Líder de academia com 15 filiais no Chile destaca crescimento do Jiu-Jitsu no país: ‘É uma grande paixão’

Líder de academia com 15 filiais no Chile destaca crescimento do Jiu-Jitsu no país: ‘É uma grande paixão’

Considerado um dos principais países da América do Sul, o Chile apresentou uma boa evolução no futebol nos últimos anos, com a conquista de títulos importantes e resultados expressivos. No entanto, o país também vem investindo em outros esportes e as artes marciais estão diretamente relacionadas neste processo. O Jiu-Jitsu, por exemplo, vem sendo cada vez mais praticado e já conta com alguns faixas-pretas, que ajudam na divulgação e propagação da modalidade no país.

Um dos responsáveis pelo crescimento da arte suave no país é Andrés Perez, de 34 anos e praticante da modalidade há 15 anos. Com a realização do Prime Esportes Jiu-Jitsu Experience, em maio, a TATAME foi até o Chile para acompanhar de perto a evolução do Jiu-Jitsu no país e, ao entrevistar o faixa-preta, dono de uma academia que possui 15 filiais, fica evidente a paixão dos chilenos pelo esporte.

“Tenho mais de 15 filiais aqui no Chile, com mais de 400 alunos, crescendo cada vez mais. Todo mês, eu tenho um faixa-preta brasileiro que me liga perguntando se eu quero que ele dê aula no Chile. Isso é muito legal, porque isso mostra o quanto as pessoas estão observando cada vez mais o esporte por aqui, então a tendência é que evolua cada vez mais. Vamos trabalhar firme para tornar o esporte tradicional e profissional, levando o Jiu-Jitsu para todos os cantos. Eu devo tudo ao Jiu-Jitsu… Minha família faz Jiu-Jitsu, meus amigos fazem. É uma grande paixão”, disse o líder da Equipe Cohab BJJ.

Confira a entrevista completa com Andrés Perez:

– Como surgiu o interesse de começar a praticar o Jiu-Jitsu?

Antes de fazer Jiu-Jitsu, eu jogava muito Rugby, e eu estava jogando uma partida contra a Argentina, e em uma discussão, um cara argentino me imobilizou muito fácil e eu perguntei como ele tinha feito aquilo, e ele me disse que fazia Jiu-Jitsu… Eu me impressionei, mesmo sem nunca ter visto, sem entender. Eu voltei ao Chile, comecei a procurar academias de Jiu-Jitsu como um louco, mas não encontrei. Nas férias, conheci um faixa-marrom do Carlson Gracie e ele estava aqui há dois meses. Comecei a treinar com ele, e quando ele foi embora, eu continuei querendo seguir no Jiu-Jitsu. Conheci um mestre, fui ao Brasil, fiquei lá por três meses treinando com ele, isso por volta de 2003. Treinei no Brasil, voltava para o Chile e ia para o Brasil duas a três vezes ao ano, e meu mestre fazia a mesma coisa. Quando eu estava em São Paulo, eu ficava na academia, na casa do meu mestre, de alguns amigos. Eu só queria fazer Jiu-Jitsu e estava feliz com isso.

– Dificuldades quando começou a praticar Jiu-Jitsu

Era tudo muito difícil nessa época que eu comecei a fazer Jiu-Jitsu (início dos anos 2000). Não tinha nada e para viajar (do Chile para o Brasil) era muito mais caro, eu tinha que ir de ônibus, o que levava de três a cinco dias para chegar… Para ligar para o meu mestre, também era bem complicado. Eu dizia ‘oi’ e a resposta só vinha depois de um minuto (risos). Eu perguntava como se chamava tal guarda, tirava dúvidas. Não tinha internet, não tinha nada. Aos poucos, começamos a colher os frutos e, em 2008, eu disputei um campeonato importante no Brasil e fui campeão na faixa-branca derrotando um faixa-azul. Com o passar dos anos, fomos evoluindo.

– ‘Era Royce’ no UFC e faixa-marrom despertaram a atenção

Na primeira aula que eu tive com esse brasileiro faixa-marrom, eu me achava muito forte, até porque fazia musculação todos os dias, e esse cara, com dois movimentos, conseguiu me neutralizar, eu não conseguia me mexer e me perguntava: ‘O que é isso? (risos)’. Também via vídeos do UFC, na época do Royce Gracie, e naquela época todo mundo queria ser igual a ele por ver um cara magrinho vencer caras gigantes, e tudo isso através do Jiu-Jitsu. Isso era incrível para mim na época.

– Como surgiu o interesse dos chilenos quando você criou sua academia?

Eu dava aula de graça em alguns momentos, fazia convênios, mas o Jiu-Jitsu ainda não era muito conhecido. Eu comecei a lutar todo tipo de campeonato, de Judô, Luta Livre, na Argentina, no Peru… E comecei a ver que você não precisava ganhar para que as pessoas lembrem de você, as pessoas tinham que olhar você, tinha que ser visto para ser recordado. Comecei a entender isso e passei a ir em todos os campeonatos, para lutar, para participar de alguma forma, e as pessoas começaram a perceber que eu queria crescer, que eu tinha vontade. Às vezes ganhava, perdia, mas o importante é que eu queria melhorar como artista marcial. Isso foi graças ao Jiu-Jitsu.

– História do Jiu-Jitsu no Chile e crescimento do esporte no país

Tenho a minha academia desde 2008. Na verdade, o Jiu-Jitsu começou a ser praticado no Chile nos anos 90, e quando eu era faixa-azul, já tinham alguns faixas-pretas aqui, que davam prestígio ao Jiu-Jitsu no país. O Victor Vásquez, entre outros professores, que são pessoas que estão há muito tempo no esporte, muito mais tempo que eu. O Jiu-Jitsu estava crescendo, mas começou a crescer mais quando um grupo passou a lutar mais fora do país, as pessoas começaram a observar isso e ver o Jiu-Jitsu de uma forma melhor. Também acho que cresceu por conta do MMA, que está muito na moda aqui no Chile.

– Filiais no Chile e projeção para os próximos anos

Eu conto com uma equipe muito legal e só tenho a agradecer. Tenho mais de 15 filiais aqui no Chile, com mais de 400 alunos, crescendo cada vez mais. Todo mês, eu tenho um faixa-preta brasileiro que me liga perguntando se eu quero que ele dê aula no Chile. Isso é muito legal, porque isso mostra o quanto as pessoas estão observando cada vez mais o esporte por aqui, então a tendência é que evolua cada vez mais. Vamos trabalhar firme para tornar o esporte tradicional e profissional, levando o Jiu-Jitsu para todos os cantos. Eu devo tudo ao Jiu-Jitsu… Minha família faz Jiu-Jitsu, meus amigos fazem. É uma grande paixão.

– Jiu-Jitsu feminino no Chile

O Jiu-Jitsu feminino também está crescendo muito aqui no Chile. Já temos atletas nas faixas azul, roxa, marrom e uma na preta. É um esporte muito importante para elas, até como forma de defesa pessoal. A tendência é que a prática do Jiu-Jitsu entre as mulheres também tenha um bom crescimento nos próximos anos.