Mário Reis fala sobre atual rotina como treinador: ‘Quero uma equipe exemplo para todos os atletas’
Multicampeão como atleta de Jiu-Jitsu e, atualmente, considerado um dos principais treinadores no mundo da arte suave, Mário Reis dedicou sua vida ao esporte e hoje colhe os frutos de uma trajetória vencedora. Líder da filial da Alliance em Porto Alegre, o gaúcho relembra com satisfação sua carreira como lutador. Em entrevista à TATAME durante o Brasileiro de Jiu-Jitsu da CBJJ, realizado em Barueri (SP), no início de maio, Mário reforçou a importância de dar o máximo em sua época de competidor e manter o mesmo foco nos dias atuais, onde reserva seu tempo na preparação de novos campeões para a modalidade.
“Eu fui muito bem resolvido como atleta. Deixei tudo o que eu podia ali, e na verdade, eu fiz as duas coisas durante toda a minha vida, então nesse processo eu me doei 100% para essas duas coisas (competidor e treinador), mas eu sentia que o lado profissional sugava um pouco a minha energia vital para que eu pudesse me doar 110% aos meus alunos, então eu passei 20 anos vivendo Mundiais, Pan-Americanos, Brasileiros, Europeus e, quando eu parei, já parei decidido de que fiz o meu melhor. Eu me mantive no pódio de todos os Mundiais que competi, desde o ano de 2000 até o último Mundial de 2015, sem falhar em nenhum. Ganhei três títulos mundiais, algumas pratas e alguns bronzes, mas sempre entre os tops da minha categoria, e quando eu parei, estava 100% decidido que o amor que eu queria sentir era para os outros, porque quando a gente é atleta, é um amor próprio, tem muito ego, então quando você migra (para a vida de treinador), o mais importante são os outros. Claro que temos que cuidar da gente, para estarmos bem, mas eu estava totalmente decidido a me doar aos meus alunos”, detalhou Mário Reis.
Tido como um dos treinadores mais respeitados e vencedores do Jiu-Jitsu, Mário se torna um “espelho”, não só para os seus atletas, mas também para lutadores que estão iniciando na arte suave e, consequentemente, para treinadores que ainda começam sua trajetória. Ao ser questionado se o fato de ser considerado um exemplo, de certa forma, o pressiona, o treinador citou a naturalidade de ter um estilo de vida relacionado a bons hábitos.
“Não tem pressão nenhuma quanto a isso. Eu sei que isso é uma responsabilidade, mas eu acho que quando a gente tem um estilo de vida já regrado naturalmente, quando a gente molda o lado pessoal, o atleta é um fruto disso, o lado profissional. Eu acredito que, através desse exemplo que a gente dá, sabemos que somos uma referência, então essa responsabilidade é totalmente natural quando o estilo de vida é exatamente esse. Eu sei que, se um aluno me vir ou vir um aluno nosso bebendo na noite, muitos vão se espelhar nesse lado. Se vir os nossos campeões fazendo coisas que não condizem com o estilo de vida de campeão que a nossa equipe preza, a gente sabe que é uma responsabilidade que a gente está usando de uma forma que inspira outros a fazerem isso, e na minha opinião é muito prejudicial. Eu acho que isso é uma responsabilidade de bons hábitos através do estilo de vida. É o exemplo que eu quero dar e que eu procuro mostrar aos meus alunos, porque quero que eles inspirem as pessoas a ser um modelo de campeão que não comemora bebendo álcool, entre outras coisas”, analisou Mário, que ainda falou de seus planos como treinador para os próximos anos e o trabalho na Alliance em Porto Alegre.
“Meu plano é formar uma equipe exemplo para todos os atletas e praticantes de Jiu-Jitsu como modelo de equipe que trabalha com muito amor e positividade, e que isso se perpetue nessa comunidade, porque o Jiu-Jitsu precisa disso, de mais pessoas que tenham um exemplo de vida legal e que inspire muitas outras pessoas”, encerrou o faixa-preta.