Jovem estrela: Kaynan Duarte desponta no cenário em 2019 e, além de títulos, acumula premiações que ultrapassam R$ 500 mil

Jovem estrela: Kaynan Duarte desponta no cenário em 2019 e, além de títulos, acumula premiações que ultrapassam R$ 500 mil

* Aos 21 anos, Kaynan Duarte confirmou definitivamente que é um novo astro do Jiu-Jitsu mundial. Com apenas um ano e meio como faixa-preta, o lutador da Atos venceu as principais competições que disputou em 2019, casos do ADCC, Mundial da IBJJF, Abu Dhabi World Pro e Spyder BJJ. Desta maneira, além de colecionar medalhas de ouro e troféus, o brasileiro também ganhou destaque pelas premiações em dinheiro, que passaram de meio milhão de reais.

Natural da cidade de Pederneiras, interior de São Paulo – com cerca de 40 mil habitantes -, Kaynan Duarte iniciou nas artes marciais através do Judô. No entanto, após receber conselhos de um primo, o lutador resolveu conhecer o Jiu-Jitsu e, aos poucos, foi se apaixonando pela arte suave. O parente parou com os treinos, mas Kaynan seguiu e hoje é um dos nomes mais bem remunerados no cenário mundial.

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De acordo com um levantamento feito pela Revista TATAME, só em torneios neste ano de 2019, Kaynan faturou cerca de US$ 162 mil (aproximadamente R$ 670 mil, segundo conversão do Banco Central do Brasil). Fora as competições, o atleta da Atos ainda tem patrocínios de marcas de quimonos e suplementos, por exemplo. Há um ano e meio como faixa-preta, ele vem colecionando títulos importantes, como o Mundial e o ADCC, além de faturar o GP do Spyder BJJ, que rendeu US$ 100 mil, em novembro, na Coreia do Sul.

“Hoje em dia, a minha maior renda vem das competições e eu tenho também os patrocinadores. Eu não dependendo mais de ficar dando seminário ou aula. Hoje, na verdade, nem dou aula mais. Eu só treino e participo de competições. Quando eu quero, faço seminários, mas aí é mais para compartilhar o meu Jiu-Jitsu”, contou Kaynan à TATAME, completando. “O que eu fazia em um ano na faixa marrom (na parte financeira), eu faço em duas ou três superlutas como preta”.

Olhando para o seu professor, o multicampeão André Galvão, o jovem faixa-preta disse que a situação atualmente é realmente mais favorável aos competidores de alto rendimento do que no passado. Kaynan relembrou que, segundo o líder da Atos, há alguns anos “viver do Jiu-Jitsu era uma questão de amor”. E apesar do quadro ser mais positivo hoje, o campeão mundial acredita que ele ainda possa melhorar.

“Comparado há alguns anos, (o cenário) está muito melhor. Agora existem vários eventos que pagam bem os atletas. A IBJJF também passou a pagar nos seus principais eventos, mas eles podiam melhorar mais, como pagar um salário para os campeões mundiais. O Galvão fala que antigamente não era como hoje, não tinham tantos campeonatos pagando dinheiro. Não dava muito dinheiro, era mais amor pela luta”.

Da faixa-marrom para a preta: “Eu já tinha percebido um pouco na faixa-marrom (que dava para ganhar dinheiro), porque eu estava em um ano muito bom. Mas eu percebi que na faixa-preta, você vai ser muito mais remunerado. Todo mundo quer ver os melhores em ação, e mesmo que tenham caras bons nas coloridas, a galera quer ver os principais na preta”.

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Kaynan Duarte foi, se não o maior, um dos maiores destaques do Jiu-Jitsu em 2019 (Foto Vitor Freitas)

Opção pelo Jiu-Jitsu

A escolha pela profissão é sempre um desafio para os jovens. Kaynan Duarte, por sua vez, decidiu levar o Jiu-Jitsu com mais seriedade aos 18 anos, quando tinha terminado o ensino médio. O lutador enfatizou que, na época, não olhou para as questões financeiras que o esporte oferece.

“Quando eu resolvi levar o Jiu-Jitsu a sério, eu tinha 16 anos, mas só levei realmente a sério com 18. Foi no período que eu terminei o meu colegial. Eu nunca pensei na questão financeira. Acho que quando você pensa só em dinheiro, você não consegue ter sucesso. Faço o que eu gosto e o dinheiro vai ser um bônus”, afirmou o paulista, relembrando um pouco das dificuldades no começo nas faixas coloridas.

“A dificuldade é igual para todos nas faixas coloridas. O Jiu-Jitsu não é um esporte tão barato, porque as maiores competições estão fora do Brasil. Aí, tem inscrições, hotéis, passagem e outras coisas. Eu fiz rifas poucas vezes, eu sempre tentava lutar os campeonatos que tinham na minha região (interior de São Paulo) para ganhar o absoluto e ir juntando dinheiro. Eu também tinha patrocínio de algumas pessoas locais”.

Os patrocínios, aliás, eram uma espécie de “ajuda” que Kaynan tinha para ir em busca do seu sonho, como o próprio definiu. Já na faixa-preta, o lutador da Atos vê a relação com os patrocinadores como um negócio e acredita que a personalidade do atleta, dentro e fora dos tatames, conta na hora de uma empresa investir.

“Pra mim, no começo, eu tinha mais apoio local. Pessoas que apoiavam o meu sonho. Quando você é faixa-preta, você não procura mais patrocínio. Eles não estão visando apoiar o seu sonho, eles querem patrocinar você porque sabem que vão ter um retorno. Olham as redes sociais, a personalidade do atleta, como você luta… Isso também tem um impacto na hora do acerto”, apontou o jovem.

Destaque em 2019, Kaynan venceu o World Pro, Mundial, GP do KASAI, superlutas no Fight 2 Win, ADCC, Spyder BJJ, entre outros torneios. Aos 21 anos, a jovem estrela já é uma realidade dentro dos tatames, mas segundo o próprio atleta, o desejo é performar ainda melhor em 2020.

“Esse ano com certeza foi um dos melhores, não me lembro, mas acho que ninguém fez isso no primeiro ano de faixa-preta. Ano que vem eu vou voltar com tudo. Vou me preparar mais ainda. Não vou me sentir confortável. Quero ter as melhores performances e entregar as melhores lutas para o público”, concluiu.

PREMIAÇÕES EM 2019:

Spyder BJJ – US$ 100 mil
ADCC – US$ 10 mil
Mundial – US$ 6 mil
Marianas Open – US$ 10 mil
KASAI GP – US$ 10 mil***
KASAI Pro 6 – US$ 2,5 mil***
F2W 113 – US$ 4 mil***
Grand Slam LA: US$ 2,5 mil
World Pro: US$ 10 mil
F2W 128 – US$ 4 mil***
2º lugar King of Mats: US$ 3 mil

*** valores aproximados

Total: US$ 162 mil (cerca de R$ 670 mil)

* Por Yago Rédua