Médico e praticante de Jiu-Jitsu, Rafael Fonseca cita diferencial: ‘Sei exatamente o que o atleta sente’

Médico e praticante de Jiu-Jitsu, Rafael Fonseca cita diferencial: ‘Sei exatamente o que o atleta sente’

Por Mateus Machado

Com uma longa experiência na Medicina, Rafael Fonseca, de 36 anos, atualmente atua como médico ortopedista, médico do esporte e cirurgião de joelho. Também um amante das artes marciais, ele tem a seu favor o fato de ser praticante de Jiu-Jitsu, o que torna sua relação com os atletas da arte suave e de outras modalidades de luta ainda melhor.

Sua vivência com a arte suave rendeu frutos dentro e fora dos tatames. Além da prática do esporte, Rafael pôde, através do seu trabalho, ajudar diversos atletas ao longo dos anos. O começo de sua paixão pelo Jiu-Jitsu, porém, aconteceu bem antes, como contou a seguir.

“Comecei no Jiu-Jitsu em 1993, não era nada que estava no auge, era uma coisa bem no primórdio, principalmente em SP. Nessa época, eu fazia natação na academia e aí eu conheci o pessoal da luta, o meu mestre, que é o Maurício e o pai dele que era meu professor, meu mestre e hoje já falecido, Adilson, os dois responsáveis pela equipe Bonsai de Jiu-Jitsu, a equipe que me acompanha até hoje. Nessa época, mal se ouvia falar no Jiu-Jitsu e o que se ouvia não era nada legal, era o pessoal que era chamado de truculento, de ‘pitbull’ na época, pessoas que não tinham muito caráter, então foi nessa época que comecei a entender um pouquinho mais sobre o esporte. Com eles eu sigo até hoje, já faz muito tempo e eu aprendi muita coisa com eles, desde os ensinamentos do tatame, o que você pensa da vida, como conduzir a dignidade, comprometimento, honra, respeito, a hierarquia, então são coisas básicas para qualquer pessoa que é praticamente de Jiu-Jisu e não só um lutador”, disse o ortopedista, citando os desafios de conciliar sua rotina.

“Eu entendo que o principal desafio, como qualquer profissional, é o tempo. Para conciliar o tempo com a atividade profissional é o mais complicado. Então, hoje, uma das clinicas que eu trabalho fica bem próxima da academia Bonsai, e eu consigo conciliar meu horário do almoço com o horário de treino, então é a única forma que eu consigo baixar uma certa regra para ter uma medida certa de treinos e a parte médica. Hoje eu faço uma suplementação pré e pós treino e consigo levar bem esse horário de atividades”, disse.

Com uma lista extensa de lutadores que já estiveram sob seus cuidados, Rafael citou, além de sua experiência na medicina, o fato de praticar o Jiu-Jitsu há muitos anos como um dos fatores essenciais para ter um conhecimento melhor da causa envolvendo as lesões.

“O que me ajuda muito é eu já ter sentido o que ele (atleta) sentiu, já ter sentido dor no movimento, já ter tido dor no golpe, já ter tido restrição de peso, já ter tido uma infinidade de intercorrências que um atleta sofre. É claro que eu não tenho essa pretensão de viver da luta, no sentido esportista, mas claro que eu vivo da luta no sentido médico, mas eu já sofri bastante coisa que o atleta sofre, e isso me ajuda muito bem a atender o lado dele. O atleta é uma pessoa que não desiste e isso é uma coisa que é importante demais, e muitas vezes eu vejo que os médicos ‘convencionais’ acham que uma lesão pode parar um atleta, e não é bem por aí. O que eu vejo é o seguinte, a lesão pode impulsionar um atleta muitas vezes, é a hora que você mostra quem é o homem e quem é o menino, quem tá disposto a ser alguma coisa e quem não está disposto a se dedicar tanto assim. A luta me mostra isso até hoje, que muitas coisas podem ser superadas, até limitações cirúrgicas e isso fará com que o atleta ganhe mais energia, força, dedicação e saiba trabalhar com mais efetividade”.