Medalhistas no Pan de Lima, judocas destacam auxílio do coaching em preparação para a Olimpíada
No último sábado (27), o Brasil foi campeão geral na disputa do Pan-Americano de Judô, realizado na cidade de Lima, no Peru. Ao todo, a Seleção conquistou 15 medalhas, sendo três delas de prata para o trio feminino Rafaela Silva (-57kg), Maria Portela (-70kg) e Nathalia Brigida (-48kg).
Em momentos diferentes em suas carreiras, as judocas têm algo em comum: o trabalho de coaching – metodologia que visa a conquista de grandes e efetivos resultados em qualquer contexto, seja pessoal ou profissional, através de técnicas específicas. E uma das responsáveis pelos resultados é a coach Nell Salgado.
“O trabalho é personalizado para cada uma delas dentro dos gaps de necessidade. Em cada momento específico, a gente trabalha alguma coisa. Os detalhes servem para entender o que que está faltando: se é uma questão técnica, tática, física ou mental “, explicou Nell.
Rafaela Silva, campeã mundial e olímpica, trabalha ao lado da coach sua consistência e performance há sete anos. Já Portela optou pela orientação há pouco mais de um ano, enquanto Nathalia Brigida, que ficou afastada dois anos dos tatames por lesão no ombro direito, procurou a profissional no final de dezembro de 2018.
“A evolução da Nathalia foi muito rápida, até porque ela é muito inteligente. A dor de estar parada era muito grande, assim como a vontade dela de voltar a atuar em alto nível. Ela tinha muitas dúvidas e passou por um momento de ‘tudo ou nada’. Hoje é a principal no peso dela. É excepcional”, afirmou a coach, com pensamento semelhante ao de sua atleta:
“Trabalhei muito para voltar a disputar competições em alto nível. Eu precisava desses resultados para recuperar a confiança para a sequência da temporada. Hoje, com a Nell, estou me conhecendo melhor. Sabendo disso, ganho confiança e mais tranquilidade para lidar com os meus desafios nos treinos e torneios”, concluiu Brigida, que desde seu retorno já conquistou quatro medalhas (bronze no Grand Prix de Tel-Aviv e Tbilisi, e no Grand Slam de Dusseldorf, e prata no Pan).
Com Rafaela, o trabalho da coach foi ainda mais marcante. Na Olimpíada de Londres 2012, a judoca foi vítima de racismo após desclassificação diante da húngara Hedvig Karakas e quase abandonou os tatames quando conheceu Nell. Desde então, foi campeã mundial (em 2013) e olímpica (em 2016).
“Tenho certeza que 90% da minha medalha eu devo à Nell. Quando eu pensei em parar de competir, foi ela quem me trouxe de volta e me recuperou para o esporte. Tudo que conquistei desde 2012, depois dos Jogos de Londres, teve o dedo dela. Me orgulho por trabalhar com ela”, afirmou Rafaela em entrevistas anteriores.
Com Maria Portela, os últimos 12 meses de coaching ensinaram muito, tanto nas vitórias, quanto nas derrotas. Um exemplo disso, segundo a própria atleta, pode ser visto no último fim de semana, quando a gaúcha chegou perto da conquista da medalha de ouro no Pan de Lima, mas viu a vitória escapar nos últimos três segundos de luta.
Segundo Nell, a administração de uma derrota fortalece ainda mais os atletas, que se veem motivados a buscar um resultado melhor na competição seguinte. O período curto entre as disputas faz com que os profissionais tenham de “digerir” os maus resultados ainda mais rápido.
“A Nell, hoje, é fundamental na minha preparação para os Jogos Olímpicos. Desde o início, ela me proporciona ferramentas para superar barreiras, vencer limites e confiar em meu potencial. Estamos alcançando metas e apostando em vôos mais altos”, finalizou Portela.
O próximo desafio das judocas será a disputa do Grand Slam de Baku, no Azerbaijão, entre os dias 10 e 12 de maio. Na sequência, a atenção das atletas se volta aos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, que será realizado entre 26 de julho e 11 de agosto.