode-se considerar no Jiu-Jitsu que nunca é tarde para dar início ao seu sonho. Com 45 anos de idade, Amanda Magda mostrou mais uma vez que, para quem quer, idade é apenas um número. Competindo no adulto, a faixa-preta da equipe Fratres BJJ roubou a cena no Europeu de Jiu-Jitsu 2023, realizado pela IBJJF em Paris, na França, e faturou o título peso-pesado com uma vitória por finalização sobre Elizabeth Katherine (Alliance) na final.
Amanda é mais um entre muitos casos de pessoas que procuram a arte suave para autocontrole e autoconhecimento. Tendo seu primeiro contato com a modalidade no ano de 2014, a atleta precisou interromper os treinos três meses depois por conta da gravidez do seu segundo filho. O retorno definitivo veio em 2016, e desde então, Amanda Magda alternou entre competições no adulto e também no master, como conta a seguir.
“Comecei as competições já na faixa branca e já lutava de adulto, quando não havia ninguém na categoria master. Mas comecei a me desafiar a lutar mais de adulto na faixa marrom, intercalando uma competição na master 1 e outra na categoria adulta. Desde a faixa azul, lutei de master vários campeonatos, entre eles o Brasileiro e Mundial, onde consegui ser campeã em todas as faixas. Lutar de master e adulto é muito diferente, o tempo de posição, explosão e reflexo que os mais jovens têm os deixa bem na frente. Mas eu gosto, porque me desafia a pensar e me faz evoluir mais rápido. Acredito que quanto maior o desafio, maior precisa ser nosso esforço e dedicação”, explicou.
Estar disposta a competir na categoria adulto no Jiu-Jitsu aos 45 anos de idade e ainda ser campeã de um torneio de peso como o Europeu da IBJJF é um feito para poucos. Diante disso, a atleta da Fratres BJJ contou quais são os desafios e resumiu sua postura e mentalidade quando se coloca à prova contra adversárias mais novas dentro da arte suave.
“Claro que para qualquer esporte, estar com 45 anos e se desafiar na categoria profissional não é fácil, mas também não é impossível. Quando a gente entende que estamos lutando para evoluir, independente do resultado, será positivo. Não colocar um peso nas costas, pensando no que os outros vão pensar, porque quem vai conviver diariamente com seus feitos será você. Se você se culpar, se envergonhar ou deixar de fazer, o peso que vai carregar será ruim. Mas se vir de outra forma, só de ter tido coragem por enfrentar um desafio, será leve conviver”, resumiu a casca-grossa.
Campeã na categoria peso-pesado na disputa do Europeu de Jiu-Jitsu, Amanda Magda contou o que o título representou para a sua carreira na arte suave: “Esse título foi o maior desafio que ousei enfrentar. Lutar um evento de grande peso, tão longe de casa, na categoria adulta, com pouco mais de um ano de faixa preta… Foi um misto de emoções quando decidimos que iríamos lutar, desafiador, assustador e excitante. Porque, independente do resultado, eu sabia que eu ganharia muita bagagem, experiência e amadurecimento”, contou a lutadora, que falou um pouco da sua campanha até ganhar a sonhada medalha dourada.
“Eu fiquei muito emocionada quando entrei para lutar, eu sabia que queria dar o meu melhor, fazer o que treinei. Independente do resultado, eu busquei fazer isso, e fiquei incrivelmente feliz em ter conseguido. Sobre a finalização da final (risos), eu gosto muito, amo as transicões de pé e joelho, me sinto segura quando faço. Foi algo que no meu ano de faixa marrom, meu professor Rodrigo ‘Caixa’, que sabe muito delas, me ensinou, mas antes disso nem botinha eu sabia fazer”.
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Representante da Fratres BJJ, Amanda Magda também destacou o trabalho realizado pela equipe do Morumbi (SP), que é liderada pelo empresário e faixa-preta Daniel Affini. Dos 15 atletas que partiram para Paris visando a disputa do Europeu de Jiu-Jitsu da IBJJF, 12 deles conquistaram medalhas, incluindo, claro, Amanda.
“Eu acredito que a importância das coisas valem o peso que você dá a elas. O trabalho e apoio que nossa equipe e mestre nos dão está presente no dia a dia em toda preparação para chegar lá. Agora, entrou no tatame para lutar, é você e sua mente. Ela, sim, tem o poder de te colocar onde você quiser. Tem que aprender a controlar, porque muitas vezes ela vai te sabotar. Meu mestre Luis Marques me deu alguns desafios esse ano… O Europeu foi o primeiro. Talvez (eu dispute o) Pan-Americano, ainda estamos analisando, mas o Mundial adulto da IBJJF eu vou, com certeza. Eu quero viver essa experiência nessa minha vida ainda”, finalizou a faixa-preta de Jiu-Jitsu.